segunda-feira, junho 30, 2014

Reflexões para o dia. Teu povo, meu povo?





Rt 1:16 “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” 

Em época de copa do mundo é interessante ver a mobilização dos brasileiros, que unidos, se abraçam pra torcer por nossa seleção: “a pátria de chuteiras”. Apesar de apreciar o futebol, acho ridículo isso. O Brasil ganhando ou perdendo não muda nada em minha vida, nem na dos brasileiros; no dia seguinte, todos voltamos a trabalhar normalmente. Lamenta-se o fato de que essas ocasiões esportivas sejam das raras expressões da “união de nosso povo”.
Por outro lado, vemos há muito tempo exemplos da união judaica em prol de seus objetivos, e de como se sentem um povo. E isso vem desde nosso patriarca Avraham. 

Tenho lido um livro muito interessante de um rabino ortodoxo abordando o tema da conversão. Ele mesmo cita o caso da conversão sincera de Rute, que disse a famosa frase: “Teu povo é o meu povo” e aqueles que querem se converter precisam sentir dentro de si que fazem parte de um povo especial, e especialmente unido. 

Abraão, o primeiro patriarca, homem chamado por Deus, nos dá o tom de como ser um israelita. Quando, mesmo depois de ter se separado dele, seu sobrinho Ló foi sequestrado, nosso patriarca separa seus melhores homens, trezentos e dezoito, e foi em busca do sobrinho. 
“Ouvindo Abrão que seu sobrinho estava preso, fez sair trezentos e dezoito homens dos mais capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã. E, repartidos contra eles de noite, ele e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco. Trouxe de novo todos os bens, e também a Ló, seu sobrinho, os bens dele, e ainda as mulheres, e o povo.” (Gn 14:14-16)

Para que uma comunidade possa ser aceita dentro de um povo, ela precisa fazer parte, fazer parte nos projetos, fazer parte nas atitudes, sentir que a dor de seu irmão é a sua própria dor, e que o sofrimento do judeu, seja no Brasil, em Israel, Estados Unidos ou qualquer outro lugar é o seu sofrimento também. Só sermos felizes quando toda a comunidade judaica está bem e em paz. É preciso entender isso. 

Há oito anos atrás, em 25 de junho de 2006, jovens soldados judeus foram atacados por terroristas do Hamas, dois deles foram mortos, um terceiro ficou gravemente ferido e o quarto jovem, chamado Gilat Shalit, acabou sendo sequestrado. O que Israel fez? Uma grande campanha pra trazer de volta esse rapaz, de volta ao seio da família e de seu povo. 
Passaram-se anos, até que em 18 de outubro de 2011, ele foi solto, em troca de “apenas 1027” prisioneiros palestinos. 
Isso mostra o quanto vale um judeu para seu povo. 

Depois de sua libertação, Gilat em peregrinação por diversos lugares, inclusive Brasil, agradecendo pelo apoio recebido e falando sobre sua experiência.

Nos últimos dias, a situação se repete, quando Eyal Yifrach, 19 anos, Naftali Frenkel, 16 anos e Gilad Shaer, 16 anos, três jovens israelenses, foram sequestrado na região de Hebrom. Desde o dia 12 de junho, eles estão desaparecidos e iniciou-se em Israel e no mundo todo uma campanha chamada #BringBackOurBoys ou seja, “tragam de volta (devolvam) nossos garotos. E porque Israel faz isso? Por mídia? Pra se colocarem como vítimas? Obviamente que não. 
Israel trabalha constantemente para trazer de volta seus filhos, pela noção de que somos UM, e que o filho de um irmão do povo, é como se fosse meu filho também. 

As vezes acho que falta aos convertidos essa noção. De entrar em defesa de Israel. Quem de fato se preocupa com esses três jovens? E se fosse seu filho? Você gostaria que as pessoas se mobilizassem para encontrá-los?

Quando um pequeno grupo de nossos irmãos estava em Israel, dias atrás, eles experimentaram isso, ao ver milhares de judeus invadindo a área do Kotel (Muro das Lamentações) e unidos, rezarem ao Eterno pedindo pelo retorno dos três jovens. Isso nada tem a ver com mídia, mas com amor pelo próximo. 

Infelizmente, eles continuam desaparecidos. O Exército de Israel está inteiro mobilizado na busca dos três rapazes, e a campanha ao redor do mundo segue sendo divulgada pelos judeus. Se nós nos sentimos como parte desse povo, é hora de demonstrarmos também. 
Talvez alcancemos, como Abraão, nossos 318 homens de valor, para rezar por isso. Quem sabe assim sejamos dignos de HaShem nos ouvir e junto com todo nosso povo, brevemente, agradecermos a Ele por trazer de volta os garotos. 

Ontem, em nossa casa foi dia de mobilizarmos nossa familia, nossos filhos, fizemos pequenos cartazes, fotografamos, choramos pelas familias e esperamos que aquelas mães recebam de volta seus filhos. Enquanto conversávamos ontem, minha esposa disse: “Como aquelas três mães conseguem falar e ainda preservar um sorriso no rosto? Talvez porque elas sintam que não estão sozinhas.” 

Quantas vezes choramos sozinhos nossa dor e ninguém parece se importar? Ao menos para essas três mães, a dor e sofrimento é amenizado pois elas sabem que há milhões de judeus pelo mundo que rezam, choram e buscam seus filhos. 

