terça-feira, dezembro 30, 2014

Pensamento do dia: Para onde vamos? Israel ou Yerushalaim.




Sl 122:1,2,5-9 - Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR. Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém! Lá estão os tronos de justiça, os tronos da casa de Davi. Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam.  Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti! Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o teu bem.

Este salmo é maravilhoso e expressa todo anseio de um tsadik por estar na “Casa do Eterno” em Jerusalém. É lá que estão os tronos de justiça, os tronos da Casa de Davi... mas infelizmente muita gente se confunde diante do que é a santidade. Porque essa distinção nem sempre é das tarefas mais fáceis. Até mesmo os próprios sacerdotes do Eterno de vez em quando se perdiam e não ensinavam o povo no caminho certo.

Já estive por algumas vezes em Israel e já levei gente de pensamentos diferentes dos meus; uns eram devotos, outros nem tanto, outros apenas “queriam ver a santidade” (meio de longe). Aos que caminham no longo processo de teshuvah, num retorno às raízes judaicas, cabe a pergunta. Para onde você quer ir? Aos que desejam viajar conosco numa dessas idas a Israel, cabe se questionar: estou indo em busca do que? Quero ir pra Israel ou pra Jerusalém? 
A princípio, tudo pode parecer a mesma coisa, mas há uma grande diferença: quanto mais você se distancia de Jerusalém, mais a santidade se distancia de você. 

Israel tem lugares, cidades maravilhosas, lindas, como Bersheva, Netanya, Tel Aviv, Haifa, etc... e todas possuem sinagogas, yeshivot, mas nenhuma delas possui a santidade da “Casa do Eterno”

Por trabalhar com pessoas que querem ir à Terra Santa, sempre vem gente com pedidos de conhecerem lugares assim e assim. Dias atrás um senhor me mandou uma mensagem querendo ir a Israel, e além dos lugares já tradicionais ele me disse ser um apreciador da vida noturna, que gostaria de visitar casas noturnas e clubes. Ele não é da mesma comunidade e fé, mas dizia ter fé (mas que não era lá muuuuiito religioso) então pra ele, qualquer lugar servia.  (Não cabe a mim julgá-lo porque ele não era israelita) Por fim, respondi que não conheço lugares que ele buscava e que seria ideal que ele buscasse um outro agente de turismo. 

Ez 44:23  E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o impuro e o puro.

Distinguir entre o santo e o profano é primeiro de tudo saber que são coisas DIFERENTES.  O santo é diferente, especial, único. O profano (Não é errado) é apenas comum, qualquer coisa, qualquer pessoa. D-us nos chamou a sermos SANTOS, diferentes, especiais e únicos. 

No caminho da teshuvah também é assim. Há os que querem trilhar, mas pra onde vão? Onde querem chegar? Onde queremos chegar? Nossa santidade está atrelada àquilo que buscamos. 

A congregação que fazemos parte é por definição “RELIGIOSA” e devemos buscar essa RELIGIOSIDADE. De que adiante aprender a discernir o santo se escolhemos trilhar o caminho do profano?
Por exemplo, de que adianta aprender a necessidade de comer kasher, entendermos como funciona o abate do animal, todo o processo de bedicá (verificação) etc... se continuamos a comer em churracarias e restaurantes não kosher?
De que adianta aprender sobre tsiniut, se as mulheres insistem em se vestir de forma indecorosa, com trajes transparentes,  curtos ou no mínimo chamativos? De que vale aprender a cobrir a cabeça, do quanto HaShem valoriza e honra àquela que cobre os cabelos e deixa toda a sua formosura para o interior seu palácio se nossas mulheres sentem vergonha e não querem cobrir a cabeça?

A Torah, o Talmude, o Shulchan Aruch, os ensinos rabínicos, Maimônides, etc... só valem quando é do interesse. Isso é judaísmo? Acho que não!

Recentemente tivemos o 11º Congresso de Adoração Israelita. O que isso significa? Congresso de ADORAÇÃO ISRAELITA. Viajamos, chegamos a um lugar para ADORARMOS, APRENDERMOS TORAH, em busca da SANTIDADE.... aí as pessoas tem todo o gasto com viagem, hospedagem e na hora de aprender, NÃO PRATICAM.

Aí eu volto à pergunta do título: Para onde vemos? Sua teshuvah pode te levar a Israel, legal, ótimo, mas lembre-se que a Santidade está em Jerusalém. 

Não adianta ir a Israel e lá cobrir a cabeça e quando voltar ao Brasil ficar andando com a cabeça descoberta. Se é contra, porque usar lenço em Israel? Não adianta ir a Israel e lá colocar kipah, e voltar ao Brasil e não usar... não adianta lá colocar tefilin e chegar ao Brasil e não usar... e também não adianta justificar dizendo que lá é fácil usar. 

Esses tempo eu vi um palestrante dizendo algo assim: “Tudo aquilo que você diz que gostaria muito de fazer, mas ainda não faz é porque na verdade aquilo não é importante pra você. Quando queremos muito algo, a gente faz acontecer.” 
Lembro-mo quando fizemos nossa primeira viagem a Israel. Muitos que não foram (porque era caro) fizeram planos, nos pediram pra fazer um parcelamento em 36 vezes, consórcio, etc... e essas pessoas até hoje não foram. Porque continua sendo caro? E se tivéssemos feito um plano de pagamento em suaves 36 prestações? A resposta é que também não teriam ido. Porque quem quer, economiza e vai. Da primeira viagem até hoje já se passaram mais de seis anos, isto é, 72 meses. Isso significa que a pessoa poderia guardar um pouquinho por mês e já teria ido talvez duas vezes a Israel. 
Quando queremos praticar a kashrut, não importa o quanto difícil seja. Quem quer, faz! Se a carne kosher é cara, podemos comer saladas, ovos, soja, mas comeremos kosher. Agor, se quisermos arrumar desculpas, diremos que a carne kosher é cara, que produtos kosher são mais caros, e não dá pra pagar. 
Se quisermos comprir as leis de Taharah Hamishpachah, faremos... agora quem não valoriza, vai dizer que não tem mikve por perto, que o rio fica longe, que o mar fica muto distante, que é impossível fazer um mikve na praia, enfim, não dá. E vai continuar pecando diante do Eterno. 
Se quisermos praticar a tsiniut, daremos um jeito, jogaremos fora os trajes indecorosos, cobriremos nossas cabeças, deixaremos toda a beleza para o interior de nosso palácio, para a alegria dos maridos. Agora, se quisermos também poderemos andar de forma indecente; tem até maridos que gostam, que acham bonito que a esposa se exiba diante dos outros... tem gosto para tudo nesse mundo. tem até mulher que diz que o que é bonito tem mais é que ser mostrado mesmo... até porque cérebro não dá pra ver né? 

