quinta-feira, outubro 30, 2014

Reflexões para o dia. Salvando o mundo


“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Romanos 12:21)

Ninguém é perfeito e isso todos sabemos, mas mesmo imperfeitos, somos capazes de fazer boas coisas; ainda que o mal nos cerque e que todos à nossa volta aceitem as práticas do que é errado, é nosso dever vencer o mal com o bem. 

Lembro-me sempre de algumas pessoas que diante de determinadas situações, poderiam fazer o mal, e ninguém seria capaz de julgá-las por isso, e ainda assim, essas pessoas optaram por fazer o bem.

José, governador do Egito, filho de Jacó, teve a oportunidade de se vingar de seus irmãos, quando estes não o reconhecendo, vieram a suplicar por alimentos, durante os sete anos de fome. Ele, no entanto, os ajudou, alimentou e os trouxe para perto de si, salvando toda a família.

A Torah fala das duas parteiras Shifrah e Puah, que receberam a ordem do rei do Egito para, no momento do nascimento, matarem a todos os meninos hebreus. Quem seria capaz de desobecer a uma ordem do governante supremo do Egito? Elas o fizeram, e preservaram a vida dos meninos, e um deles era Moshe Rabenu. 

Esses são exemplos claros daquilo que nos diz o Talmude: “Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro.”

Não somos personagens bíblicos, mas podemos ser bondosos, generosos com o próximo, apesar de sermos pecadores. Não importa o que alguém faça, salvar vidas trará sempre um sentimento de que nosso coração está se enchendo de alegria, por termos salvo a vida de alguém, por termos ajudado a alguém.

Hoje pela manhã senti vontade de rever algumas cenas do filme “A Lista de Schindler” e me emocionei de novo com as imagens finais, quando ele recebe um anel (que foi feito graças a um judeu que, em sinal de gratidão, deu seu dente de ouro para ser derretido e transformado no anel) com a frase do Talmude “Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro.”

Naquele momento, ele chora, lembrando que podia ter feito mais (sempre podemos fazer mais) e ouve como resposta: “você salvou mil e cem pessoas, e novas gerações virão graças a você” (Sim, podemos olhar para trás e ver todo o bem que já fizemos a alguém)

Lembrar do holocausto é sempre algo triste, quando milhões foram mortos pelo simples fato de serem judeus, mas esquecer o holocausto é permitir que coisas assim tornem a acontecer para a vergonha da humanidade. 

Schindler disse, em outro momento do filme: “o poder é quando temos todas as justificativas para matar e não o fazemos”

Isso me faz lembrar a história de Davi, quando era perseguido por Saul, o rei... e quando esteve diante da oportunidade de matar seu inimigo (e todos os homens de Davi o apoiavam nisso) ele prefiriu proteger o rei, e sentiu seu coração doer apenas pelo fato de ter cortado a orla do manto do rei. Com essa atitude, Davi conseguiu provar porque era um homem segundo o coração de Deus. 

Das várias vezes que estive em Israel, em algumas delas (quase sempre) fui ao túmulo de Schindler para, assim como os judeus sobreviventes do holocausto fizeram no fim do filme, depositar ali uma pequena pedra, como sinal de reconhecimento por tudo o que ele fez. 

Sim, Schindler podia ter feito mais e sim, ele não era um homem perfeito, mas quem o é? Ele fez a parte dele, agora, façamos a nossa. 
Nos preocupemos com o próximo, cuidemos de nossos irmãos, e ainda que todos façam o errado, procuremos fazer o certo, porque quem sabe esteja em nossas mãos o poder de salvar vidas, e de salvarmos um mundo inteiro.

Mostre que você é como Yosef ben Yaakov, ou como as parteiras que salvaram Moshe, ou como Davi, que poupou a vida do seu inimigo, ou quem sabe você seja como Schindler e ainda não descobriu o seu poder mágico de salvar o mundo. Faça alguma coisa, seja generoso, seja um tsadik e vença o mal com o bem!

