segunda-feira, março 31, 2014

Reflexões para o dia: Amizade é vida!



Jó 1:12 “Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR.”

De vez em quando Curitiba amanhece com cara de chuva e aí venho trabalhar de carro; quando isso ocorre, aproveito o percurso e venho escutando shiurim (palestras) de um rabino conhecido. Hoje foi um desses dias.

Durante a palestra ele falava sobre as individualidades, das diferenças entre liturgias das mais diversas sinagogas e linhas do judaísmo e da necessidade de respeitar essas diferenças. E isso faz bem para nós.
Em certo ponto, ele passa a falar sobre a vida. Em hebraico, vida é CHAIM, uma palavra no plural. Isso porque não é bom, não é saudável a pessoa viver de forma isolada.

O Eterno permite que Seu servo Yov pudesse ser testado. Podia ser tocado em tudo, exceto na vida dele. Mas há uma coisa curiosa nisso. Se o anjo (satanás) podia tirar tudo, porque não tirou os amigos de Yov?
Ele perdeu seus bens, seus rebanhos, filhos, enfim, praticamente tudo, exceto os amigos, porque? Porque quando tiram nossos amigos, tiram também nossa vida.

Jó 2:11-13 diz: “Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo. Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a voz e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande.”

Elifaz, Bildade e Zofar, os amigos de Jó, ao ficarem sabendo de todo o sofrimento pelo qual o companheiro passava, foram visitá-lo, porque se condoíam, isto é, sentiam dor juntos, a mesma dor de Jó, tinham compaixão por ele. Quando somos amigos de verdade, precisamos sentir a dor de nosso companheiro, estar ao lado dele.
Ao perceberem, ainda que de longe, a situação de Jó, os amigos choraram, rasgavam suas vestes, se lançavam ao pó. Isso mostra que imediatamente eles sentiram suas dores, e ao se aproximarem de Jó, ele pôde perceber que eles estavam “na mesma situação dele.”

Mas o que dizer numa hora dessas? Você já esteve diante de uma pessoa que seu parente acabara de morrer, e está para ser sepultado? Difícil achar palavras não é? Mas quem disse que elas são necessárias? Basta seguirmos o exemplo dos amigos de Jó.
“Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande.” Amigos precisam apenas sentir que o seu companheiro está ali, bem do seu lado, para compartilhar de seu momento de dor e tristeza.

E quando foi que o Eterno fez sair de sobre Jó todo o mal que sobreviera a ele? Simples! Quando ele deixou de olhar pra si mesmo e suas próprias misérias e voltou seus olhos para os amigos.
Jó 42:10  Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.

Mas por quê isso? Porque precisamos todos entender que não somos os únicos a ter problemas, não somos os únicos a sofrer; e embora desejemos e necessitemos muito, muito, muito mesmo de uma mão amiga estendida em nossa direção, talvez outras pessoas também necessitem que sejamos esse amigo de mãos estendida a elas.
Enquanto Jó chorava, os amigos o consolaram, ficaram ao lado dele por uma semana, mas sim, eles tinham que voltar a viver, tinham que seguir sua vida. Isso não significa que eles abandonaram Jó, mas que ficaram com ele, o suportando, durante o tempo que lhes foi possível. Quando Jó percebeu que  eles também tinham seus problemas e ele tirou os olhos de seu próprio umbigo e rezou por eles, tudo mudou.

É dito: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.”(Rm 12:15) porque quando somos amigos, entendemos quando é tempo de chorar junto, e quando é tempo de se alegrar junto.
Talvez enquanto choramos, desejemos que outros chorem conosco; mas por outro lado, talvez seja hora de nos alegrarmos com os que estão alegres também. Afinal, amigos são para todos os momentos, quer sejam ruins, quer sejam bons.

Que nos nossos maus momentos encontremos sempre aqueles que estão dispostos a nos abraçar e ficar em silêncio, compartilhando a dor; por outro lado, que HaShem permita que venham bons momentos para compartilharmos juntos. Porque amizade é vida!

*** Ps.: O rabino que costumo ouvir suas palestras em mp3 chama-se Karaguilla, a quem apesar de não conhecer pessoalmente, agradeço imensamente por suas palestras com palavras que me encorajam a cada dia. 

domingo, março 30, 2014

Reflexão para o dia: HITBODEDUT



Salmos 88:13  Eu, porém, SENHOR, clamo a ti, e de madrugada te envio a minha oração.

Nem sempre a vida segue como a gente planeja né? Por exemplo, um dia você acorda e pensa: “hoje vou fazer isso, aquilo, de noite farei tal coisa e vou me deitar a tal hora.” Aí na hora em que se deita, lembra-se do dia e vê que nada foi como planejado. Isso pode ser frustrante, mas nem sempre é assim. Podemos extrair lições boas a cada coisa; a primeira é que nem tudo está no nosso controle; mas que aquilo que está ao nosso controle, devemos fazer o que é certo.
Essa noite eu planejava assistir à corrida de “Formula 1”. Quem fica acordado a madrugada pra ver um monte de carros dando voltas num circuito? Me programei, e a corrida começaria as 5 da manhã, então dormi no sofá, já velho e bem desconfortável, e acordei no começo da corrida, e ainda sonolento vi o brasileiro chegar em sétimo; já amanhecia o domingo. Aí pensei: “pra quê fiquei acordado?“ Enquanto me revirava no sofá, tentando voltar a dormir, lembrei-me de outras madrugadas que havia passado acordado. E minha memória me levou a algo bem mais produtivo, de mais de dez anos atrás.
Quando a CINA tinha uma chácara aqui na região de Curitiba, eu costumava levar os jovens de minha congregação para, após o fim do shabat, irmos lá e rezarmos de madrugada. Isso aconteceu algumas vezes; e lá orávamos pela madrugada até o nascer do sol, no alto de um dos montes. Eram tempos mais proveitosos.
Alguém poderá dizer: “Mas isso é coisa de crente, ficar orando de madrugada no monte.” Pode ser, mas alguns crentes bíblicos chamados Abraão, Jacó, Davi, Yeshua costumavam sozinhos rezar de madrugada. Mas qual a importância disso? A verdade é que no silêncio das madrugadas ou no silêncio dos montes conseguimos afastar nossa mente de qualquer pensamento e voltamos nossos olhos na direção do Eterno, e podemos nos concentrar única e exclusivamente numa conversa com o Criador. Falamos, somos ouvidos e ouvimos.
Dias atrás vi que esse costume de buscar ao Eterno, no silêncio, no isolamento, é uma prática judaica, que tem até um nome: “Hitbodedut”.