A verdade é que cada um de nós precisa definir pra onde vai sua teshuvah. Se a sua teshuvah vai te conduzir até Roma, até Tel Aviv, ou até Jerusalém. Eu só sei que o Eterno disse: “Sede SANTOS, porque Eu sou Santo.”

Sua teshuvah é baseada no que o outro diz? É baseada na roupa que a mulher do fulano usa? Sim, tem gente que é contra tsiniut, tem gente que não vê necessidade na Kashrut, tem gente que acha o mikvê um exagero, mas tem gente que é feliz por cumprir tudo isso e quer mais... quer Jerusalém.

Lembro-me da caminhada de Israel pelo deserto. Foram quarenta anos, e tinha gente feliz por ter saído do Egito, tinha gente que queria voltar, com saudades dos alhos e melões, tinha gente que tava feliz em ficar no deserto, mas também teve gente que queria chegar à Terra Prometida. 
Tem uma famosa parábola sobre pessoas que almejavam chegar ao topo de uma montanha muito alta... e começaram a subir. No caminho, uns desistiram logo no começo, outros seguiam, mas iam parando porque ouviam dizer que nunca chegariam no topo, e teve uma pessoa que chegou. Uma vez tendo alcançado o topo, as pessoas lhe perguntavam: “Como você conseguiu?” E o vencedor não respondia a ninguém, e acabram descobrindo que ele era surdo e por isso mesmo, ele chegou... porque não ouvia as pessoas dizendo que ele não alcançaria o topo. 

Na saída do Egito, foram milhões de pessoas, e no fim da caminhada dois deles entraram na Terra Prometida. Josué e Calebe atingiram o topo da montanha. 
Se eles conseguiram, é sinal de que todos os que realmente quisessem teriam alcançado. 

Se a sua teshuvah é em busca da santidade, saiba que você pode alcançá-la. Agora se você der ouvidos àquelas pessoas que não valorizam a tsiniut, a taharat e a kashrut, vai acabara acreditando que realmente não vale a pena ser santo...

Sua caminhada vai te conduzir a algum lugar, pode até ser Israel; quem sabe Tel Aviv, talvez Eilat, ou quem sabe Haifa, mas Jerusalém, ah! Jerusalém... Jerusalém é só para quem quer habitar e estar na Casa do Eterno. 

Sl 42:1-4 Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde está? Lembro-me destas coisas—e dentro de mim se me derrama a alma—,de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa.

Sua alma suspira pela presença do Eterno assim como a corça anseia pelas águas? Pois saiba que houve um tempo em que as pessoas seguiam, em procissão à Casa do Eterno, com gritos de alegria e louvor... e esse tempo há de voltar.
Isso é uma promessa. Ainda se ouvirá voz de gozo e de alegria, de noivo e noiva, nas ruas de Jerusalém... porque o Eterno há de cumprir a boa palavra que falou à Casa de Israel e à Casa de Judá. Há de se levantar o renovo, que fará com que Jerusalém habite segura e que Judá seja salva. E Ele será chamado: O Eterno é NOSSA Justiça! (Jr 33:1-16)

Faça sua teshuvah com fé, pratique as boas obras, porque o Eterno realizará o anseio de sua alma... Jerusalém é logo ali...a Casa do Eterno é logo ali, e assim como o Rei David, poderemos estar em procissão, entre gritos de alegria e louvor, com a multidão em festa. 

Que nossa teshuvah nos conduza a Jerusalém. 

sexta-feira, novembro 28, 2014

Reflexões para o dia: Trabalho e ciumeira



Nos últimos dias tenho aproveitado parte de meu tempo para ler “Um homem, um rabino” auto-biografia do rabino Henry Sobel. É um livro de 300 páginas que eu achei que leria em dois meses, mas em duas semanas já estava finalizando sua leitura, uma vez que achei o livro muito bom e recomendo a todos. 

Em vários dos capítulos, o rabino cita seus conflitos com outras pessoas, essencialmente dentro do âmbito em que desenvolvia seu trabalho. Quanto melhor ele se tornava, quanto mais destaque ele alcançava nos diversos setores, mais inimigos ele fazia. Aí alguém pode perguntar: “Mas tem isso dentro do judaísmo? Ciumeira, inveja e disputas de poder?” Claro! 

Cito aqui brevemente o relato de dois acontecimentos narrados por ele; primeiro, quando o presidente FHC (Fernando Henrique Cardoso) foi dar palestra num evento e tinha um jantar especial. Um dos diretores da CIP reclamou porque não fora escolhido para se assentar à mesa junto com o presidente. Pura ciumeira; inveja do destaque dado a outras pessoas. 
No outro, estavam programando uma vinda do presidente Shimon Perez (que havia recém ganho o prêmio Nobel) mas de novo o ciumes fez com que, enquanto uns trabalhavam para trazer Shimon Perez, outros trabalhavam para “aparecer” ao lado do homem. Tanto que, tal pessoa só aceitaria se ele fosse a primeira pessoa que Shimon Perez cumprimentasse ao descer do avião, em sua chegada no Brasil. 
Para resumir, foram tantas exigências, discussões, que a visita acabou sendo cancelada. 