Não gosto de pedir coisas, mas dessa vez abro uma exceção, que você meu amigo, junte-se a nós, em suas preces, faça tambem um cartaz, escreva a frase: “#Bring Back Our Boys” e faça uma foto... queremos montar um video só com fotos de membros da CINA (e amigos) que também esperam pela volta dos meninos, porque? Porque, como Rute, a moabita, somos parte do povo de Israel e dizemos: “Teu Povo é Meu Povo!

sexta-feira, junho 27, 2014

Reflexões para o dia. Pão e água para Israel



Dt 23:4 “ Porquanto não foram ao vosso encontro com pão e água, no caminho, quando saíeis do Egito...” 

É interessante observar o poder da mídia sobre a humanidade. Especialmente no Brasil, onde a maioria das pessoas vive diante da tv ou internet, a mídia exerce uma influência gigantesca, mas será que tudo é verdadeiro? Se é verdade, o jornalismo é exercido com imparcialidade? Com certeza não!

Ontem de noite fui fazer uma aula experimental numa academia de Curitiba. Resolvi ir com uma camisa do Beitar Yerushalaim (time de futebol de Jerusalém, o “Corinthians” de Israel). Logo o professor, muito simpático já veio me perguntar, de que time é essa camisa? Foi a deixa pra começarmos um papo sobre Israel... e ele admitindo um completo desconhecimento sobre o assunto perguntava: “E como é que está o clima em Israel? Está mais tranquilo?” 
Infelizmente as pessoas pensam que Israel é um país que vive em guerra, que tem gente sendo bombardeada nas ruas, que o soldados de Israel saem matando palestinos por todos os cantos. Será?

Estive em Israel por várias vezes já, e por fim, em maio desse ano; agora em junho outro grupo da CINA esteve por lá, e acabaram de voltar. Quantos homens bomba vimos? Quantos palestinos assassinados? Nenhum! Fomos e voltamos em segurança e paz.
É verdade que Israel é um país com um grande poderio militar, e também é verdade que quem visita Israel sempre vai encontrar com dezenas de jovens soldados pelas ruas. Mas Jerusalém é uma cidade muito segura, bem como a maioria das cidades de Israel (Pelo menos onde visitei) 
Mas de onde vem então esse pensamento esse pensamento errado sobre Israel? Boa parte da ignorância das pessoas e boa parte é culpa da mídia tendenciosa e antissemita. 

Há hoje um movimento relativamente grande de boicote a Israel, boicote a seus produtos, e inclusive, recentemente, a igreja presbiteriana dos Estados Unidos aprovou a retirada de apoio a empresas de Israel, sendo a favor da criação do estado palestino, com o objetivo de “forçar” Israel a parar com a construção em áreas palestinas. Essa mesma igreja acaba também de aprovar a realização de casamentos gays. Em princípio, isso tudo tem causado certo alvoroço no meio religioso norteamericano, e muitos evangélicos demonstram seu apoio a Israel, com faixas e cartazes dizendo: “A igreja presbiteriana não nos representa, estamos com Israel.” 

Não é de se admirar que um instrutor de academia não tenha profundos conhecimentos sobre Israel, e no meio da conversa perguntei se ele sabia sobre os três rapazes sequestrados em Israel. Claro que não! Pois é, a mídia brasileira não divulga. 

Há quase duas semanas, três rapazes judeus, estudantes, foram sequestrados (não se sabe exatamente por quem, qual grupo) e os palestinos festejavam nas ruas, com fogos de artifícios, e grande alegria o sequestro. 
Israel faz uma grande campanha no mundo todo, que tomou o nome de “Bring Back our Boys” (tragam de volta nossos meninos). Milhares de pessoas rezaram no Kotel por isso, faixas são estendidas em vários eventos, inclusive aqui, em jogos da copa do mundo, o exército de Israel trabalha incansavelmente para resgatar esses garotos, um de 19 e dois de 16 anos apenas.  Quantas vezes a mídia brasileira divulgou isso? Não sei, mas acabei de ler notícias de que Israel prendeu cerca de oitenta palestinos, que já matou mais de cinco pessoas, na tentativa de achar os jovens. Ora, Israel não sai matando pessoas nas ruas, mas se alguém foi morto, infelizmente, é porque estava dentre aqueles que constantemente lançam pedras contra os soldados de Israel, e que certamente intentavam o mal em seu coração contra nosso povo. 

A Bíblia diz, bem claramente, em Bereshit, quando Deus chama a Abrão e diz: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem e em ti serão benditas as famílias da terra.” 
Infelizmente parece que a bíblia da tal igreja americana não contempla estes versos. E infelizmente é possível perceber que as nações não querem ser abençoadas por Deus, pois constantemente se mostram contra Israel, especialmente nosso governo e nossa mídia claramente anti-Israel. 

Como podem alguém festejar o sequestro de jovens estudantes de Israel? Como pode alguém boicotar o que Israel produz, com o objetivo de pressionar Israel a aceitar “palestinos”. Aceitar isso seria aceitar que se sequestrem nossos filhos, que se matem pessoas inocentes, apenas pelo fato de serem judeus. Seria permitir o renascimento de Hitler, de maldita memória, em pleno seio do território de Israel. 