*** Ps.: O video está em espanhol, mas quem sabe te inspire a alugar o dvd (ou ver no youtube) em portugues, o filme todo.

Se você quiser ir lá em Jerusalém e conhecer o lugar onde está sepultado esse tsadik, fale comigo... viaje conosco!






terça-feira, outubro 28, 2014

Reflexões para o dia. E deu Dilma, e agora?


“reza pela prosperidade daqueles que estão à frente do Estado, pois sem o seu temor os homens devorar-se-iam” (Pirkê Avot, 3:2)

Sempre gostei de política, de acompanhar debates, assisti a muitos “horários gratuitos na tv” e por outras vezes o país já esteve dividido, polarizado entre duas forças, mas essa eleição presidencial foi uma daquelas disputas que muitos saem feridos, e inclusive agora, com o advento das redes sociais, muitas amizades se desfizeram por conta disso. Valeu a pena? Acho que não, e para ninguém. 

A excelentíssima senhora presidente da república, Dilma Rousseff foi acusada de muita coisa (assim como seu adversário Aécio) e ela aceitou que sim, houve corrupção e desvio de dinheiro da Petrobrás, etc... mas ainda assim ganhou a eleição. 
Agora, surgem uma série de vídeos e coisas mostrando as fraudes nas urnas eletrônicas, outras mostrando o Brasil dividido entre o Norte/Nordeste (beneficiados com o Bolsa Família) e o Sul/Sudeste (que trabalha para sustentar os nordestinos), e o mapa da votação mostrou uma divisão, com Dilma vencendo nos estados do Norte/Nordeste e Aécio vencendo no Sul/Sudeste/Centro-Oeste. 
Quero me expressar como religioso, cidadão e brasileiro, que tem RG, CPF, Título de Eleitor e paga impostos; 
• Acredito que se houve fraude, deve ser apurado e se ficar comprovado, novas eleições sejam realizadas (embora não creia que isso vá acontecer). 
• Acredito que ninguém é perfeito e nem a Dilma e nem o Aécio seriam totalmente justos e livres de falhas em seus governos e que a corrupção está em todos os níveis do sistema político brasileiro; ou alguém pode provar que nos governos de SP, PR, e outros do PSDB não há corrupção? (Ps.: votei no Aécio, mais por acreditar que a mudança seria salutar do que por crer que ele seja o melhor político do mundo)
• Acredito que o governo Dilma seja capaz de reavaliar a situação e perceber que sim, foram vencedores, mas houve também grande rejeição, e algo precisa ser feito para melhorar. 
• Acredito que esse governo atual não foi tão ruim para o Brasil, se o fosse, perderia a eleição. É preciso reconhecer que houve coisas boas. Enfim, temos que ser sensatos!

Agora, acima de tudo, acredito que se foi assim é porque o Eterno permitiu. (Não que foi a vontade de Deus, mas Ele permite, pois nos deu o livre arbítrio) Se Ele permitiu, devemos respeitar. Não há um bom religioso sequer que não respeite as autoridades instituídas. 
Para os evangélicos, católicos, judeus messiânicos, etc... o apóstolo Paulo disse que devemos respeitar as autoridades (Rm 13:1-3)
Para os judeus, o talmude fala que devemos rezar pela prosperidade dos governantes, senão os homens se devorarão. (Pirke Avot 3:2) Isso é bem real hoje, pessoas se atacando, não respeitando a escolha dos outros, etc...

Outro aspecto importante é o respeito com nossos irmãos brasileiros, seja de que região forem. Nem todo nordestino é preguiçoso, nem todos vivem de bolsa-família, são analfabetos,  e ignorantes, assim como nem todos que vivem no sul são cultos, trabalhadores, elitistas. Ignorante é quem faz essa comparação, ofendendo milhões de pessoas. Ofender alguém só porque ele acredita num governo desse ou daquele partido é mancada. 