Isso me faz lembrar de Shual HaShaliach, que disse:
“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho.”(1 Co 3:6-8)

Devo dizer que esse capítulo todo é fantástico! E Paulo é bem claro ao afirmar: “porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?” (verso 3) 

Pra não dizer que eu fico apenas citando textos da Brit Chadashah, Moshê, sempre ele, nos ensina na prática o desprendimento a sentimentos como a “auto-exaltação” e o “egoísmo”. Em Nm 11, ele fala de seu pesado fardo, e D-us o recomenda a dividir com outros setenta homens seu trabalho.   Eles profetizaram uma vez e pararam, mas dois outros, chamados Medade e Eldade continuaram a profetizar. E daí?
Daí que lá vem Josué, falar com Moshê para proibí-los de profetizar, mas nessa hora ele toma uma invertida do mestre. Moshe diz: “Tens tu ciumes por mim? Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhes desse o seu Espírito!”  (Nm 11:29)





Ontem, finalmente pude ver sendo colocada na nossa Kehilah de Ponta Grossa a nova bimah. Ela foi a conclusão da obra, um trabalho de muito bom gosto, feito pelo chaver Sharon.  Feito por ele, mas projetado por mim, sonhado por tantos outros, assim como toda a reforma que foi feita ali; desde o Aron HaKodesh, passando pelo revestimento interno, o vitral, e tantas outras coisas, que agora culminam com a bimah... sinto-me realizado. 

Claro, já não sou mais o rosh de Ponta Grossa, hoje a cargo do zaken Shemuel. Sabe que revelância isso tem? Nenhuma! Porque a kehilah não era minha, não é do Shemuel, e não será do próximo rosh, ela é de todos os membros da CINA, sejam de Ponta Grossa ou não. Pouco me importa quem vai desfrutar, quem vai usar a bimah para fazer suas prédicas, ou quem vai sair nas fotos futuras (como no caso de quem sairia na foto com o Shimon Perez). O que vale sempre é o bem da Congregação do Eterno.


Nada pode nos tirar a satisfação e o reconhecimento pessoal de que fomos úteis em alguma coisa, mas também não devemos trabalhar buscando o mero reconhecimento alheio.  Tenho a satisfação de que a cada foto que for publicada de Ponta Grossa, saberei que ali tem um pedacinho de mim, afinal, foram quase seis anos completos de dedicação total, de corpo e alma àquele lugar e àquelas pessoas. Quem sabe um dia eu possa visitar e ver a nova bimah, tão bem executada, obra de artista, mas sempre terei a ciência de que aquele é um lugar NOSSO e não MEU. Homens vão e vem, já pensou se vivêssemos em função de reconhecimento? 


Pra encerrar, tenho sempre em mente o texto do tratado talmúdico de pirke avot, que diz: “aquele que busca muita celebridade, perde a que já possui.” Então, trabalhemos, porque um planta, outro rega, mas quem dá o crescimento é o Eterno. 

*** Duas recomendações: 
- Compre e leia o livro: “Um homem, um rabino.”  Ele tem lições poderosas para todos nós.
- Visite a Kehilah de Ponta Grossa um dia, e veja esse belo trabalho feito pelos nossos chaverim. 

terça-feira, novembro 18, 2014

Reflexões para o dia. Mudar as pessoas ou a si mesmo?




“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. ” (Rm 12:2)

Ao longo de nossa trajetória vamos aperfeiçoando hábitos, e esses costumes nos direcionam em nossa vida. Por exemplo, se você gosta de filmes, sempre ao ligar a televisão vai procurar por canais de filmes... e aí vai procurar os filmes de sua preferência, seja romance, comédia, filmes antigos, etc... se gosta de livros, vai sempre querer ir à uma biblioteca ou bookstore e vai ler os livros que se identificam contigo e por aí vai... eu por exemplo tenho vários livros sobre comportamento humano, mas quase nada sobre profecias, ou biografias. 

Dias atrás estava de passagem por um supermercado e lá havia vários livros por preço único de R$ 10,00. Achei barato, e resolvi ver se tinha algo interessante, e encontrei uma biografia. O livro chama-se: “Um Homem; Um Rabino” do Sr. Henry Sobel.  Com trezentas páginas, me propus a lê-lo até o fim do ano. E no dia seguinte já havia lido cerca de oitenta páginas, e não dá vontade de parar de ler. 
Achei muito bem escrito e interessante (gosto é gosto, se você não gostar, depois não vai reclamar de mim hein!) e relata a vida desse homem de muita cultura, sabedoria e alguns deslizes também. Os ignorantes o conhecem apenas como o rabino que roubou uma gravata, outros lembrarão de sua luta contra a ditadura, de Wladimir Herzog, outros citarão que ele é ecumênico, etc... mas eu o vejo como um homem sábio, que sempre fez questão de se posicionar diante das situações da vida. Certo ou errado, isso depende do ponto de vista de cada um, mas ele não se omitia. (Acho que nesse aspecto eu me identifico com ele)

Num trecho do livro, li algo que me chamou muito a atenção, sobre a vocação do rabino e aquilo que ele cria, é dito:
“- No início eu tinha esperança de mudar os homens. Agora percebo que não posso. Mas, se permaneço aqui e continuo a ensinar a Torá, é para evitar que os homens mudem a mim mesmo... Ao final, Heschel (rabino, um dos mestres de Henry Sobel)  disparou: “Henry, tente mudar os homens. Este é o seu papel como rabino. Porém se não puder mudá-los, não deixe que a sua congregação o mude.”
Isso foi quando Henry Sobel decidiu se mudar dos Estados Unidos para São Paulo, em 1970. 

Como líderes, pregadores, sempre acreditei que devemos lutar por um mundo melhor, fazer a nossa parte. Perdoar e ser perdoado, não carregar rancor, batalhar pelas coisas certas, conhecer de questões políticas que envolvem toda a sociedade e não apenas os membros de minha sinagoga. Mas de vez em quando dá vontade de desistir, sucumbindo diante de ataques e falta de respeito, mas como diz o livro: “é meu dever tentar mudar as pessoas, mas se não conseguir, pelo menos que eu não permita que elas me mudem, que eu me molde às suas vontades.” 