Como toda boa amizade, nosso relacionamento com D-us deve ser cultivado de forma particular, privada. A oração em conjunto, na presença de um minian é de suma importância, nos permite sentirmos parte de um povo que busca ao Eterno, mas a oração que fazemos sozinhos, no isolamento, nos permite sentirmos que somos únicos, especiais, e que temos nossos momentos particulares com o Pai.

As vezes o silêncio pode ser perturbador e ouvimos até o barulho de uma folha que cai ao chão, mas esse mêsmo silêncio pode ser um “aquietador de espírito” quando nos tornamos capazes de livremente, sem a vista de ninguém, nos encontrarmos conosco mesmos e com o Eterno.

Por isso mesmo era especial ir com os jovens rezarmos ao Eterno nas madrugadas na chácara. Ali, esperávamos nos carros até três da manhã e saíamos caminhando na escuridão, iluminados apenas pela lanterna improvisada de uma vela, caminhando no mato, sem medo de cobras ou outros animais, até que chegávamos à montanha da oração, e apesar de estarmos em cerca de dez, doze pessoas, era como se estivéssemos sozinhos com D-us, pois ao apagarmos as velas, a escuridão era total e sequer víamos nosso companheiro do lado. À medida que o tempo passava, cada um fazia sua prece até que começava a clarear o dia, e nossas mentes, no silêncio, também clareavam e ao encerrarmos as preces, todos estávamos mais “leves”.

Deve ser assim que se sentia nosso patriarca Isaque. A bíblia diz: “E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde; e levantou os olhos, e olhou e eis que os camelos vinham.” (Gn 24:63)
Foi nessa hora que Rebeca viu seu futuro marido pela primeira vez. Ele vindo de uma oração no monte, sozinho.

Podemos ter nossas tribulações na vida, nem tudo sai do jeito que queremos, mas como diz uma frase que eventualmente vejo em adesivos nos carros: “ora, que melhora”.
Hitbodedut é a chave para nosso bom relacionamento com o Eterno. Pode ser pela manhã, tarde, noite ou madrugada, o fato é que se conseguirmos aquietar nossa alma, e estarmos sozinhos diante do Eterno, vai ser mais fácil de falarmos e quem sabe, ouvirmos Sua doce voz falar ao nosso coração.

Levantar de madrugada para assistir a “Formula 1” ou a um jogo importante de seu time, ou a um show de um artista famoso, ou a qualquer outra coisa, pode ser interessante, mas não há nada mais revigorante do que dedicarmos tempo a sós com o Criador.


No link abaixo, um video que mostra mais sobre “Hitbodedut”. Porque isso também é judaísmo.


sexta-feira, março 28, 2014

Reflexões para o dia. Amizade!



Pv 17:17 “Em todo o tempo ama o amigo; e na angústia nasce o irmão.”

Existe uma charge que circula pela internet, que retrata a cena de um velório, e lá, diante do caixão, poucas pessoas, e uma delas diz: “Ele tinha mais de 2000 amigos no facebook, pensei que teria mais gente aqui.” e isso retrata a mais pura realidade atual. O mundo de amigos virtuais.

De vez em quando eu tento fazer uma limpeza no meu facebook, procurando manter cerca de mil pessoas no máximo. O limite do facebook é de 5000 amigos, mas quem consegue ter 5000 amigos? Ser amigo é muito mais do que conhecer pessoas, uma vez que pra ser amigo de verdade, a gente precisa cultivar um relacionamento, mostrar preocupação, entender, saber das coisas que a pessoa gosta, o tipo de brincadeira que você nunca pode fazer com ela, lembrar do aniversário e cuidar um do outro, além de muitas outras coisas. Dizem que amigos de verdade podem ficar horas um do lado do outro sem dizer uma palavra e ainda assim se entendem, ou ainda passar meses sem se ver, e quando se reencontram é como se não tivessem ficado distantes nem um dia. 

Podemos escolher pessoas com quem nos relacionarmos, mas amigos de verdade a gente não escolhe, a vida os seleciona. Dias atrás uma pessoa colocou que é minha fã numero um; achei engraçado, mas foi legal, faz bem ao coração quando recebemos gratuitamente expressões de amizade, carinho e admiração. 

Lembro sempre da parábola do filho pródigo. Quando o filho saiu com sua herança, fez muitas “amizades” e quando o dinheiro se esvaiu, as amizades se foram também e ele voltou só para a casa do pai. É triste, mas é a realidade das amizades superficiais, dos relacionamentos “fast food” onde você vai, pega o que precisa e sai fora. 

O texto de provérbios é claro como a luz do dia, ao dizer que  devemos amar o amigo, e nos momentos de angústia é que tais relacionamentos se transformam em “irmãos”. D-us não nos permita passarmos por momentos de angústia, mas são nessas horas que separamos os amigos (irmãos) dos amigos (conhecidos).
Trazendo para o âmbito atual do facebook, de sua enorme lista de amigos, quantos você pode dizer que são de verdade? Quem apenas curte suas fotos? Quem comenta? Quem manda mensagem no “inbox”? Na verdade nenhum. Amigo de verdade é aquele que percebe sua ausência, que é capaz de perceber seu sentimento por trás de meras postagens de fotos. E toma a atitude de te ligar, de falar contigo, e de talvez, se possivel, te buscar pessoalmente. 

Pv 18:24 “O homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um irmão.”
Ao mesmo tempo que aproxima as pessoas, a internet as afasta, tornando os relacionamentos superficiais. Se você quer um conselho, de vez em quando, deixe de lado o facebook, ou as redes sociais em geral, e parta para o lado prático das amizades. Uma “cutucada” pode ser legal, mas nada se compara a um abraço, um aperto de mão sincero. Ou você é capaz de dizer que um kkkkkkkkkkkk vale tanto quanto dar boas risadas juntos?

Experimentamos muitos bons momentos, divertidos, com muita gente, e isso não pode ser ignorado, mas por outro lado, a dor do abandono pode ser diretamente proporcional à quantidade de “amigos” de internet. Como na charge, pode parecer que temos muitos amigos, mas a realidade as vezes pode ser dura, se não cultivarmos amizades sinceras. 