Não foram só os nordestinos que votaram na Dilma, mas cerca de 40% dos eleitores em estados como SP, PR, RS, etc... e por acaso essas pessoas são burras, vagabundas e vivem de bolsa família? Acho que não. 
Por outro lado Aécio teve milhões de votos no nordeste, e por acaso, se todo nordestino é burro e vive de bolsa-familia, como poderiam votar no Aécio? Mais respeito e inteligência amigos...

O profeta Jeremias disse: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz.”(Jr 29:9)

Coisas como: “o gigante acordou” ou “vamos separar o sul”ou “morte aos nordestinos preguiçosos” só acirram posições radicais e vão contra a democracia. Ganhar ou perder faz parte, e a presidente ganhou, foi reeleita. Haverá nova eleição daqui a quatro anos, e até lá, como bons brasileiros, devemos continuar rezando por um bom governo de nosso país, e que tenhamos paz.

Agora, é tentar restaurar as amizades destruídas por causa da eleição, e aprender que a democracia se faz acima de tudo com o respeito à vontade das pessoas e se os brasileiros quiseram assim, que seja.  E D-us permitiu que assim o fosse, então respeitemos.

segunda-feira, outubro 13, 2014

Reflexões para o dia: Amidá e a percepção do bem





Qualquer pessoa que está habituada a ritualística das rezas judaicas conhece a prece da Amidá, ou Shemonê Esrê, com suas dezoito bênçãos que ocupam algumas páginas do Sidur, mas deveriam ocupar nossas mentes a cada vez que abrimos nossos lábios. 
Talvez porque a amidá é rezada silenciosamente muitos de nós nos tornamos incapazes de ouvir suas poderosas palavras. Ela começa com: “Eterno, abre meus lábios e minha boca proferirá o teu louvor” e quantas e quantas vezes nossos lábios deixam de proferir o louvor para proferir palavras indignas, indecentes, difamatórias, maldições?!!! A verdade é que somos muito descuidados neste aspecto de nossa vida. Palavras são ditas, palavras que ferem e nem que alguém nos avise do mal somos capazes de reconhecer nosso erro e preferimos que o tempo apague e trate de curar as nossas ofensas.

Hoje tivemos uma tevilah em Goiânia, onde sete pessoas assumiram um compromisso diante do Eterno, e ao fazer com eles o tachanun, lembrava-me disso... “pecamos, traímos, fomos obstinados, pecamos intencionamente, falamos em linguagem vil, aconselhamos ao mal, etc...” e essa prece é dita no plural porque todos devemos nos reconhecer indignos diante da misericórdia divina. 

Outra verdade é que nos acostumamos tanto com o mal que deixamos de expressar e perceber o bem que nos cerca. Damos muito valor às criticas, às pessoas que nos odeiam, e perdemos tempo com isso, ao invés de valorizarmos aqueles que verdadeiramente nos amam e sentem-se felizes com nossa presença e amizade. Temos uma tendência de nos atrairmos por nossos traidores, e despendemos grande força e empenho em pessoas erradas. Quer um exemplo disso? Nesse final de semana mesmo, aqui no Planalto Central, em Brasilia e Goiânia... fomos impactados por gestos de amor e amizade como há tempos não via. 
Palavras carinhosas, sorrisos, abraços, preocupação em agradar, cuidado.... mais do que presentes, presença.... mais do que palavras, olhares sinceros de gratidão e respeito. Algo muito em falta hoje em dia. 

Mas, voltando à prece da Amidá, no fim temos: “Eterno, preserva minha língua de calúnias, e os meus lábios de duplicidade. Faze que a minha alma fique calma em presença dos malévolos e em todas as ocasiões seja ela humilde como o pó... Que as palavras da minha boca e as meditações de meu coração Te sejam agradáveis, ó Eterno, meu protetor e meu redentor.”