Durante os últimos dias, meses, nas viagens, tenho visto muita gente sincera, que defende aquilo que é certo, mas que, por timidez ou medo, acabam não se expressando, em defesa dos princípios que acreditam. 
É dito que para que o mal triunfe basta que as pessoas de bem não façam nada. Isso vale para todas as situações da sociedade. Portanto, ainda que não consigamos mudar as pessoas, que sejamos capazes de defender nossos pontos de vista, e não permitir que elas nos mudem. 

Sim, o rabino Sobel cometeu deslizes (no plural) mas isso jamais apagará o brilho de suas lutas em defesa de uma sociedade mais justa, para judeus e não-judeus. 
Quem quiser achar que ele é um ladrão de gravatas, que ache... essa não é a visão que eu tenho dele. 

Da mesma forma, temos pessoas valorosas na congregação, e cada um faça seu próprio juízo a respeito dessa ou daquela pessoa. O que vale é o juízo que o Santo, Bendito seja Ele, faz a respeito de cada um de nós. 

Que D-us nos dê um coração limpo, que nos faça cientes de nossos erros e que nos dê a serenidade para reconhecer as falhas em nós mesmos e ainda assim, a cada erro, a cada “gravata roubada” possamos nos reerguer e seguir o caminho daquilo que achamos certos, porque no fim das contas, sempre haverá dedos que nos apontam os erros, mas também sempre haverá alguém de bem para nos apontar o caminho correto a seguir. 

Se não puder mudar as pessoas (para o bem) continue pregando, porque assim não mudarás a ti mesmo.

segunda-feira, novembro 10, 2014

Reflexões para o dia. Como eles crescem rápido!


“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! O SENHOR te abençoe desde Sião, para que vejas a prosperidade de Jerusalém durante os dias de tua vida, vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel!” (Sl 128:1,5,6)


Ontem foi um domingo diferente em Curitiba; era a celebração dos três anos do Michael, filho da nossa amiga Kelly (apresentadora do Eshet Chayil). Como acontece em muitas comunidades judaicas, tivemos a cerimônia do Opshernish, o primeiro corte de cabelo dele. Para quem não conhece, isso tem a ver com a tradição judaica e está relacionado com os versos de Dt 20:19 (que relaciona o homem como uma árvore) e Lv 19:23. É depois dos três anos que o menino dá seus primeiros passos no estudo da Torah. 
Para minha família é sempre um privilégio a companhia da Kelly, uma mãe sábia, de bom testemunho, e que conduz seus dois filhos com muita dignidade dentro da Kehilah. Rogamos ao Eterno que seus dois filhos Michael e o Israel sejam como Timóteo, que aprendeu a fé com sua mãe e avó (Lóide e Eunice)  e eles aprendem com você e a chaverah Eugênia também. 

Mas aí, durante a festinha, eu olhava as crianças, como elas crescem rápido e é inevitável que nos venha à mente o verso de provérbios 22:6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar...” Toda a energia das crianças que correm pra lá e prá cá em algum momento deve ser canalizada para o aprendizado da Torah. Ontem, para o Mi, foi apenas uma festa, seu primeiro corte de cabelo, cofrinho cheio de moedas, presentes, etc... mas daqui há alguns anos ele poderá estar lá na frente, sendo chamado à leitura da Torah, como um bom Bar Mistvah.

Mas crianças crescem, viram adolescentes, é bonito ver o desabrochar da juventude, chega a fase de se preocupar com a aparência, as conversas mudam, a voz muda, tudo muda... só não pode mudar o temor ao Eterno e o respeito aos pais. 
É lindo ver alguns amigos envelhecendo junto conosco, olharmos fotos antigas de quando éramos mais jovens, magros, sem cabelos brancos e nossos filhos recém engatinhavam e eu sou grato ao Eterno por isso. 

Nessas horas sempre me lembro de meu casamenteiro (aliás, o primeiro da CINA) Shelumiel e sua esposa Lídia. Lá atrás, enquanto eles nos orientavam, há 19 anos, eu e a Eliana brincávamos com o bebezinho deles, a Ana Carolina, e essa bebezinha, daqui menos de quatro semanas estará se casando. 
Gosto de brincar com os pais, de “ver o sofrimento deles” quando a filha vai embora, mas de certa forma me orgulho por eles, por ser amigos de pessoas do bem, que educaram muito bem uma menina, de bom testemunho e que agora dará início  a mais um lar judaico. Ela, com carinha de menina já terá seu castiçal para as velas de shabat, já irá preparar as chalot e um dia, permitindo o Eterno (e que seja pra breve) ela estará dando a alegria de gerar netos aos pais Shelumiel e Lidia. 

De vez em quando eu brinco (mas falando sério) com o Giácomo; “olha, você tá casando com a Carol, trata bem ela hein, não vai tirar ela da casa do Shelu e fazer a menina sofrer” e ele olha pra mim e sorri dizendo que vai tratar bem a ela. 

E a vida é assim amigos, criamos nossos filhos para ganharem o mundo, construírem suas próprias histórias. 
Dias atrás meu primogênito tocava violino com uma menininha, hoje ele cresceu e toca piano e a mesma menininha  também cresceu e já começam a surgir os marmanjos em torno do pobre Jair (o pai). É bom ver o Abel crescer, o Gustavo, de Vacaria, o Zé Roberto, o Gabriel, a Emily, a Helen e tantos outros que crescem dentro da Kehilah; e oro para que nunca se desviem do bom caminho. 

Sábios são os pais que criam seus filhos dentro da Kehilah, no temor do Eterno, e veem suas crianças crescendo, cantando, lendo Torah, e tem o privilégio de ver a filha entrar sob o pálio nupcial vestida de branco, o branco da pureza, da honra e da beleza da mulher que teme ao Eterno. 
Sobre o Giácomo não tenho nada pra falar, porque num casamento, quem se lembra de olhar pro noivo? hehe!

Orgulho-me de ter aprendido muitas coisas com o zaken Shelumiel, e espero (mas não ansiosamente) que quando chegar a hora, ele também possa me ensinar novas lições nessa hora de alegria do casamento de uma filha, porque eu sei que é bem-aventurado o homem que teme ao Eterno e anda nos seus caminhos; esse homem será merecedor de ver os filhos de seus filhos e a paz sobre Israel. 