Não fiquemos tristes porque nem todos correspondem aos nossos anseios, é apenas a vida se encarregando de nos mostrar quem são os nossos verdadeiros amigos. É uma seleção natural, mas de nossa escolha também. 
Não se importe se as pessoas “se aproveitam de sua amizade”, apenas seja amigo. Porque quem sabe no dia em que precisarmos, algumas dessas pessoas terão a mão estendida para nós no dia de nossas angústias.
Curta as amizades do face, curta bastante, mas de vez em quando desligue o computador e parta para o mundo real das amizades, o encontro face a face, os abraços e o dizer: “ei, eu te entendo, isso vai passar, conte comigo” Essas palavras possuem muito mais poder ditas com sinceridade e pessoalmente (talvez por telefone, se a distância não permitir o abraço) do que um sinal de :) ou :(.

1 Sm 18:1,3 “E Sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma.”

Sejamos mais amigos. Quem sabe “de alma apegada” como Davi e Jônatas. Por hoje é isso: Keep calm and shabat shalom!

quinta-feira, março 27, 2014

Reflexões para o dia. Jerusalém!



Sl 137: 4-6 “Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha? Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria.”

Nessa vida há tempo e espaço para todas as coisas. Ficamos alegres, tristes, amamos, somos amados, odiamos, somos odiados, viajamos e ficamos presos em algum lugar, enfim, a vida passa diante de nossos olhos e é preciso organizá-la de forma que algum dia possamos olhar para trás e ver que fizemos algo. Já dizia o pregador: “vaidade de vaidades, tudo é vaidade.” Mas uma coisa não é vaidade; JERUSALÉM!

Você pode ficar indiferente, até vale dizer que não gosta de viajar, que não faz diferença conhecer grandes cidades do mundo, São Paulo, Nova York, Londres, Paris, Roma, Curitiba, etc... mas ignorar Jerusalém é impossível.
A bíblia diz que lá o lugar escolhido pelo Eterno para fazer habitar o Seu nome, Sua morada. O salmista diz: “O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente...Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade.” (Sl 84:3,4,10)
De vez em quando, em Jerusalém, no fim da tarde, é só se assentar na área do Kotel, e perceber as andorinhas voando ali, fazendo seu ninho no mais belo dos muros. Que felizes aqueles que podem estar ali todos os dias. A saudade de Jerusalém aperta o peito, e é melhor um dia ali, no lugar sagrado, do que mil em qualquer outro lugar. São sentimentos que só quem se apega a D-us pode ter. Não é de vez em quando que bate a saudade, é constante, mas não dá pra ficar falando disso todo dia, porque senão as pessoas reclamam, acham chato. Só quem um dia pisou naquele lugar sagrado pode sentir, saudades de Jerusalém. 

Não por acaso o salmo 137 é dos mais conhecidos e citado até mesmo nas cerimônias judaicas de casamento, num simbolismo de que nem a alegria dos noivos no casamento se compara com Jerusalém.
“Como entoaremos o canto do Eterno em terra estranha?” Já vi muita gente ir a Jerusalém. Algumas choram como crianças em lugares que só viam em seus sonhos, outros, deslumbrados, só riem, uns ficam silenciosos, outros agradecem, mas o fato é que não vi ninguém ficar indiferente.
Embora as reações sejam diferentes, são poucas as pessoas que colocam Jerusalém acima de qualquer alegria. Não consigo entender que alguém possa acreditar que um carro novo vale mais do que uma viagem a Israel. Todos devemos pensar em dinheiro, afinal, é com ele, fruto de nosso trabalho, que podemos nos manter. Também por isso, é do nosso trabalho que devemos tirar uma parte para conhecermos Israel.

Lembro-me como se fora hoje a primeira vez que estive em Jerusalém; Tudo começou com uma vontade, planejamos uma caravana, não dava certo e até que um dia, indo para Ponta Grossa com o Rosh Ezrah no carro, conversamos sobre essa necessidade e ali decidi que, se fosse necessário, venderia minha pequena moto pra pagar a viagem e iria, nem que fosse sozinho. Depois daquilo, em poucos dias estávamos juntos, caminhando na direção do Kotel, ainda que não soubéssemos a direção, nosso coração nos guiava até lá.

Nosso coração deve estar nas coisas do Eterno, nossa mente e nossos olhos devem estar voltados na direção de Jerusalém. A bíblia traz uma enormidade de versículos que falam dessa Terra Sagrada, e é de lá que sairá a lei, a palavra do Eterno, como disse o profeta Isaías. É lá o centro do mundo e deve ser também o centro de nosso pensamento.

Sl 116:17,18 Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo, nos átrios da Casa do SENHOR, no meio de ti, ó Jerusalém. Aleluia!

Nessa vida, tudo é vaidade, então, não pensemos tanto nos bens, em dinheiro, mas trabalhemos com os olhos voltados na direção certa e que os planos de um dia estar em Israel possam ser realidade na vida de quem ainda não foi, mas ama essa Terra. Mas tenho por mim que isso só vá se cumprir na vida daqueles que preferem Jerusalém à sua maior alegria. Porque é em Jerusalém onde estamos mais próximos do Eterno e podemos sentir Sua presença a cada passo. 

quarta-feira, março 26, 2014

Reflexões para o dia. Generosidade, gratidão ou justiça?



2 Sm 9:1 “Disse Davi: Resta ainda, porventura, alguém da casa de Saul, para que use eu de bondade para com ele, por amor de Jônatas?”

Hoje eu quero te convidar a buscar na memória alguma pregação que tenha lhe marcado, e que apesar do tempo passar, você nunca a esquece. Pode compartilhar comigo?
Há pregações que nos marcam, por muitas razões, e de vez em quando encontro pessoas que falam de algo que eu falei ou escrevi anos atrás (e claro, eu me esqueci, mas aquilo marcou a pessoa). Eu também lembro-me de algumas, de homens que foram usados pelo Eterno e me ensinaram muitas coisas.