O Texto inicial de Dt 23 mostra que os amonitas e moabitas não entraria na congregação do Eterno, porque? Porque não foram ao encontro do povo de Israel com pão e água, quando estes saíam do Egito. Quem quer ser abençoado, abençoe Israel, viaje para Israel, ofereça pão e água, ajude, e não boicote.  O boicote a Israel é uma atitude mesquinha, digna de energúmenos.  

Não se deixe influenciar pela mídia anti-Israel e “Bring back our boys”

quinta-feira, junho 26, 2014

Reflexões para o dia. Sobre filmes, Quasímodos e vigiar




1 Sm 16:7 “Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.” 

A televisão exerce uma grande influência sobre a vida das pessoas. Uns gostam de assistir noticiários, outros esportes, outros filmes, séries e outras novelas. Confesso que de vez em quando fico perdido quando pessoas comentam sobre determinados programas, parece que estão falando de outra língua; isso é algo natural (no post passado falei que cada um tem suas opiniões, gostos e é necessário respeito ao próximo)
Por falar em respeito ao próximo, nas últimas duas noites assisti dois filmes; um, chamado “O Pacto” passou ontem na globo, sobre o que falarei depois, mas na terça assisti um desenho antigo chamado “O Corcunda de Notre Dame”. Hostória famosa, velha, mas minha esposa comentava: “esse filme é triste” ao ver o Quasímodo (o tal corcunda, que é bem feio de aparência) ser maltratado, motivo de zombaria, apenas por causa de sua aparência. 
Engraçado como são as coisas; dias atrás vi no noticiário sobre uma jovem que foi surrada na escola “porque era bonita demais” e as outras, idiotas enciumadas, queriam deixá-la feia. 

Não é de se espantar que até mesmo o profeta Samuel tenha se deixado levar pela aparência para escolher o futuro rei de Israel. E foi repreendido pelo Eterno, que disse: “não atentes para a sua aparência”... porque o Senhor não vê como o homem vê; o homem vê o exterior, mas Deus vê o coração.
Claro que a beleza nos atrai, ninguém namora, casa com alguém que considere “feio”. Dizer que não é assim é hipocrisia, mas, voltando ao desenho, foi interessante ver a linda Esmeralda se desculpando com o Quasímodo por achar que ele estava usando uma máscara e por tê-lo exposto diante de todo o povo.  O restante da estória é irrelevante agora (assista o desenho) mas é legal ver quando alguém reconhece que errou ao julgar o outro pela aparência, e é capaz de se desculpar por isso. Esmeralda acabou se tornando amiga do corcunda. 
Pode ser que no futuro esse “feio corcunda” venha a ser nosso grande amigo, mas isso só vai acontecer se deixarmos de julgar as pessoas pelo exterior, aparência física, roupa, carro, e passarmos a enxergar o coração. Porque sim, seria bom se passássemos a enxergar as pessoas da forma como Deus as vê. Isso é uma questão evitar julgamentos precipitados, questão de vigiar. 

E por falar em vigiar, é aí que entra o outro filme: “O Pacto”, esse já um filme mais adulto, um thriller de ação e suspense em que um casal normal como outro qualquer passa por uma situação traumatizante, quando a mulher é violentada e, no hospital, seu marido recebe uma proposta: “nós damos um jeito no cara que fez isso, e você fica nos devendo alguns favores...”
Na vida todos passamos por momentos em que nos sentimos aflitos, as vezes desamparados, as vezes sob pressão...  e é justamente nessas horas que nos chegam as tais “propostas irrecusáveis”. 
Cada um tem seu momento e sua situação, mas pode ser, por exemplo, quando você está desempregado, precisando de dinheiro e aparece a “proposta irrecusável” de um emprego ilícito, ou que que obriga a transgredir o shabat, ou talvez um casal, que passa por um momento de crise, e alguém vem com um elogio à mulher, dizendo coisas como “seu marido não te valoriza, você é linda...” ou vice-versa. Pode ser para um jovem com problemas em determinada matéria na escola, e alguém aparece com as respostas das perguntas que cairão na prova, etc... ou, como no caso do filme, uma oportunidade de vingança, sem que você se comprometa.

A Bíblia diz: “Observa o homem íntegro e atenta no que é reto; porquanto o homem de paz terá posteridade. Quanto aos transgressores, serão, à uma, destruídos; a descendência dos ímpios será exterminada.” (Sl 37:37,38)

Integridade, palavra que deriva íntegro, algo completo, integral. Quando não vigiamos e caímos nessas “astutas ciladas do inimigo” deixamos de ser “íntegros” e teremos que passar pelo doloroso processo de reconstrução de nosso caráter, aceitar que cometemos um erro e precisamos corrigir. 

Portanto amigos, simples filmes podem nos trazer grandes lições, se buscarmos aprender nos pequenos detalhes e procurarmos refletir acerca das situações da vida. 
Seja esperto, atento, vigie mais; momentos difíceis todos teremos, e propostas irrecusáveis também, mas mesmo propostas irrecusáveis podem ser recusadas por um bem maior, algo que realmente valha a pena: nossa integridade moral. E para termos integridade moral também é necessário não julgar apenas por aparência... embora seja difícil, que busquemos a capacidade de ver além do exterior, além do superficial, e de vermos o coração. 

terça-feira, junho 24, 2014

Reflexões para o dia. Contra ou a favor?




1 Rs 18:21 “Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.” 

É natural que na vida tenhamos alguns momentos de incertezas diante de determinadas situações, mas isso nunca em referência a nossas convicções, sejam elas pessoais, profissionais ou religiosas. 
Em certa ocasião foi dito: “sejam vossas palavras sim, sim e não, não, porque o que passa disso vem do maligno.”