Que o Michael e outros bebês possam crescer, ter seu primeiro corte de cabelo aos três, aprender sobre a Torah, aos treze fazerem seu bar mitsvah, serem chamados para a leitura, continuarem a crescer, encontrarem uma linda e temente ao Eterno jovem, que se casem e construam famílias decentes e exemplares. 

Em tempo, ano que vem meus pais que já viram os filhos dos filhos, terão a honra, de verem os filhos dos filhos dos filhos,  seu primeiro bisneto (Noach, aquele que traz descanso) e que sejam merecedores de ver a paz sobre Israel também!

quinta-feira, outubro 30, 2014

Reflexões para o dia. Salvando o mundo


“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Romanos 12:21)

Ninguém é perfeito e isso todos sabemos, mas mesmo imperfeitos, somos capazes de fazer boas coisas; ainda que o mal nos cerque e que todos à nossa volta aceitem as práticas do que é errado, é nosso dever vencer o mal com o bem. 

Lembro-me sempre de algumas pessoas que diante de determinadas situações, poderiam fazer o mal, e ninguém seria capaz de julgá-las por isso, e ainda assim, essas pessoas optaram por fazer o bem.

José, governador do Egito, filho de Jacó, teve a oportunidade de se vingar de seus irmãos, quando estes não o reconhecendo, vieram a suplicar por alimentos, durante os sete anos de fome. Ele, no entanto, os ajudou, alimentou e os trouxe para perto de si, salvando toda a família.

A Torah fala das duas parteiras Shifrah e Puah, que receberam a ordem do rei do Egito para, no momento do nascimento, matarem a todos os meninos hebreus. Quem seria capaz de desobecer a uma ordem do governante supremo do Egito? Elas o fizeram, e preservaram a vida dos meninos, e um deles era Moshe Rabenu. 

Esses são exemplos claros daquilo que nos diz o Talmude: “Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro.”

Não somos personagens bíblicos, mas podemos ser bondosos, generosos com o próximo, apesar de sermos pecadores. Não importa o que alguém faça, salvar vidas trará sempre um sentimento de que nosso coração está se enchendo de alegria, por termos salvo a vida de alguém, por termos ajudado a alguém.

Hoje pela manhã senti vontade de rever algumas cenas do filme “A Lista de Schindler” e me emocionei de novo com as imagens finais, quando ele recebe um anel (que foi feito graças a um judeu que, em sinal de gratidão, deu seu dente de ouro para ser derretido e transformado no anel) com a frase do Talmude “Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro.”

Naquele momento, ele chora, lembrando que podia ter feito mais (sempre podemos fazer mais) e ouve como resposta: “você salvou mil e cem pessoas, e novas gerações virão graças a você” (Sim, podemos olhar para trás e ver todo o bem que já fizemos a alguém)

Lembrar do holocausto é sempre algo triste, quando milhões foram mortos pelo simples fato de serem judeus, mas esquecer o holocausto é permitir que coisas assim tornem a acontecer para a vergonha da humanidade. 

Schindler disse, em outro momento do filme: “o poder é quando temos todas as justificativas para matar e não o fazemos”

Isso me faz lembrar a história de Davi, quando era perseguido por Saul, o rei... e quando esteve diante da oportunidade de matar seu inimigo (e todos os homens de Davi o apoiavam nisso) ele prefiriu proteger o rei, e sentiu seu coração doer apenas pelo fato de ter cortado a orla do manto do rei. Com essa atitude, Davi conseguiu provar porque era um homem segundo o coração de Deus. 

Das várias vezes que estive em Israel, em algumas delas (quase sempre) fui ao túmulo de Schindler para, assim como os judeus sobreviventes do holocausto fizeram no fim do filme, depositar ali uma pequena pedra, como sinal de reconhecimento por tudo o que ele fez. 

Sim, Schindler podia ter feito mais e sim, ele não era um homem perfeito, mas quem o é? Ele fez a parte dele, agora, façamos a nossa. 
Nos preocupemos com o próximo, cuidemos de nossos irmãos, e ainda que todos façam o errado, procuremos fazer o certo, porque quem sabe esteja em nossas mãos o poder de salvar vidas, e de salvarmos um mundo inteiro.

Mostre que você é como Yosef ben Yaakov, ou como as parteiras que salvaram Moshe, ou como Davi, que poupou a vida do seu inimigo, ou quem sabe você seja como Schindler e ainda não descobriu o seu poder mágico de salvar o mundo. Faça alguma coisa, seja generoso, seja um tsadik e vença o mal com o bem!

*** Ps.: O video está em espanhol, mas quem sabe te inspire a alugar o dvd (ou ver no youtube) em portugues, o filme todo.

Se você quiser ir lá em Jerusalém e conhecer o lugar onde está sepultado esse tsadik, fale comigo... viaje conosco!






terça-feira, outubro 28, 2014

Reflexões para o dia. E deu Dilma, e agora?


“reza pela prosperidade daqueles que estão à frente do Estado, pois sem o seu temor os homens devorar-se-iam” (Pirkê Avot, 3:2)

Sempre gostei de política, de acompanhar debates, assisti a muitos “horários gratuitos na tv” e por outras vezes o país já esteve dividido, polarizado entre duas forças, mas essa eleição presidencial foi uma daquelas disputas que muitos saem feridos, e inclusive agora, com o advento das redes sociais, muitas amizades se desfizeram por conta disso. Valeu a pena? Acho que não, e para ninguém. 