Já se passaram mais de dez, doze anos, mas sempre me lembro de uma prédica de um rapaz americano, chamado Jacob, que falou em nossa congregação do Bela Vista, em Curitiba, sobre uma atitude do Rei David. Aquilo, de certa forma, foi marcante para mim.
Depois de ter se tornado rei de Israel, de algumas batalhas, o rei se lembra do seu antecessor Saul, e pergunta: “Ainda tem alguém da família de Saul, para que eu possa fazer-lhe o bem, por amor de Jônatas?”
Jônatas, filho de Saul, tinha sido o grande amigo de Davi, e infelizmente havia sido morto pelos filisteus. Jônatas tinha um filho chamado Mefibosete que ainda criança sofrera um acidente que o deixara aleijado. (2 Sm 4:4)
Anos se passaram e o crescido Mefibosete talvez até se esquecera que seu pai, um dia havia sido amigo de Davi. Mas o rei não se esquece. E Davi manda buscar a Mefibosete, e que bonita atitude de ambos... a humildade de Mefibosete e a generosidade do rei. A bíblia diz:

“E, vindo Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, a Davi, se prostrou com o rosto por terra e se inclinou; e disse Davi: Mefibosete! E ele disse: Eis aqui teu servo. E disse-lhe Davi: Não temas, porque decerto usarei contigo de beneficência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu de contínuo comerás pão à minha mesa. Então, se inclinou e disse: Quem é teu servo, para tu teres olhado para um cão morto tal como eu?” (2 Sm 9:6-8)

E como Mefibosete era aleijado de ambas as pernas, o rei restituiu-lhe as terras e ordenou a Ziba, que junto com sua família, servissem a Mefibosete, cuidando de tudo para ele. E o  capítulo se encerra com: “Mefibosete morava em Jerusalém e continuamente comia à mesa do rei.”

Podemos refletir por muito tempo sobre a atitude do rei Davi, e quais os motivos que o levaram a fazer tal beneficência, mas tenho pra mim que, mais cedo ou mais tarde, pessoas boas se lembram de todo o bem que alguém lhe fizera no passado e procurarão retribuir com atos de generosidade, ainda que seja aos descendentes dessa pessoa.
A bíblia diz que Jônatas e Davi eram muito amigos e Jônatas até mesmo protegera Davi ante o rei Saul. Mas Davi pediu alguém da descendência de Saul para demonstrar generosidade, reconhecendo que Saul também lhe fora generoso antes.

Por outro lado, Mefibosete se colocou humildemente diante do rei, não pleiteando nada, não dizendo coisas como: “finalmente o rei reconhece meu direito.”

Yeshua, ao falar com certa mulher dizia: “Não é licito tirar da boca dos filhos e deitar aos cachorrinhos.” E a mulher responde, humildemente: “Sim Senhor, mas os cachorrinhos comem das migalhas.” E Mefibosete se colocou ainda mais humilde, ao dizer: “Quem é teu servo, para tu teres olhado para um cão morto tal como eu?”

A generosidade do rei encontra a humildade de Mefibosete, que foi achado merecedor de comer à mesa do rei.

Que tenhamos sempre em nós atitudes como a generosidade e a humildade, e quem sabe o verdadeiro Rei dos Reis nos convide a sentar à Sua mesa!

Humildemente hoje quero dizer: Obrigado Jacob Flores, mensagem muito antiga, mas que até hoje toca meu coração. Mesmo quem é um pregador, as vezes, precisa de inspiração em outros homens que falem de Deus. 

terça-feira, março 25, 2014

Reflexões para o dia. Perdão é bom pra quem?



Pv  19:11 “A discrição do homem o torna longânimo, e sua glória é perdoar as injúrias.”

A vida pode nos ensinar a cada momento, bastando apenas que estejamos abertos para aprender. O tempo passa rápido e vai sedimentando sentimentos e atitudes que podem nos “congelar” diante de determinadas situações. Veja por exemplo um médico que faz plantão em pronto socorro; o cidadão lida diariamente com a morte, vê todo tipo de situação, sangue e no fim, volta pra casa relativamente tranquilo; para a maioria de nós, ver um acidente de trânsito com vítima já causaria um grande trauma.

Ontem de noite, zapeando entre os canais, parei pra ver um instante a novela da globo. E a mulher brigava com seu marido por ele haver perdoado a alguém. Ela estava nervosa e marido apenas  respondia que precisava resolver tal situação e perdoou. Então a mulher colocava diante do marido tudo aquilo que o tal (primo dela) já havia feito. No fim da cena, o casal se abraçou e ele se comprometeu a não mais ter amizade com o outro. (Desculpa, não sei o nome de nenhum personagem, nem a estória toda)
Aí me lembrei da novela anterior, “Viver a Vida” dominada pelo personagem chamado Félix. Aliás, no domingo ele (Mateus Solano, ator) dera uma entrevista para a Marilia Gabriela, e falava de muitas coisas e do sucesso, etc... até que lembrou a relação entre Félix e Cesar, seu pai.
Passaram a novela inteira se pegando, o pai odiando o filho, que se sentia rejeitado e fazia mais maldades (coisas horríveis, bem coisa de novela) e no último capítulo, na última cena, belíssima por sinal, ambos se perdoam e a novela acaba com pai e filho de mãos dadas.
Acredito que em parte novelas retratam a realidade da nossa vida, da sociedade em geral. Aquela atriz que ontem brigava com o marido porque ele perdoara alguém, nos últimos capítulos irá perdoar também. Na nossa vida quase sempre é assim; já vi muitas pessoas brigarem e quando acontece algo ruim, um acidente, a morte de parentes, os leva a refletir sobre a vida e no final, buscam o perdão ou perdoam, porque não vale a pena morrer com rancor.