Quando o profeta Elias perguntou ao povo sobre esses dois pensamentos e qual eles iriam seguir, se o Deus de Israel ou Baal, a resposta do povo foi o silêncio, proveniente da falta de convicção.  
Hoje isso se revela em muitas maneiras, mas e quando as pessoas não concordam com nosso ponto de vista? Mudamos? Aceitamos a maioria? Afrontamos todo mundo só pelo fato de que não vamos voltar atrás? 
Existe uma diferença entre convicção e teimosia, entre diferentes pensamentos, preferências e imposições. E é necessário apenas de nossa parte que sejamos constantes... aceitemos que outras pessoas tenham pensamentos diferentes e que podemos conviver tranquilamente se todos nos respeitarmos. 

Hoje estamos no auge da Copa do Mundo, um grande evento esportivo e que reflete bem isso. Há milhares de pessoas que gostam, que apreciam os jogos, a festa, acompanham, uns mais aficcionados, preenchendo album de figurinhas, fazendo a tabela, etc... outros gostam menos. E há também os que não gostam, simplesmente não assistem e a copa não interfere em nada na vida deles. Há ainda aqueles que não queriam a copa no Brasil, e dentre esses, há os que “protestam” destruindo patrimônio público, saqueando lojas, enfim, verdadeiros idiotas. 

Eu, como homem, aprecio esportes, me divirto com futebol, torço para o Santos, e claro, na Copa, acompanho alguns jogos, vejo os resultados, os gols, e torço pelo Brasil. Sou a favor da Copa no Brasil (embora seja contra a roubalheira que foi feita)   e acredito que os milhares de turistas que vieram ao Brasil poderão levar boas recordações de nosso país, e o turismo ajuda a economia brasileira. Mas também sou a favor do direito de protestar, mas acho que uns 30 anos de presidio fariam bem aos black-blocks, mascarados que destroem tudo e roubam. Por outro lado, como religioso, não permito que o futebol ou qualquer outro esporte interfira em minha vida religiosa, e com o maior respeito, entendo que shabat não é dia de ficar falando de futebol, de time, de copa. 

Ontem foi uma (meia) polêmica em meu perfil do facebook, só pelo fato de eu ter publicado umas fotos de meus filhos com a camisa da seleção, ao lado do avô. Foi um momento de alegria familiar, e daí já aparece alguém pra criticar, estragar. Quando vi, já tinha lá uma série de comentários atacando esporte, futebol, dizendo ser pecado, paganismo e julgando que isso fosse algo gravíssimo. 
Com todo respeito do mundo, já fui alvo antes, anos atrás de pessoas que abandonaram a congregação porque “me viram com uma camisa de futebol (da seleção de Israel) e julgaram isso como fanatismo.” Ontem, de igual forma, a pessoa me excluiu do rol de amigos porque eu publiquei uma foto? Nossa! Quanta santidade?! 
Quer dizer, a pessoa publica NO MEU PERFIL uma série de coisas, e quando eu argumento no particular, preservando a pessoa, ela ainda reclama e me exclui? Falta noção de maturidade. 

Já publiquei comentários anteriores no MEU perfil, em que me posiciono contra a bebedeira, contra determinadas músicas, contra algumas práticas, mas sempre respeito o direito dos outros de pensar diferente. Acho que há coisas grandes, como a Torah, em que devemos pensar igual, seguir juntos, e há outras que podemos pensar diferente, e ainda assim sermos bons amigos... eu sou santista, gosto de cores sóbrias, não gosto de verde, não gosto de roupa listrada, nem xadrez, nem musicas da Anitta. Outro gosta do SPFC, gosta de cores chamativas, tem gosto musical diferente, etc... e daí? podemos ser companheiros assim mesmo. Respeitar a opinião alheia sobre coisas importantes e aceitar que eles sejam diferentes em coisas de menor valor é princípio da fé judaica também. Como dizem: “dois judeus, três opiniões.”

Ontem o Brasil ganhou de Camarões. Gosto tanto de futebol que estava trabalhando durante o primeiro tempo, não vi os gols, depois, saí na hora do intervalo e perdi vinte minutos do segundo tempo. O que isso mudou na minha vida? Nada! Porque futebol é só diversão e estou ciente de que há coisas mais importantes. 
Por coisas “do destino” o Brasil jogará no próximo sábado. E aí? vai assistir? Eu não, e não vou ficar desesperado querendo saber o resultado... depois, de noite verei no Jornal Nacional. 

Só não posso mudar minha convicção de que o Shabat é sagrado. Espero que não fiquemos a coxear entre dois pensamentos... Se Deus é Deus, fiquemos com Ele... se o futebol é mais importante do que Deus, fique com ele.

*** Ps. Toda questão polêmica criada em meu perfil é deletada. Agora, se você quiser me mandar mensagem particular, podemos bater-papo, discutir o assunto com o maior prazer, e o devido respeito.

quarta-feira, junho 11, 2014

Reflexões para o dia. Quem é o pobre?




Mc 14:7 “Porque os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem...” 

Numa das preces do shacharit diário dizemos: “Soberano dos mundo e Senhor dos Senhores! Não é confiando em nossos atos de Justiça que apresentamos a Ti as nossas súplicas, e sim na Tua infinita misericórdia. Que somos nós? Que é a nossa vida? Que é a nossa benignidade? Que é a nossa justiça?...”