A excelentíssima senhora presidente da república, Dilma Rousseff foi acusada de muita coisa (assim como seu adversário Aécio) e ela aceitou que sim, houve corrupção e desvio de dinheiro da Petrobrás, etc... mas ainda assim ganhou a eleição. 
Agora, surgem uma série de vídeos e coisas mostrando as fraudes nas urnas eletrônicas, outras mostrando o Brasil dividido entre o Norte/Nordeste (beneficiados com o Bolsa Família) e o Sul/Sudeste (que trabalha para sustentar os nordestinos), e o mapa da votação mostrou uma divisão, com Dilma vencendo nos estados do Norte/Nordeste e Aécio vencendo no Sul/Sudeste/Centro-Oeste. 
Quero me expressar como religioso, cidadão e brasileiro, que tem RG, CPF, Título de Eleitor e paga impostos; 
• Acredito que se houve fraude, deve ser apurado e se ficar comprovado, novas eleições sejam realizadas (embora não creia que isso vá acontecer). 
• Acredito que ninguém é perfeito e nem a Dilma e nem o Aécio seriam totalmente justos e livres de falhas em seus governos e que a corrupção está em todos os níveis do sistema político brasileiro; ou alguém pode provar que nos governos de SP, PR, e outros do PSDB não há corrupção? (Ps.: votei no Aécio, mais por acreditar que a mudança seria salutar do que por crer que ele seja o melhor político do mundo)
• Acredito que o governo Dilma seja capaz de reavaliar a situação e perceber que sim, foram vencedores, mas houve também grande rejeição, e algo precisa ser feito para melhorar. 
• Acredito que esse governo atual não foi tão ruim para o Brasil, se o fosse, perderia a eleição. É preciso reconhecer que houve coisas boas. Enfim, temos que ser sensatos!

Agora, acima de tudo, acredito que se foi assim é porque o Eterno permitiu. (Não que foi a vontade de Deus, mas Ele permite, pois nos deu o livre arbítrio) Se Ele permitiu, devemos respeitar. Não há um bom religioso sequer que não respeite as autoridades instituídas. 
Para os evangélicos, católicos, judeus messiânicos, etc... o apóstolo Paulo disse que devemos respeitar as autoridades (Rm 13:1-3)
Para os judeus, o talmude fala que devemos rezar pela prosperidade dos governantes, senão os homens se devorarão. (Pirke Avot 3:2) Isso é bem real hoje, pessoas se atacando, não respeitando a escolha dos outros, etc...

Outro aspecto importante é o respeito com nossos irmãos brasileiros, seja de que região forem. Nem todo nordestino é preguiçoso, nem todos vivem de bolsa-família, são analfabetos,  e ignorantes, assim como nem todos que vivem no sul são cultos, trabalhadores, elitistas. Ignorante é quem faz essa comparação, ofendendo milhões de pessoas. Ofender alguém só porque ele acredita num governo desse ou daquele partido é mancada. 

Não foram só os nordestinos que votaram na Dilma, mas cerca de 40% dos eleitores em estados como SP, PR, RS, etc... e por acaso essas pessoas são burras, vagabundas e vivem de bolsa família? Acho que não. 
Por outro lado Aécio teve milhões de votos no nordeste, e por acaso, se todo nordestino é burro e vive de bolsa-familia, como poderiam votar no Aécio? Mais respeito e inteligência amigos...

O profeta Jeremias disse: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz.”(Jr 29:9)

Coisas como: “o gigante acordou” ou “vamos separar o sul”ou “morte aos nordestinos preguiçosos” só acirram posições radicais e vão contra a democracia. Ganhar ou perder faz parte, e a presidente ganhou, foi reeleita. Haverá nova eleição daqui a quatro anos, e até lá, como bons brasileiros, devemos continuar rezando por um bom governo de nosso país, e que tenhamos paz.

Agora, é tentar restaurar as amizades destruídas por causa da eleição, e aprender que a democracia se faz acima de tudo com o respeito à vontade das pessoas e se os brasileiros quiseram assim, que seja.  E D-us permitiu que assim o fosse, então respeitemos.

segunda-feira, outubro 13, 2014

Reflexões para o dia: Amidá e a percepção do bem





Qualquer pessoa que está habituada a ritualística das rezas judaicas conhece a prece da Amidá, ou Shemonê Esrê, com suas dezoito bênçãos que ocupam algumas páginas do Sidur, mas deveriam ocupar nossas mentes a cada vez que abrimos nossos lábios. 
Talvez porque a amidá é rezada silenciosamente muitos de nós nos tornamos incapazes de ouvir suas poderosas palavras. Ela começa com: “Eterno, abre meus lábios e minha boca proferirá o teu louvor” e quantas e quantas vezes nossos lábios deixam de proferir o louvor para proferir palavras indignas, indecentes, difamatórias, maldições?!!! A verdade é que somos muito descuidados neste aspecto de nossa vida. Palavras são ditas, palavras que ferem e nem que alguém nos avise do mal somos capazes de reconhecer nosso erro e preferimos que o tempo apague e trate de curar as nossas ofensas.

Hoje tivemos uma tevilah em Goiânia, onde sete pessoas assumiram um compromisso diante do Eterno, e ao fazer com eles o tachanun, lembrava-me disso... “pecamos, traímos, fomos obstinados, pecamos intencionamente, falamos em linguagem vil, aconselhamos ao mal, etc...” e essa prece é dita no plural porque todos devemos nos reconhecer indignos diante da misericórdia divina. 

Outra verdade é que nos acostumamos tanto com o mal que deixamos de expressar e perceber o bem que nos cerca. Damos muito valor às criticas, às pessoas que nos odeiam, e perdemos tempo com isso, ao invés de valorizarmos aqueles que verdadeiramente nos amam e sentem-se felizes com nossa presença e amizade. Temos uma tendência de nos atrairmos por nossos traidores, e despendemos grande força e empenho em pessoas erradas. Quer um exemplo disso? Nesse final de semana mesmo, aqui no Planalto Central, em Brasilia e Goiânia... fomos impactados por gestos de amor e amizade como há tempos não via. 
Palavras carinhosas, sorrisos, abraços, preocupação em agradar, cuidado.... mais do que presentes, presença.... mais do que palavras, olhares sinceros de gratidão e respeito. Algo muito em falta hoje em dia. 

Mas, voltando à prece da Amidá, no fim temos: “Eterno, preserva minha língua de calúnias, e os meus lábios de duplicidade. Faze que a minha alma fique calma em presença dos malévolos e em todas as ocasiões seja ela humilde como o pó... Que as palavras da minha boca e as meditações de meu coração Te sejam agradáveis, ó Eterno, meu protetor e meu redentor.”