Daí, claro, fui buscar um exemplo bíblico para comparar; e encontrei José, o grande governador do Egito. Vejamos, José, o caçula de Jacó, sempre foi discriminado pelos irmãos, seja por causa de seus sonhos, seja por sua capa colorida, seja porque ele dedurava os irmãos para o pai, enfim, a Torah diz que eles “o odiaram a ponto de nem poder falar com ele pacificamente”(Gn 37:4)
José era motivo de piada entre os irmãos, acabou sendo jogado num poço, ficou sem sua capa colorida, sem seus pais, foi vendido, se tornou escravo, foi preso, até que a sorte mudou e ele se tornou governador do Egito, após interpretar o sonho do faraó. Depois de sete anos de fartura e mais um ano de fome, no segundo ano, veio o reencontro com seus irmãos. Foram mais de 20 anos de separação. Que tipos de sentimentos José cultivou dentro de si? Ficava ele pensando em se vingar dos irmãos por todo o mal? A bíblia não deixa claro, mas o fato é que, quando Judá se dispôs a ficar preso no lugar de Benjamim, José viu que era chegado o momento de se revelar aos irmãos e diz: “não foi vocês que me enviaram para cá, mas Deus... e eu sustentarei a vocês, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não pereças na pobreza...” (Gn 45:7,8,11)

Jacó viveu ainda mais dezessete anos com seu filho José. Depois da morte do pai, os irmãos de José ficaram com medo dele se vingar e José novamente os reafirma: “Não temais, bem intentastes o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande. Agora pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e vossos meninos. Assim, os consolou e falou segundo o coração deles.”(Gn 50:19-21)

Essa foi a glória de José. Perdoar as ofensas! Melhor que isso, não esperar o último capítulo de suas vidas para perdoar.  Dezessete anos depois de se reencontrarem, e após a morte de Jaco, os irmãos ainda tinham medo de uma provável vingança de José. Mas ele, perdoador, já havia se limpado e devolvido todo o mal com o bem havia muito tempo.

Poderiamos cair no lugar comum (mas verdadeiro) das palavras de Yeshua, de que devemos perdoar setenta vezes sete, mas na verdade o melhor é ter a mente livre e tranquila, como José, afinal, toda noite, antes de nos deitarmos, rezamos: “Eu perdôo a doto aquele que me magoou e me zangou, ou que me fez mal, tanto ao meu corpo como à minha propriedade, à minha honra e a tudo que eu possuo; tanto contra a sua vontade ou com a sua vontade, tanto sem querer como premeditadamente, tanto com palavras como com ações; enfim, peço que nenhum ser humano seja castigado por minha causa.” (Sidur, 224)

Não importa o mal que nos façam; seja sem querer ou de propósito; devemos acreditar que o melhor caminho é o perdão; porque isso? porque isso é o que é a nossa glória.


Não espere o último capítulo para perdoar. Não sejamos Mané; Sejamos José.

segunda-feira, março 24, 2014

Reflexões para o dia. Tikkun Olam



Is 58:12 “...levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável.”

De vez em quando a gente se questiona: “Qual é nossa missão nesse mundo? O que justifica a nossa existência?” Para o povo judeu, a resposta deve residir, em algum momento, nas palavras TIKKUN OLAM.

Nos últimos dias estava assistindo documentários judaicos até que me deparei com um vídeo fantástico do professor, formado em Harvard, Tal ben Shahar, chamado “Israel Inside - Como uma pequena nação faz uma grande diferença” em que ele apresenta seis aspectos que fazem de Israel uma luz para as nações.
- Família
- Usar as adversidades para o crescimento
- Chutzpah (a forma judaica de “bater-boca” pelos objetivos)
- Educação (aprendizado para evoluir)
- Atitude (Não basta aprender, é preciso agir)
- Tikkun Olam (reparar o mundo)
Isso me despertou ainda mais para uma necessidade de agirmos para “reparar o mundo”.
Tikkun Olam não significa apenas trabalhar em prol da sua própria comunidade, mas ajudar a transformar o mundo através de exemplos de bondade e generosidade a quem for possivel.
Há um série de organizações em Israel dedicadas a promover o bem; uma delas é chamada: “Save a Child's Heart”  que se empenha em realizar cirurgias cardíacas em crianças do mundo todo, que necessitam de ajuda. São médicos, enfermeiros, hospitais em Israel e uma base de colaboradores que oferecem desde a passagem para Israel da família (de qualquer lugar do mundo) seja ela judia ou não, até hospedagem e claro, a cirurgia altamente complexa no coração das crianças. 
Outras organizações trabalham desenvolvendo equipamentos para deficientes físicos, outras para criar métodos de aumentar a produção de alimentos saudáveis no mundo, outras para oferecer estudo a pessoas carentes, etc... no único objetivo de cumprir com o propósito de Israel: “ser a nação que traz luz ao mundo” porque como disse o rabino Jonathan Sacks (grão-rabino da Inglaterra) é sobre isso que fala a Torah.

Se formos capazes de seguir esses passos, de primeiro desenvolvermos o sentimento familiar, dentro de casa, e usarmos as adversidades da vida para o crescimento, sermos capazes de discutir, com maturidade, sem usar nosso poder e influência para “derrubar nosso inimigo”, trabalharmos pelo crescer do conhecimento, através da educação, e formos capazes de parar de reclamar e começarmos a agir, quem sabe, o Eterno permita de sermos nós os “reparadores de brecha” citados por Isaías.

É disso que fala o judaismo, é isso que deve mover nossa fé.  Por onde Israel passa, deve ser notória sua existência, ao se observar seu enorme legado de generosidade e atenção com a humanidade. Hoje o mundo é cada vez mais “cada um por si” e isso não pode alcançar nossa comunidade.

No documentário, um dos médicos do “Save a Child's Heart” disse: “Não nos importamos com a cor de sua pele, não nos importamos com sua religião, não nos importamos com sua situação financeira; se você precisa de nossa ajuda, estaremos aqui para te ajudar.”

Israel foi um dos primeiros países a enviar ajuda com médicos que fizeram milhares de cirurgias e salvaram vidas quando houve o terremoto no Haiti, anos atrás; também foi um dos poucos países a enviar equipes de ajuda humanitária após o tsunami no Japão, mesmo após o vazamento radioativo. Mas porquê? Para curar e restaurar o mundo, para reparar brechas, para cumprir o mandamento de amar o próximo, pois é isso que fala a Torah.

O profeta Miquéias disse: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” (Mq 6:8)

Como diz o verso: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros, pois quem ama o proximo tem cumprido a lei." (Rm 13:8)

Mas fazer o bem não é fácil, não é algo intrínseco no ser humano, inerente a nós. Por isso mesmo, o profeta Isaías disse: “Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” (IS 1:17)


Vamos aprender a fazer o bem, porque a profissão de “reparador de brechas e restaurador de veredas” é certamente a mais recompensadora que existe.

sábado, março 22, 2014

Reflexões para o dia: "Sweet Lorraine"



Fp 4:8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.