De vez em quando fico observando pessoas bancando o tsadik, se achando “o justo” e talvez o sejam realmente e nós é que não somos capazes de entender o senso de justiça divino. Daí sempre começo a meditar sobre essas coisas. Dias atrás, estava no mercado com a esposa, e ao sairmos, começamos a falar sobre o valor do salário mínimo (hoje, pouco mais de R$ 700) e o quanto é injusto. 
O governo brasileiro alardeia, ainda mais agora, em época de eleição, que tirou milhões da linha da miséria, que as pessoas mudaram seu status social. Será mesmo?
No Brasil, e em geral no mundo, a sociedade se divide em classes, classe A (os muito ricos) B (ricos) C (classe média) D (média baixa) E (pobres) e os miseráveis. Em que classe estamos? Como se define isso? Quem é pobre?

Quanto mais dinheiro se ganha, mais se perde também o senso de valor, de quem é pobre... 
Por exemplo: você olha um cidadão com um carro de mais de cem mil reais e fala: “Tá rico hein?” e o que ele te diz? “Rico nada, rico é fulano que tem tal carro, que custa trezentos mil... e já o que tem um carro de trezentos mil diz: “rico é o que tem uma ferrari..” No sentido de pobreza também ocorre o mesmo. Então me vejo questionando essas coisas, para tentar ser justo. 

Em nossa comunidade adotamos o terceiro dízimo, como forma de ajudar os pobres, mas de novo, como sabemos qual a hora de ajudar alguém pobre? Para alguns, é quando a pessoa está desempregada, com três contas de luz vencidas, sem comida na mesa, etc... mas seria isso justo?

Quando adotamos o terceiro dízimo (e cada rosh tem uma visão acerca do assunto) nas congregações que dirigi tinha um princípio. Eu não queria que tivéssemos milhares de reais numa conta, sem beneficiar a ninguém. Era lícito termos um valor “X” para uma emergência, mas sempre que passava disso, eu procurava ver as pessoas que tinham menos recursos e lhes oferecia uma ajuda. Vou citar alguns exemplos que vivemos:
• Há muitos anos atrás eu e minha esposa fomos visitar uma família da congregação, que ninguém consideraria “pobre merecedor do terceiro dizimo”. Pra agradar à criança, levei uma caixa de bombons. A visita foi boa, e enfim, cumprimos o objetivo de visita “pastoral”. Dias depois, a mãe veio me procurar e agradeceu, dizendo que os filhos (além da menininha, já tinham dois filhos adolescentes) nunca haviam ganho uma caixa de chocolates, pois eles, apesar de nunca terem passado fome, também nunca tiveram dinheiro pra “futilidades”. 
Me senti mal, porque em casa também nunca faltou, mas de vez em quando, a gente tinha chocolates, sorvetes, enfim, coisas que agradam toda criança.
Hoje, de vez em quando vou com meus filhos ao cinema, na saída pegamos um sorvete casquinha, enfim, nada de esbanjar, mas uma diversão familiar; raramente jantamos no shopping também. Mas você sabia que tem crianças que nunca passaram fome, mas nunca tiveram uma chance de ir num cinema? Nunca ganharam uma bola de couro, nunca foram num shopping e “esbanjaram dinheiro” numa sorveteria? 
Toda vez que fazemos isso, eu volto pra casa feliz com meus filhos e agradecemos ao Eterno por essa bênção. Somos ricos? Talvez diante de algumas pessoas sim, pois temos um carro razoável, tv a cabo, internet...
• Meu filho do meio, Ariel, ama carrinhos. Ele sempre ganha um ou outro Hot Whells. A coleção dele tem cerca de 120 hoje, mas era pra ter certamente mais de duzentos. E de vez em quando o questionamos; mas nunca passa disso sua coleção, cadê os carrinhos que comprei? Ele responde, na sinceridade infantil: “dei alguns pros meus amigos ué?” 
Dias atrás, voltei de Israel e trouxe um fone de ouvido pra ele; achei que ele ficaria feliz. Ficou! Daí ele falou pra mãe dele: “posso dar esse fone de presente pro fulano (um menino da Beit Sede)?” Então embrulharam num pacote de presente e no shabat seguinte ele entregou ao amigo. 
• Quando alguém necessitava de ajuda na congregação, para pagar as contas atrasadas, eu sempre falei ao tesoureiro para darmos um pouco mais, e dizia ao chefe da familia: “isso pra pagar as contas e tome mais tanto e compre um chocolate, leve seus filhos no shopping, no parque, pague um doce pra eles...”

Terceiro dizimo também é pra essas coisas (na minha modesta visão) e como Yeshua disse: “sempre tendes os pobres convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem..” 

• Um dia eu estava na congregação, batendo papo com uns amigos, e de repente veio um membro e chamou outro em particular. Fiquei curioso, mas não questionei... na semana seguinte, aquele homem que fora chamado em particular me contou, feliz da vida: “fulano me chamou porque ele queria dar a mim e minha família a oportunidade de irmos no congresso, e ele iria pagar tudo, passagens, estadia...(essa familia tinha 4 pessoas, e o gasto seria certamente mais de R$ 1000,00)”. Se você olhar para o chaver que fez essa tsedakah, não acredita que ele tenha tudo isso, que possa pagar diárias do congresso para uma família inteira apenas por tsedakah... mas ele fez. E essa família, que nunca tinha tido tal oportunidade, viajou feliz para o congresso em Sumaré. 