Palavras agradáveis são aquelas que expressam sentimentos positivos como gratidão e respeito, e então quero deixar aqui meu profundo sentimento de gratidão pela forma como fomos recebidos aqui (e em alguns outros lugares por onde passamos) em Brasilia, desde meu primo Tiago Junqueira, que nos acolheu em sua casa de forma muito generosa e especial, até a todos os chaverim da Kehilah de Brasilia, pelo shabat proveitoso que tivemos, pelas boas risadas, pela companhia sempre agradável do Rosh Yehudah e dos seus membros. 
Impossivel não deixar de agradecer por tudo em Goiânia, na liderança do amigo Yaakov, que nos prepararam um belo café da manhã (apesar de termos chegado por volta das 11horas) e o sorriso de todos ao nos recepcionarem, com um rosto resplandecente de alegria. Ao chegarmos, como não notar o cartaz enorme afixado na parede, demonstrando a felicidade em receber-nos? 

Ganhamos presentes em Goiânia, mas o melhor presente foi a gratidão de todos, e por isso mesmo, o Eterno tem abençoado o trabalho do Yehudah em Brasilia e do Yaakov em Goiânia, pois sete novas pessoas passaram pela tevilah, e sei que outras virão. 

Que nestes ultimos dias festivos de sucot, prevaleça a alegria, como é mandamento nessa festa.Que sejamos sempre humildes e que ao abrirmos nossos lábios, possamos proferir o louvor do Eterno; e que Ele, bendito seja, nos livre e faça com que nossa alma fique calma na presença dos malévolos e que sejamos sempre humildes como o pó. 

Baruch HaShem pelo dia de hoje, muito corrido e de muito calor. Valeu a pena ter passado sete horas ao volante indo de Brasilia a Goiânia e regressando. Que venham mais dias assim, com pessoas especiais, com alegria e gratidão. 

Expresso aqui também minha gratidão ao pessoal de Rondônia, que apesar de estarem há anos sem receber a visita do Rosh Yishai, compreendem e são gratos, e anseiam por um novo reencontro, que venha em breve. 

E que tenhamos nossos olhos abertos para percebermos as pessoas especiais que nos cercam com seu amor e carinho. E que nosso tempo seja gasto com elas, numa grande troca de gestos de generosidade. Que venham mais lágrimas, mas só as de alegria. 

Neste terça pela manhã regressaremos a Curitiba. Peço que nos tenham sempre em vossas preciosas orações!

terça-feira, outubro 07, 2014

Reflexões para o dia. O que tem a ver Pharrell Williams com a festa de Sucot.



“A Festa dos Tabernáculos, celebrá-la-ás por sete dias, quando houveres recolhido da tua eira e do teu lagar.  Alegrar-te-ás, na tua festa, tu, e o teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva que estão dentro das tuas cidades.” (Dt 16:13,14)

De vez em quando mudamos o repertório de músicas que ouvimos e aquelas que antes eram as melhores, acabam sendo substituídas por outras. E tem músicas que “grudam” na gente e quando nos distraímos, lá estamos nós cantando o refrão. 

Nos últimos dias vi vários clipes diferentes com a música “happy” de Pharrell Williams (recomendo que assista ao clipe antes de continuar a ler) até que vem meu filho Ariel e fala que essa música é do filme “meu malvado favorito 2”. Mas o que isso tem a ver com Sucot mesmo?

Nosso mestre Yeshua nos dizia: “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele.” (Lc 18:17) A verdade é que a vida de adulto às vezes parece chata, uma rotina diária de trabalho, e ganhamos o sustento, mas raramente dizemos que estamos felizes e satisfeitos. Já a vida de uma criança é muito simples, e elas se divertem com qualquer coisa; qualquer lata vira uma bateria; qualquer coisa vira brinquedo e eles não estão nem um pouco preocupados com a marca das roupas que vestem, se estão impecavelmente limpos ou ainda se fulano está chateado com eles... eles simplesmente são felizes. 

Talvez a maior mitsvah de sucot (além de construir uma cabana) seja a alegria. É mandamento ser alegre nesses dias de sucot. E alegria a gente aprende com as crianças. Já viu coisa melhor do que quando os pais brincam de cabaninha com os filhos? Parece que as crianças se transportam para um outro mundo. O mundo delas, das coisas simples, da atenção do pai e da mãe ao filho, e não ao noticiário, ou aos afazeres do dia seguinte. Os minutos de uma refeição dentro da sucá são mágicos para uma criança, e podem também o serem para nós, adultos. 