Shabat é um dia diferente dos demais; quando, muitas vezes atribulados nos nossos afazeres diários, acabamos negligenciando coisas importantes. E de vez em quando é bom darmos uma parada nos nossos afazeres para simplesmente aquietar o espírito e deixar nossa mente divagar sobre pensamentos. Que tipo de pensamentos? Bem, Shaul HaShaliach nos diz: naquilo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e de boa fama. Só isso?

Nessa manhã, eu e minha esposa fomos tocados pelo video que conta a história de um senhor, de nome Fred Stoubaugh, já com seus 96 anos de idade, que escreveu uma canção dedicada à esposa, com quem viveu 75 anos, sendo dois de namoro e incríveis 73 anos de casado. (a bela história pode ser vista no vídeo, muito melhor que minhas palavras).

Depois de ver o vídeo e conversarmos sobre detalhes, nossa pequena Aidel acorda e ficamos rindo e fazendo fotos com ela. Porque no fim das contas, é numa criança que se resume toda a perfeição que devemos refletir; sua pureza e seu pensamento livre de más intenções.
Nossa pequena dava seus primeiros sorrisos, como que entendendo a singeleza do momento; e eu agradeço a HaShem por isso; por ter vivenciado isso nessa manhã.

Vivemos nossos dias dando ênfase nas coisas erradas, pensando nos problemas, quando tudo poderia ser mais simples se ocupássemos nossos pensamentos com coisas boas, de boa fama, puras, amáveis.

No mesmo contexto, alguns versos antes, Shaul HaShaliach diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez vos digo: alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.” (Fp 4:3,4)

Alegria, mas não qualquer alegria, alegrar-se no Senhor é o ponto. Outro verso diz: “A alegria do Senhor é nossa força” E isso é algo cuja recíproca deve ser verdadeira. Nós nos alegramos em D-us e Ele nos fortalece. Quando Ele nos fortalece, ficamos felizes nEle...”
Alegrar-se no Senhor deve der nosso objetivo diário, não apenas no shabat. Ao meditarmos nos salmos, vemos que D-us era a inspiração do Rei Davi, e o salmista dizia coisas como: “Ele é a minha força; minha alegria.” “Como suspira a corça pelas águas, assim suspira por Ti a minha alma” “Um dia nos teus atrios vale mais que mil em qualquer outro lugar.”

Junto com a alegria deve estar a nossa moderação. Em que sentido? Moderação em todos, porque moderação pode ser um tipo de tsiniut também. E a moderação está naquilo que Paulo disse, pois se tivermos cuidado com aquilo que falamos ou fazemos, acabaremos evitando problemas, mas acima disso, está que seremos capazes de desviar nossa atenção para aquilo que realmente importa; estarmos mais pertos de D-us.

Voltando ao vídeo que espero que todos possam assistir, é muito interessante, pois é isso que inconscientemente as pessoas querem. Ouvir coisas boas, palavras bonitas, bons exemplos.
Não sei, esse senhor não deve ser judeu, sua esposa provavelmente também não o era, mas é bonito ver a historia de amor entre eles. Deu origem a uma linda canção; devemos ter mais “Sweet Lorraine” dentro de nós.

Aí minha esposa diz: “Essas homenagens deveriam ser feitas em vida, não só depois que as pessoas morrem.” Respondi que certamente aquele bom velhinho deveria muitas vezes ter homenageado sua rainha ao longo dos ultimos 75 anos, a tal ponto que tão grande amor se transformou numa canção singular.

A história de amor deles inspirou um estudio a gravar a música (que ficou linda) e pode continuar a inspirar muitos casais e familiares e encontrarem a felicidade um no outro. Se isso é bom, verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e de boa fama, então é de coisas assim que precisamos.

E que não deixemos de demonstrar amor para com nossos cônjuges, filhos, familiares e amigos, porque, como diz no fim de um dos videos: “A ausência diminiu as pequenas paixões e exalta as grandes, assim como o vento, que apaga as velas e atiça as fogueiras.”

Não deixemos pra demonstrar amor quando as pessoas se forem, mas que tenhamos mais de “Sweet Lorraine” em nossas vidas.

Shabat Shalom!

sexta-feira, março 21, 2014

Reflexões para o dia. O poder da boa música



1 Samuel 16:23  E sucedia que, quando o espírito maligno, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a dedilhava; então, Saul sentia alívio e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele.

Não importa qual seja nossa situação, em momentos bons ou ruins, existe algo que tem o poder de tocar nossos corações e transformar. A música; a boa música.

Quando o rei Saul teve retirado de si o bom Espírito do Eterno, ele acabou sendo possuído por uma sensação, um espírito ruim (talvez hoje alguém traduzisse o texto como “Saul caiu em depressão”). Rapidamente, os servos do rei sugerem que se buscasse um ótimo músico, que tocasse a harpa.
Chegaram a Davi, e este tinha o poder, através de sua música, de fazer aquietar o coração do rei.

Existe um velho ditado que diz: “Quem canta, seus males espanta” e, quando você se deixa levar pela música, seu coração muda e seu semblante já vai deixando de lado a tristeza e as sensações ruins. E isso não importa se você canta bem ou mal. Agora, se você não gosta de cantar, mas aprecia ouvir música, faça como o rei Saul, escolha BOA música.

Atualmente há músicas para todos os gostos, desde instrumental até hard rock, desde gospel até funk, com suas letras de alto teor erótico. São elas que vão determinar seu estado de espírito. Não quero ser “careta” de dizer que não devemos ouvir músicas “mundanas”, mas que tipo de música ouvimos? Isso me preocupa, pois suas letras possuem o poder subliminar intrínseco dentro de si e influenciam nossos pensamentos e ações.
Por exemplo, uma música instrumental suave, tem o poder de reduzir nosso metabolismo e nos causar sonolência. Já um funk (a julgar pelas danças) carrega sua mente com coisas obscenas. Se é assim, então por quê não ouvirmos canções que nos aproximam de Deus? É de refletir realmente!