Palavras agradáveis são aquelas que expressam sentimentos positivos como gratidão e respeito, e então quero deixar aqui meu profundo sentimento de gratidão pela forma como fomos recebidos aqui (e em alguns outros lugares por onde passamos) em Brasilia, desde meu primo Tiago Junqueira, que nos acolheu em sua casa de forma muito generosa e especial, até a todos os chaverim da Kehilah de Brasilia, pelo shabat proveitoso que tivemos, pelas boas risadas, pela companhia sempre agradável do Rosh Yehudah e dos seus membros. 
Impossivel não deixar de agradecer por tudo em Goiânia, na liderança do amigo Yaakov, que nos prepararam um belo café da manhã (apesar de termos chegado por volta das 11horas) e o sorriso de todos ao nos recepcionarem, com um rosto resplandecente de alegria. Ao chegarmos, como não notar o cartaz enorme afixado na parede, demonstrando a felicidade em receber-nos? 

Ganhamos presentes em Goiânia, mas o melhor presente foi a gratidão de todos, e por isso mesmo, o Eterno tem abençoado o trabalho do Yehudah em Brasilia e do Yaakov em Goiânia, pois sete novas pessoas passaram pela tevilah, e sei que outras virão. 

Que nestes ultimos dias festivos de sucot, prevaleça a alegria, como é mandamento nessa festa.Que sejamos sempre humildes e que ao abrirmos nossos lábios, possamos proferir o louvor do Eterno; e que Ele, bendito seja, nos livre e faça com que nossa alma fique calma na presença dos malévolos e que sejamos sempre humildes como o pó. 

Baruch HaShem pelo dia de hoje, muito corrido e de muito calor. Valeu a pena ter passado sete horas ao volante indo de Brasilia a Goiânia e regressando. Que venham mais dias assim, com pessoas especiais, com alegria e gratidão. 

Expresso aqui também minha gratidão ao pessoal de Rondônia, que apesar de estarem há anos sem receber a visita do Rosh Yishai, compreendem e são gratos, e anseiam por um novo reencontro, que venha em breve. 

E que tenhamos nossos olhos abertos para percebermos as pessoas especiais que nos cercam com seu amor e carinho. E que nosso tempo seja gasto com elas, numa grande troca de gestos de generosidade. Que venham mais lágrimas, mas só as de alegria. 

Neste terça pela manhã regressaremos a Curitiba. Peço que nos tenham sempre em vossas preciosas orações!

terça-feira, outubro 07, 2014

Reflexões para o dia. O que tem a ver Pharrell Williams com a festa de Sucot.



“A Festa dos Tabernáculos, celebrá-la-ás por sete dias, quando houveres recolhido da tua eira e do teu lagar.  Alegrar-te-ás, na tua festa, tu, e o teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva que estão dentro das tuas cidades.” (Dt 16:13,14)

De vez em quando mudamos o repertório de músicas que ouvimos e aquelas que antes eram as melhores, acabam sendo substituídas por outras. E tem músicas que “grudam” na gente e quando nos distraímos, lá estamos nós cantando o refrão. 

Nos últimos dias vi vários clipes diferentes com a música “happy” de Pharrell Williams (recomendo que assista ao clipe antes de continuar a ler) até que vem meu filho Ariel e fala que essa música é do filme “meu malvado favorito 2”. Mas o que isso tem a ver com Sucot mesmo?

Nosso mestre Yeshua nos dizia: “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele.” (Lc 18:17) A verdade é que a vida de adulto às vezes parece chata, uma rotina diária de trabalho, e ganhamos o sustento, mas raramente dizemos que estamos felizes e satisfeitos. Já a vida de uma criança é muito simples, e elas se divertem com qualquer coisa; qualquer lata vira uma bateria; qualquer coisa vira brinquedo e eles não estão nem um pouco preocupados com a marca das roupas que vestem, se estão impecavelmente limpos ou ainda se fulano está chateado com eles... eles simplesmente são felizes. 

Talvez a maior mitsvah de sucot (além de construir uma cabana) seja a alegria. É mandamento ser alegre nesses dias de sucot. E alegria a gente aprende com as crianças. Já viu coisa melhor do que quando os pais brincam de cabaninha com os filhos? Parece que as crianças se transportam para um outro mundo. O mundo delas, das coisas simples, da atenção do pai e da mãe ao filho, e não ao noticiário, ou aos afazeres do dia seguinte. Os minutos de uma refeição dentro da sucá são mágicos para uma criança, e podem também o serem para nós, adultos. 

Esse filme infantil, Meu malvado favorito, mostra um homem mau, que é “seduzido” pela alegria de três menininhas. E a canção “Happy” fala exatamente disso: ALEGRIA, SIMCHAT.

Somos nós capazes de deixar os problemas de lado ao menos por alguns dias, de ver que precisamos de poucas coisas, e de nos contentarmos com uma simples cabana, coberta com folhas de palmeira? Podemos ter muitos bens, mas se prestarmos atenção, nos daremos conta de que a alegria está nas coisas simples. E é essa a lição que Yeshua nos deu, ao falar que precisamos ser como as crianças para entrarmos no Reino; a mesma lição que o Eterno nos dá a cada ano em Sucot, de que basta uma cabana, uma refeição e pronto, podemos sorrir e rir da vida. 
Sim, temos problemas, sim a vida é difícil às vezes, sim é duro ter que passar por determinadas situações, mas e daí? Podemos escolher enfrentá-las com um rosto angustiado e aflito ou de peito aberto, sorridentes. 

A canção do Pharrell diz: “E lá vem as más notícias falando disso e daquilo,... bem, devo te avisar que vou ficar bem; sem querer ofender, mas não perca seu tempo; e aqui está o porquê: Eu sou feliz!” 


Damos muito valor ao peso dos problemas e pouco valor à leveza do sorriso. É tempo de alegria meu caro! 

Construa sua cabana, seja ela grande, linda, ou pequena e desengonçada, o que vale é quando você estiver dentro dela, dar risada e se alegrar, porque isso é mandamento. D-us nos deu a vida, força e saúde o suficiente para construir uma cabana. E vamos combinar uma coisa: “ficar dentro de uma cabana é coisa de criança né?!” Que bom, pois quando somos crianças e quando nos sentimos mais próximos do Reino de D-us.