Esse filme infantil, Meu malvado favorito, mostra um homem mau, que é “seduzido” pela alegria de três menininhas. E a canção “Happy” fala exatamente disso: ALEGRIA, SIMCHAT.

Somos nós capazes de deixar os problemas de lado ao menos por alguns dias, de ver que precisamos de poucas coisas, e de nos contentarmos com uma simples cabana, coberta com folhas de palmeira? Podemos ter muitos bens, mas se prestarmos atenção, nos daremos conta de que a alegria está nas coisas simples. E é essa a lição que Yeshua nos deu, ao falar que precisamos ser como as crianças para entrarmos no Reino; a mesma lição que o Eterno nos dá a cada ano em Sucot, de que basta uma cabana, uma refeição e pronto, podemos sorrir e rir da vida. 
Sim, temos problemas, sim a vida é difícil às vezes, sim é duro ter que passar por determinadas situações, mas e daí? Podemos escolher enfrentá-las com um rosto angustiado e aflito ou de peito aberto, sorridentes. 

A canção do Pharrell diz: “E lá vem as más notícias falando disso e daquilo,... bem, devo te avisar que vou ficar bem; sem querer ofender, mas não perca seu tempo; e aqui está o porquê: Eu sou feliz!” 


Damos muito valor ao peso dos problemas e pouco valor à leveza do sorriso. É tempo de alegria meu caro! 

Construa sua cabana, seja ela grande, linda, ou pequena e desengonçada, o que vale é quando você estiver dentro dela, dar risada e se alegrar, porque isso é mandamento. D-us nos deu a vida, força e saúde o suficiente para construir uma cabana. E vamos combinar uma coisa: “ficar dentro de uma cabana é coisa de criança né?!” Que bom, pois quando somos crianças e quando nos sentimos mais próximos do Reino de D-us.

Então, como diz a canção: “Bata palmas se você sente que está num quarto sem telhado (uma sucá é uma casa sem telhados); bata palmas se você sente o que é a felicidade de verdade; bata palmas se você sabe o que é felicidade para você e bata palmas se você sente que é isso que você quer fazer...

Que tenhamos um ano de 5775 cheio de alegrias e boas noticias dentro de nossas cabanas. 

Chag Sameach Sucot 

*** Se você quer saber o que diz a letra completa da música, clique no link abaixo e ouça, com legendas em português e ingles (pra cantar junto)

https://www.youtube.com/watch?v=CEN9I8jJ0Nk

quarta-feira, outubro 01, 2014

Reflexões para o dia. A Torah ainda não mudou





“Diante das cãs te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR.” (Lv 19:32)

Nos últimos dias tive o privilégio de visitar o Rio Grande do Sul, e passamos (eu, minha esposa e filha) o feriado de Rosh HaShanah em Canoas (nossa kehilah na Grande Porto Alegre) junto com o Rosh Avraham e amigos gaúchos. Foi nossa primeira vez por ali e valeu muito a pena. Pessoas amistosas, e que nos receberam com enorme carinho. 

Ali, tive a oportunidade de rever brevemente o zaken Antonio Volmir. Não pude ficar muito tempo com eles, pois tinha um compromisso em Bagé/RS nos dias seguintes. Minha esposa e filha ficaram com eles no final de semana, e ela teve a honra de ser recebida para um almoço na casa do zaken. Na viagem de volta pra casa, ela me contava animada sobre como foi bom aquele domingo. Tanto para ela quanto para eles!

Depois, na volta da viagem, passamos por Vacaria, para uma visita à família do Rosh Mordechai. Ali novamente tivemos ótimos momentos. 