Tenho pra mim que pobre (financeiramente) é todo aquele que possui menos que eu. Então, meu terceiro dizimo também é pra estes, para ajudá-los a quem sabe ter um pouco mais, a viver um pouco melhor...
De que adianta ter trinta, quarenta mil no banco, como terceiro dizimo, se não compartilharmos com aqueles menos abastados entre nosso povo... podeis fazer-lhes bem...

Se você, como eu, não é rico, mas sente que tem relativo conforto, desfrute disso, é uma dádiva divina, mas olhe pro irmão que está do seu lado.

Ofereça a ele uma oportunidade de desfrutar de algo bom. Dê brinquedos não apenas a seus filhos, mas aos filhos dos outros... ofereça uma caixa de bombons, um carrinho novo, uma boneca... porque tsedakah não é feita só de cesta básica.... porque sim, podemos fazer-lhes o bem.

segunda-feira, junho 09, 2014

Reflexões para o dia. Shavuot, Torah, Rute, Casamento



Rt 3:10 “Disse ele: Bendita sejas tu do SENHOR, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira, pois não foste após jovens, quer pobres, quer ricos.” 

Acabamos de passar pela festa de Shavuot, em que celebramos a outorga da Torah a Israel. Essa deve ser uma festa bonita, cheia de alegria, porque nos traz à memória quando Israel recebeu, através de Moshê, a sua “Ketubah”, seu contrato de casamento com o Eterno. 
Um dos costumes é ler o livro de Rute, a moabita que teve uma conversão sincera e humilde ao Deus e ao povo de Israel, com a famosa frase: “Teu povo é meu povo, Teu Deus é meu Deus.” 
Há uma conexão interessante entre casamento e shavuot, que vai além do simbolismo da Torah como a ketubah e Moshê como o casamenteiro...
No shabat, em momento da prédica, o Rosh Yishai citava o comportamento das jovens que se casam, e muitas vezes são levadas não pela responsabilidade do casamento, mas por atitudes infantis, casando-se com o primeiro que aparece, ou o rapaz que tem destaque, independente de ele ser trabalhador, e de sua capacidade e responsabilidades diante do Eterno. Atitudes que, se comparadas com Rute, nada lembram a moabita exemplar. 

Voltando a Shavuot, e a Torah, analisando friamente percebemos que é um casamento com dificuldades, e que ao longo da história, Israel, como esposa, abandonou ao Eterno, seu esposo. O Esposo então a castiga, brigam, vai e volta, mas enfim, permanecem casados. E Israel foi, é, e continuará a ser a única esposa do Eterno. Valeu a pena a Torah? Valeu a pena essa ketubah e esse casamento? Sim, claro que sim!

Isso é a mais perfeita alegoria de um casamento. E assim são os casamentos de verdade. Muitas vezes pessoas observam casais jovens e expressam frases como: “foram feitos um para o outro” ou “esse é o casal perfeito, um exemplo...” mas será mesmo? Quantos e quantos “casais perfeitos” se separam depois dos primeiros anos ou meses de matrimônio?
Isso ocorrem porque não há um comprometimento; comprometimento não com a beleza jovial ou o satisfazer-se, mas o comprometimento com o cônjuge, em ser um bom marido/esposa PARA o cônjuge e não em se benefiar dele. 

É bonito ver fotos de casais jovens, acho bonito a cerimônia de casamento, as fotos no facebook dias depois, a alegria da lua-de-mel, etc... mas acho mais bonito ainda casais com 20, 30, 50 anos de casados, mais do que postarem fotos, viverem juntos, demonstrarem satisfação em estar casados. 

Hoje completo dezoito anos de casado, amo fazer fotos com minha esposa, agora com nossos três filhos. Como todos os casais de verdade, eventualmente temos conflitos (poucos) mas passamos por eles e nos fortalecemos. Nos espelhamos em casais mais velhos, admiramos pessoas que preservam seus matrimônios, que não ficam expondo suas queixas na internet, lavando roupa-suja diante de “amigos” ávidos pra ver a próxima atualização de status do facebook. 

Amo um verso de provérbios que diz: “O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do SENHOR.” (Pv 18:22) talvez porque ele expresse a verdade para o homem... ter uma esposa é ser digno da bondade de Deus.
Rute, ouviu de Boaz, “Bendita sejas tu do SENHOR, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira, pois não foste após jovens, quer pobres, quer ricos. Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.” (Rt 3:10,11) E eu me pergunto: quem foi generoso com quem nessa história? Ela que casou-se com um senhor (e não com o jovenzinho bonitinho) ou ele que foi lhe por resgatador? 
Não importa! Quando ambos são generosos um com o outro e se preocupam com um cuidar do outro, o casamento vai permanecer sendo algo mágico e belo. 

Dias atrás soube de um homem que largara sua esposa e já estava com outra mulher, e fiquei triste, claro. Embora o mundo esteja cheio de garotas desavergonhadas, acho uma covardia abandonar a esposa, que ajuda o homem a crescer, dá a ele sua juventude e trocar por uma garota qualquer. 

Não quero entrar em mérito do porque se separaram, mas a bíblia diz que o Eterno “odeia o divórcio”. 