Dias atrás teve uma premiação num programa de tv, apresentando “os melhores do ano no Brasil”; e que música ganhou? “Show das poderosas”. Vejamos um pouquinho friamente a letra.
“Prepara, que agora é a hora
Do show das poderosas
Que descem e rebolam
Afrontam as fogosas...”
“...Se não tá mais à vontade, sai por onde entrei
Quando começo a dançar, eu te enlouqueço, eu sei
Meu exército é pesado, e a gente tem poder”

Fico pensando no rei Saul ouvindo essa “boa música”. O espírito mau se apossaria dele de vez. Mas no entanto, o que o aquietava era o bom e velho Davi, o pastorzinho de ovelhas, com sua harpa.

Eu poderia citar aqui centenas de músicas, como por exemplo, um dos grupos mais cantados no meio de nossos jovens, o Legião Urbana, cujo vocalista, homossexual morreu de aids. Vejamos o que diz trecho da “canção Faroeste Caboclo”

“Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido...
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar...
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico, aos doze era professor
Aos quinze, foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror...”

Que inspiração não? Há outras porcarias cantadas, como:
“Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, e eu GOSTO DE MENINOS E MENINAS...”

Olha essa... chamada Ideologia (de Cazuza, outro bom exemplo de herói, poeta homossexual, drogado, morto de AIDS em julho de 1990)
“Meus heróis morreram de overdose...O meu prazer
Agora é risco de vida, Meu sex and drugs
Não tem nenhum rock 'n' roll, Eu vou pagar
A conta do analista, Pra nunca mais
Ter que saber, Quem eu sou...
Ideologia, eu quero uma pra viver.”

Que tipo de ideais colocamos na cabeça com essas músicas? Certamente não era isso que aquietava o espírito maligno que estava sobre o rei Saul.


Cada um ouve o que quiser, só devemos ter consciência de que, parafraseando Cazuza “não precisamos de analistas, pra nunca mais termos que saber quem somos” porque somos bons e fiéis servos do Eterno, desejando paz e tranquilidade a cada dia para podermos ser dignos de desfrutar de um shabat shalom!

quinta-feira, março 20, 2014

Reflexões para o dia. Hashkivênu e a alegre inspiração



Jó 33:4  O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.

Na fé judaica boa parte daquilo que fazemos pode ser precedido por uma brachah, uma bênção, em que quase sempre bendizemos ao Eterno por algo, e é dito: “Baruch atah Adonai,...” e é nosso dever agradecermos a Ele mesmo em dias difíceis, quanto mais nos dias bons!

D-us deve ser a nossa inspiração sempre. E isso nos traz um bem enorme.
Na noite de ontem, eu contava a meu filho a história de Déboa, Sísera e Jael. Aí me lembrei que há três ou quatro anos, num congresso da CINA eu tive a honra de dar uma palestra para a Kol HaNashi e falei exatamente sobre este texto de Juizes, mostrando a força da mulher.
Voltando sobre a história, eu falava ao Ariel que Deus tinha garantido que Israel venceria o exército inimigo, muito embora eles tivessem novecentos carros de guerra.  Só que Baraque, o líder do exército de Israel, ficou com certo receio e não quis ir de encontro ao inimigo, a não ser que Débora, a juiza de Israel, fosse junto.
As vezes acontece isso, Deus nos dá as oportunidade de confiarmos nEle, de lutarmos nossas próprias batalhas e Ele nos garante a vitória e aí o que acontece? Ficamos com medo.
Na história, Israel venceu o inimigo, mas Débora disse a Baraque: “Certamente irei contigo, porém não será tua a honra pelo caminho que levas; pois à mão de uma mulher o Senhor entregará Sísera.” (Jz 4:8)
Israel lutou, derrotou o inimigo, mas o líder Sísera fugiu e caiu justamente na mão de Jael, que o matou com uma estaca bem no meio da testa.

Medo, mesmo sabendo que Deus nos garante a vitória, isso só nos tira a satisfação de termos conseguido alcançar as vitórias. Ah! Se aprendêssemos a confiar mais em Deus; venceriamos mais batalhas, ficaríamos mais fortes e nossa confiança no Eterno tenderia a aumentar mais e mais, estabelecendo e firmando nossa comunhão com Ele.

Na prece antes de dormirmos (quem não conhece ainda está no sidur, pg 224 a 228) proferimos o Hashkivênu... que  diz: “Estende sobre nós a tenda da paz e favorece-nos com as Tuas felizes inspirações...” e ao rezar ontem, tais palavras ficaram na minha mente. Ele é a nossa inspiração, tudo vem de Deus.
E aí minha esposa dizia ao mesmo tempo: “hoje entendi melhor quando é dito: ‘A alegria do Senhor é a nossa força’”. Ambos os textos estão interligados.
Como fazemos com que Ele fique alegre conosco? Quando obedecemos à Sua voz, e essa obediência vem de nossa confiança nEle, e a confiança tende a aumentar a cada vez que vemos que Deus nos responde, nos inspira e nos dá a vitória.
Há muitos circulos viciosos na vida, esse é um, que não tem fim, mas desde que comecemos a estabelecer esse vínculo.

Jó tinha poucos amigos, e entre eles estava um (mais jovem) chamado Eliú, que ficava calado diante da conversa entre os mais velhos, respeitando a sabedoria da idade. Quando lhe foi permitido falar, entre outras coisas, Eliú disse: “Foi Deus quem me fez, Sua inspiração me deu vida” (Jó 33:4)

Quanto mais deixarmos que Ele seja nossa inspiração, mais felizes seremos, então, hoje, ao rezar antes de dormir, diga: “favorece-nos com as Tuas felizes inspirações...”


Que Deus nos inspire mais a cada dia, porque o resto é só o resto!

quarta-feira, março 19, 2014

Reflexões para o dia. Valores e necessidades





1 Tm 6:8 “Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.”

Agora que passamos a festa de Purim, significa que estamos a menos de um mês da celebração de Pessach. Essa celebração tem muitos significados, mas um deles nos remete à humildade, ao comermos o “pão da miséria” que, por mais que tentemos, não há como negar que comer matzah por sete dias não é das experiências mais gostosas.

É engraçado como não damos valor ao paozinho de cada dia, mas em Pessach, sete dias parecem a muitos como uma tortura, de tanto que faz falta o bendito pão.
Por apenas uma semana mudamos nossa rotina e somos tentados a ficar falando das dificuldades, mas mudemos um pouco o foco. Que tal agradecermos ao Eterno pelos outros quase trezentos e sessenta dias do ano em que temos a oportunidade de comer o pão nosso de cada dia?