Então, como diz a canção: “Bata palmas se você sente que está num quarto sem telhado (uma sucá é uma casa sem telhados); bata palmas se você sente o que é a felicidade de verdade; bata palmas se você sabe o que é felicidade para você e bata palmas se você sente que é isso que você quer fazer...

Que tenhamos um ano de 5775 cheio de alegrias e boas noticias dentro de nossas cabanas. 

Chag Sameach Sucot 

*** Se você quer saber o que diz a letra completa da música, clique no link abaixo e ouça, com legendas em português e ingles (pra cantar junto)

https://www.youtube.com/watch?v=CEN9I8jJ0Nk

quarta-feira, outubro 01, 2014

Reflexões para o dia. A Torah ainda não mudou





“Diante das cãs te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR.” (Lv 19:32)

Nos últimos dias tive o privilégio de visitar o Rio Grande do Sul, e passamos (eu, minha esposa e filha) o feriado de Rosh HaShanah em Canoas (nossa kehilah na Grande Porto Alegre) junto com o Rosh Avraham e amigos gaúchos. Foi nossa primeira vez por ali e valeu muito a pena. Pessoas amistosas, e que nos receberam com enorme carinho. 

Ali, tive a oportunidade de rever brevemente o zaken Antonio Volmir. Não pude ficar muito tempo com eles, pois tinha um compromisso em Bagé/RS nos dias seguintes. Minha esposa e filha ficaram com eles no final de semana, e ela teve a honra de ser recebida para um almoço na casa do zaken. Na viagem de volta pra casa, ela me contava animada sobre como foi bom aquele domingo. Tanto para ela quanto para eles!

Depois, na volta da viagem, passamos por Vacaria, para uma visita à família do Rosh Mordechai. Ali novamente tivemos ótimos momentos. 

Quem me acompanha sabe que de vez em quando comento que venho meditando pelo caminho e esperando que o Eterno me dê uma confirmação sobre o assunto que pretendo escrever, e hoje foi novamente um dia assim; no rádio, o locutor dizia: “hoje é o dia do idoso” e deemos honrar os mais velhos, por sua sabedoria, etc...
Hoje, de volta ao trabalho no escritório, desejava falar sobre isso, e a resposta veio ao ouvir a rádio pela manhã. Normalmente chamar alguém de idoso, ancião, tem sido visito como algo depreciativo, infelizmente. Como em quase tudo atualmente, nossa sociedade diminui o valor da experiência da pessoa mais velha, e procura apagar da memória tudo o que eles já fizeram. 

D-us me deu o privilégio de trabalhar com pessoas mais velhas durante todo o meu ministério. Lá se vão 14, 15 anos e nesse tempo, trabalhei, exerci liderança sobre pessoas de mais idade e procurei respeitar a todos. É evidente que tivemos alguns atritos, mas no geral, acho que soube reconhecer o esforço dos antigos. 
Nos últimos 6 anos estive em Ponta Grossa e lá, já haviam dois zakenin (Ailton Avinadav e o Ananias). Sempre os reconheci, sempre fiz questão de citá-los, que não existiria a atual congregação, o meu trabalho, se eles não tivessem vindo antes. O mesmo se passa em diversas de nossas comunidades, e fico feliz que em Porto Alegre o jovem líder Avraham também demonstrou esse reconhecimento pelo zaken Volmir. 

Temos diversos lideres jovens, e não me entendam mal, muitos são fantásticos, de muito conhecimento, mas o que seria da CINA se não houvessem esses líderes antigos? É relativamente fácil para um líder jovem assumir um grupo com 30, 40, 50 pessoas e trabalhar com elas, mas quem os conduziu até ali foi o líder mais velho; se não os reconhecermos hoje, o que será de nós, quando chegarmos à velhice?

Nos próximos dias visitarei Brasília, Goiânia, que são cidades onde temos líderes jovens, que batalham para formar um bom grupo; depois, irei visitar Vila Velha, onde está o Rosh Nakidmon, um ancião (cheio de vigor) que ainda hoje trabalha incansavelmente na construção do Mikvê de Vila Velha. Em Campinas, ainda temos o Rosh Aganor Iohanan, e ainda há certamente outros líderes mais antigos que merecem nosso respeito.

Nesse ano de 5775, se existe um pedido a ser feito, é que voltemos nossos olhos aos líderes antigos, que os reconheçamos, que vejamos seus méritos. Sei que alguns não possuem um bom nível de conhecimento do judaísmo, mas isso é recompensado por bons anos de serviços prestados e da sabedoria que só os anos de vida podem ensinar. Alguns talvez já não seriam capazes de fazer uma prédica tão enriquecedora, mas certamente esses “anciãos” são dignos de que nos levantemos diante de suas presenças.

Foram homens como esses citados, Mordechay ben Avraham, Sebastião Hahn (Pinechas), José Rodrigues, Antonio Volmir, Rosh Melachim, Rosh Yohanan, Rosh Nakidmon e outros que nos trouxeram por longos anos e cada é digno daquilo que os americanos chamam de “stand ovation” quando todos ficam de pé, para aplaudir. 

Por razões óbvias não citei o Rosh Yishai ben Yehudah, meu pai, uma vez que alguém poderá dizer que é bajulação ao próprio pai, mas apenas reflitam o que seria da CINA sem ele? Não preciso de respostas. 

Vejo no horário político muitos jovens candidatos cuja maior plataforma é dizer: “sou o candidato da renovação, chega dos velhos políticos...” Sério? É só isso que sabem dizer? 

Só sei que a palavra de D-us diz que a Torah é imutável, e ela diz que devemos HONRAR A PRESENÇA DO ANCIÃO.

Shanah Tovah a todos, e que tenhamos um 5775 cheio de alegrias e respeito a todos, porque reconhecer os anciãos de nosso povo é honrar os que pavimentaram os caminhos por onde hoje trilhamos e dar honra a eles é cumprir a Torah do Eterno.