Acho muito interessante uma charge em que um jovem pergunta ao idoso, casado há muitos anos, como ele conseguiu manter o casamento depois de tanto tempo e ouviu como resposta: “Meu filho, somos de época em que quando alguma coisa quebrava, éramos ensinados a consertá-la e não a simplesmente jogar fora.” 

Pense nisso! Essa também é uma lição de shavuot.

*** Agradeço ao Eterno infinitamente pela bondade demonstrada para comigo, ao conceder-me a graça de há dezoito anos atrás casar-me com a Eliana. Ela não é apenas a líder da Kol HaNashi, a mulher virtuosa, um exemplo, etc... mais do que tudo isso, ela é a demonstração viva da generosidade do Eterno para comigo. 
Lá se vão mais de 6570 dias em que tenho visto se cumprir em mim o texto de Pv 18:22. Tenho alguém que cuida de mim, que ama e me suporta, mesmo com meus muitos defeitos e meu jeito ranzinza que se agrava com meus cabelos brancos. 
Eliana, em ti se cumpre o texto... pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa. JTM!

quinta-feira, junho 05, 2014

Reflexões para o dia. Sinagogar




Lc 4:16 “Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.” 

Desde tempos remotos para todo judeu, shabat é dia de frequentar a sinagoga. Não consigo entender alguém que se diz israelita não frequentar a sinagoga (exceto os isolados, que não tem sinagoga por perto). Você pode não gostar do rabino, das explanações de parashah, dessa ou daquela pessoa, mas isso não tira de você a obrigação de cumprir a mitsva da “santa convocação semanal”

Todo dia, quando rezo pela manhã, há uma das preces do shacharit que diz algo que aprendi a valorizar, e diz: "Que felizes somos; quão boa é a nossa parte e quão agradável é o que nos coube em sorte! Quão bela é a nossa herança; bem-aventurados somos nós que, tanto pela manhã cedo, como à tarde, frequentamos as sinagogas e as casas de estudo, proclamando a unidade do Teu Nome, repetindo diariamente, duas vezes, com fervoroso amor: "Shemah Yisrael, Adonai Elohenu, Adonai Echad..." (Sidur, pagina 31)

Como tenho falado nos ultimos dias recordando a nossa recente viagem a Israel, na sexta-feira tudo fecha mais cedo em Jerusalém e duas, três da tarde já a cidade fica deserta em seus bairros judaicos, e todos se preparam para receber o shabat.  Como estávamos num hotel “ortodoxo” no fim da tarde, ao regressar para o quarto, no lobby e na saída do elevador havia muitos kits, com caixas de fósforos e um par de velas para quem quisesse acender as luzes do shabat no quarto. (Imagino agora, que os hóspedes que não eram judeus não deviam entender nada daquilo).

Depois de acendermos as velas do shabat, era hora de rumarmos para a Grande Sinagoga de Jerusalém. Durante o trajeto, ruas vazias, já não havia trem, ônibus e barulhos, só a quietude anunciando que era chegado o shabat. 

Ao chegarmos, logo pegamos os sidurim e nos assentamos. Aí lembre-me da primeira vez que lá estive há vários anos atrás. Estava tão deslumbrado que mal prestava atenção à liturgia, e também, não conseguia acompanhar no sidur em que página estava. (Obviamente, sidur lá, só no hebraico) 
Hoje, ao chegar, já sinto-me parte do serviço, posso chegar atrasado ou adiantado, já consigo acompanhar o serviço tranquilamente, e rezar junto.
Aí me lembro que essa é uma reclamação de muita gente, que não consegue acompanhar a liturgia... e eu fico me questionando: será que essa pessoa quer mesmo acompanhar? Será que ela está se esforçando? Em nossos serviços é muito fácil acompanhar, uma vez que o chazan informa sempre qual página está e qual reza, e ainda tem a transliteração do texto e a tradução, o que facilita muito, mas, voltando ao assunto...

Shabat, cabalat shabat na Grande Sinagoga de Jerusalém, só vai fazer sentido se você reza o cabalat, o shacharit, na sua sinagoga aqui no Brasil. A devoção no serviço lá, só se mostrará verdadeira se você se deixa levar pela devoção no shabat aqui. 
Sim, lá provavelmente é mais bonito. Não apenas porque o chazan é mais afinado, tem um coral cantando junto, a sinagoga é espaçosa, confortável... mas porque lá é Jerusalém né gente, e tudo contribui para a santidade desse dia sagrado. 

Esse ano foi interessante, porque quando o serviço acabou, fomos ficando por lá, ficando, ficando e quando vimos, as luzes já estavam se apagando e a porta principal fora fechada. Tivemos que sair pela porta lateral e fomos dos últimos a deixar a Sinagoga. 

No shabat seguinte, fizemos nosso breve shacharit nas ruínas da sinagoga de Cafarnaum, às margens do Mar da Galileia,  e foi-me inevitável refletir acerca de Yeshua, nosso rabino, mestre que há dois mil anos, naquela região, também costumava rezar no shabat nas sinagogas que ali havia. 
Ora, se somos hoje seus discípulos e somos recomendados a imitá-lo, então é nosso dever, a cada shabat, procurarmos estar na sinagoga, rezando, estudando a Torah e nos saciando do espírito do shabat. 