Ontem falei sobre a diferença de honra e honraria. Hoje é dia de entender entre ser rico e almejar riquezas.
Pirkê avot diz: “A quem se deve considerar rico? Aquele que se alegra com o que possui” (Avot 4:1)
É por causa desse texto que muitas vezes vemos pessoas sem muitos recursos financeiros, mas com a riqueza da satisfação na vida. Nem todos possuem o dom de se sentirem satisfeitos, quer seja com mil reais, três mil, cinco mil, dez ou vinte mil por mês.

Não sou daqueles que costumam riscar a bíblia toda, marcando muitos versos e anotando coisas, mas minha bíblia  tinha um único versiculo marcado, que é o de 1 Tm 6:8 “Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.”

Não me importo com um guarda-roupas abarrotado, mas apenas em ter o que vestir decentemente. Quando costumava viajar, pessoas faziam verdadeiros banquetes para nos agradar, e eu simplesmente dizia: “voce pode fritar um ovo pra mim?”
O que signfica ter o sustento? É você poder trabalhar, receber uma remuneração que, com ela, possa comprar o alimento cotidiano para sua familia. A “parnassah” não envolve uma mesa farta, onde depois, muitos alimentos são jogados fora, mas apenas uma mesa onde você e seus familiares possam saciar a fome. Quem sabe, de vez em quando uma boa sobremesa, um doce, sorvete, talvez... mas todos os dias, isso passa a ser chato.

Moramos em Curitiba, uma cidade fria, de inverno rigoroso às vezes, e nunca passamos frio. Graças à generosidade do Eterno, nos aquecemos sob um teto, temos uma boa cama para os filhos e nos dias muito frios, de vez em quando nossos pequenos dormem conosco na mesma cama e compartilhamos as mesmas cobertas, em noites que nos alegramos, vemos filmes, comemos pipoca, rimos e dormimos pelo cansaço, mas nunca passamos frio. Temos com que nos cobrir.

De vez em quando, como ontem, um amigo me telefona e pergunta: “e aí Moshê, como você está, como está tua familia?” Ao que respondo: “estamos todos vivos hoje” e quase sempre a pessoa do outro lado da linha ri.
Não falo assim pra criticar, responder, magoar ninguém. Respondo assim, porque agradeço ao Eterno por nos dar a vida. Se temos problemas, claro! quem não os tem? Mas estou feliz por o Eterno nos permitir vida e viver, ainda é de graça!
Ontem por exemplo, ficamos um longo tempo assistindo videos de musicas, admirando o talento dos cantores; rimos, nos emocionamos, cantamos um pouco juntos e depois, eu e meus filhos ainda assistimos um filme infantil (Bons de bico) e por fim, encerramos nossa noite já no início da madrugada assistindo mais musicas no programa americano “The Voice”.  E aí eu me pergunto: Pra que mais?


Dinheiro não é tudo na vida. Carros novos, luxos, festas, podem parecer legais e são, mas definitivamente, nossa felicidade não deve estar nestas coisas. Deve sim, estar no fato de que “estamos todos vivos hoje”  e o Eterno nos permite de termos o sustento e com o o que nos cobrirmos. Por isso, estejamos contentes, porque o resto é só o resto.

terça-feira, março 18, 2014

Reflexões para o dia. Ser honrado ou ter honra?



Et 6:11  Hamã tomou as vestes e o cavalo, vestiu a Mordecai, e o levou a cavalo pela praça da cidade, e apregoou diante dele: Assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar.

Ainda relembrando a festa de Purim, vivida no início dessa semana, e que nos traz sempre muitas lições, hoje relebrei uma cena do fime que sempre achei legal, e ocorre quando Hamã, chamado para aconselhar o rei, que estava em dúvida sobre o que fazer para honrar uma pessoa. Hamã, achando que a tal pessoa era ele mesmo, fala muitas coisas e no fim o rei ordena: “Muito bom, agora vá lá e faça isso com Mordechai, o judeu.”

Hoje cedo estava vendo uma entrevista de um técnico de futebol, chamado Murici, que seu time perdeu um jogo no domingo passado, e ele fora acusado de recomendar que seu time perdesse de propósito. Na entrevista ele dizia algo assim: “Eu sou um profissional, sério, trabalhador, não admito que me julguem dessa maneira. Como eu poderia falar aos meus comandados para cumprir horários, treinar sério, se eu peço que eles joguem para perder?”
Existe uma diferença entre ter honra e ser honrado.

Mordechai tinha honra. Fazia (ainda que em oculto) as coisas que julgava serem corretas. Quando descobriu uma conspiração para matar o rei, fez o certo, e a vida de Assuero foi preservada. Ele não cobrou reconhecimento, não correu atrás de méritos. Sua honra estava dentro de si; por saber que fez o certo.
Hamã, ao contrário, procurava estar no centro das atenções,  queria ser “honrado”, queria aplausos. Aplausos trazem honraria, não honra. Trazem reconhecimento, não mérito.

Outra lição é que o que plantamos hoje, colhemos no devido tempo. Talvez Mordechai já tivesse se esquecido do bem que fizera ao preservar a vida do rei. O rei também e a história parecia ter ficado num passado distante. Parecia!
O rei foi atormentado de insônia, e para tentar dormir foi ler,  e nas crônicas estava registrado o ato de Mordechai. Aí sim, o rei pensou: “será que eu agradeci a tal homem pela minha vida? O que foi feito dele?”
Muitas vezes fazemos algo hoje e já buscamos o tal reconhecimento. As coisas de Deus não funcionam dessa maneira.
Assim como no caso de Mordechai, nossos atos são registrados num livro, e quando for (e se for) da vontade do Eterno,  receberemos o reconhecimento humano.

Pirkê Avot diz: “Todo aquele que quer muita celebridade perde a que já possui.” (Avot 1:13)
Hamã chegou a altas posições dentro do império persa, mas queria mais, queria ser honrado.

Devemos plantar boas atitudes, não esperando agradecimentos, honrarias, mas porque boas atitudes farão bem ao nosso próprio coração. O resto, é consequência.

Shaul HaShaliach deu um bom conselho aos Gálatas: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” (Gl 6:9)


Não sejamos dependentes de honraria, apenas e tão somente tenhamos honra.