Quem me acompanha sabe que de vez em quando comento que venho meditando pelo caminho e esperando que o Eterno me dê uma confirmação sobre o assunto que pretendo escrever, e hoje foi novamente um dia assim; no rádio, o locutor dizia: “hoje é o dia do idoso” e deemos honrar os mais velhos, por sua sabedoria, etc...
Hoje, de volta ao trabalho no escritório, desejava falar sobre isso, e a resposta veio ao ouvir a rádio pela manhã. Normalmente chamar alguém de idoso, ancião, tem sido visito como algo depreciativo, infelizmente. Como em quase tudo atualmente, nossa sociedade diminui o valor da experiência da pessoa mais velha, e procura apagar da memória tudo o que eles já fizeram. 

D-us me deu o privilégio de trabalhar com pessoas mais velhas durante todo o meu ministério. Lá se vão 14, 15 anos e nesse tempo, trabalhei, exerci liderança sobre pessoas de mais idade e procurei respeitar a todos. É evidente que tivemos alguns atritos, mas no geral, acho que soube reconhecer o esforço dos antigos. 
Nos últimos 6 anos estive em Ponta Grossa e lá, já haviam dois zakenin (Ailton Avinadav e o Ananias). Sempre os reconheci, sempre fiz questão de citá-los, que não existiria a atual congregação, o meu trabalho, se eles não tivessem vindo antes. O mesmo se passa em diversas de nossas comunidades, e fico feliz que em Porto Alegre o jovem líder Avraham também demonstrou esse reconhecimento pelo zaken Volmir. 

Temos diversos lideres jovens, e não me entendam mal, muitos são fantásticos, de muito conhecimento, mas o que seria da CINA se não houvessem esses líderes antigos? É relativamente fácil para um líder jovem assumir um grupo com 30, 40, 50 pessoas e trabalhar com elas, mas quem os conduziu até ali foi o líder mais velho; se não os reconhecermos hoje, o que será de nós, quando chegarmos à velhice?

Nos próximos dias visitarei Brasília, Goiânia, que são cidades onde temos líderes jovens, que batalham para formar um bom grupo; depois, irei visitar Vila Velha, onde está o Rosh Nakidmon, um ancião (cheio de vigor) que ainda hoje trabalha incansavelmente na construção do Mikvê de Vila Velha. Em Campinas, ainda temos o Rosh Aganor Iohanan, e ainda há certamente outros líderes mais antigos que merecem nosso respeito.

Nesse ano de 5775, se existe um pedido a ser feito, é que voltemos nossos olhos aos líderes antigos, que os reconheçamos, que vejamos seus méritos. Sei que alguns não possuem um bom nível de conhecimento do judaísmo, mas isso é recompensado por bons anos de serviços prestados e da sabedoria que só os anos de vida podem ensinar. Alguns talvez já não seriam capazes de fazer uma prédica tão enriquecedora, mas certamente esses “anciãos” são dignos de que nos levantemos diante de suas presenças.

Foram homens como esses citados, Mordechay ben Avraham, Sebastião Hahn (Pinechas), José Rodrigues, Antonio Volmir, Rosh Melachim, Rosh Yohanan, Rosh Nakidmon e outros que nos trouxeram por longos anos e cada é digno daquilo que os americanos chamam de “stand ovation” quando todos ficam de pé, para aplaudir. 

Por razões óbvias não citei o Rosh Yishai ben Yehudah, meu pai, uma vez que alguém poderá dizer que é bajulação ao próprio pai, mas apenas reflitam o que seria da CINA sem ele? Não preciso de respostas. 

Vejo no horário político muitos jovens candidatos cuja maior plataforma é dizer: “sou o candidato da renovação, chega dos velhos políticos...” Sério? É só isso que sabem dizer? 

Só sei que a palavra de D-us diz que a Torah é imutável, e ela diz que devemos HONRAR A PRESENÇA DO ANCIÃO.

Shanah Tovah a todos, e que tenhamos um 5775 cheio de alegrias e respeito a todos, porque reconhecer os anciãos de nosso povo é honrar os que pavimentaram os caminhos por onde hoje trilhamos e dar honra a eles é cumprir a Torah do Eterno.