Não importa pessoas, não importa se gosto ou não de tal chazan, se o líder é meu amigo, enfim, shabat é shabat, seja aqui ou em Jerusalém. E atender à santa convocação é cumprir uma mitsvah, portanto, sem arrumar desculpas, deixe-se contagiar pelo espírito do shabat. Acenda suas velas ao fim da sexta-feira e que essa luz de ilumine.

*** A propósito, a Grande Sinagoga de Jerusalém foi fundada em 1982, no dia 15 de Av, e tem capacidade para acomodar 850 homens no pavimento inferior e mais 550 mulheres no pavimento superior a cada serviço. Seu chazan, Chaim Adler é um grande cantor lírico e um dos mais famosos chazanim do mundo. 

segunda-feira, junho 02, 2014

Reflexões para o dia. O velho muro



2 Cr 7:15:16 “Estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar. Porque escolhi e santifiquei esta casa, para que nela esteja o meu nome perpetuamente; nela, estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.” 

Cada pessoa tem seu lugar preferido no mundo. Uns preferem Paris, outros Nova York, outros Rio de Janeiro, Curitiba, uns preferem praias, outros fazenda, outros shopping centers, mas há um lugar especial na Terra, que vai muito além de todos estes citados. É o lugar onde D-us habita. Mas que lugar é esse?
Você pode chamá-lo de “Muro das Lamentações”, Muro Ocidental, Wailing Wall, Western Wall, ou simplesmente, Kotel,  como os judeus o chamam, mas independente do nome que as pessoas dão, podemos chamá-lo de “Casa de Deus”.

Numa peregrinação a Israel é possível aprender muitos sobre dados históricos, quando foi construído isso ou aquilo, e muitas dessas coisas você pode aprender com o Google, mas não há nada mais fantástico de que a sensação de tocar nesse muro. Aí, nesse momento, todas as aulas de história ficam pra trás, e somos tomados pelo sentimento único de que estamos diante da Casa de D-us. 
A cada nova caravana que organizo, que levo para Israel, tenho a oportunidade de me reencontrar com os lugares sagrados, e estar no Kotel nunca foi motivo para “lamentações”, mas sempre de gratidão ao Eterno por me conceder a oportunidade de lá estar novamente. Lá, tenho meu “cantinho”, meu “ritual”, quando na parte interna posso pegar uma cadeira, um livro de tehilim (salmos) e me assento, calmamente leio, depois me levanto e vou ao muro fazer uma prece. Faço isso por diversas vezes, a cada uma delas lendo um salmo e rezando por diferentes razões, e sim, sinto que minhas preces são sempre ouvidas e atendidas. Não raras vezes vi eu pedir por alguém, e ao chegar de volta ao hotel, a pessoa me dizer que já tinha recebido a sua bênção. 

Mas por quê disso tudo? Porque foi Ele próprio quem disse a Salomão,  “Estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar. Porque escolhi e santifiquei esta casa, para que nela esteja o meu nome perpetuamente; nela, estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.” Não importa o fato de o Templo ter sido derrubado por duas vezes, o muro ainda está lá, ainda resiste, como um sinal de que D-us está naquele lugar. 

Muitos dizem: “ah, é meu sonho ir pra Israel” mas não se mexem para transformar o sonho em realidade. As coisas são muito relativas nessa vida. Por que “não podem” ir a Israel? Ah é caro! Será? Hoje todo mundo anda de carro novo, financiado em 60 meses, pagando ao final o dobro do valor, com parcelas de no mínimo 700 reais e não tem dinheiro pra ir a Israel... basta ver quais são nossas prioridades. 

É a necessidade de Deus que nos faz ir a Israel. É a necessidade de tocar a Casa de Deus, de sentir que Ele está ali, ouvindo nossas orações, que nos faz viajar por mais de doze horas de avião (mesmo tendo medo). 

O salmista diz: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR. Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém! Jerusalém, que estás construída como cidade compacta, para onde sobem as tribos, as tribos do SENHOR, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do SENHOR. Lá estão os tronos de justiça, os tronos da casa de Davi. Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam.” (Sl 122)


Não, a Casa do Senhor não é a igreja ou a sinagoga, mas Jerusalém. Quando Davi escreveu este salmo, não existia o Templo (construído posteriormente por Salomão, seu filho) mas Jerusalém já era o lugar da habitação do Eterno. E ele diz: “sejam prósperos aqueles que te amam.” Como podemos dizer que amamos um lugar que sequer conhecemos? Como amaremos Jerusalém se não vemos importância em um dia, pelo menos uma vez na vida, irmos até lá? 
Uma comparação simples: Você ama sua esposa? Filhos? Claro que sim! Se um deles ficar doente, você é capaz de vender seu carro, casa, e pagar o melhor médico para o tratamento. Agora reflita: “Você ama Jerusalém?” 

Não importa onde estejamos, se de fato amamos Jerusalém, trabalharemos incansavelmente para um dia estarmos lá, para dizermos: “Senhor, estou aqui na Tua Casa, no lugar onde Tu disseste que seus olhos estariam atentos e seu coração voltado para cá todos os dias... ouve minha prece.”

O Muro de Jerusalém certamente não é o mais belo dos lugares, não tem a beleza de Paris, nem o brilho e as luzes de Nova York, mas certamente é o lugar onde teremos nosso mais precioso encontro com alguém: o Criador do Universo. Porque como diz um quadro fixado na entrada da área do Kotel: “A presença divina nunca se move deste lugar.”