terça-feira, janeiro 28, 2014

Ler é um bom remedio. Unir Israel e livros é melhor ainda


Na última sexta-feira cheguei bem adiantado para o cabalat shabat e, para passar o tempo, peguei um livro pra ler. Dentre os muitos livros da biblioteca, queria um de leitura fácil, e agradável, afinal, era só pra passar o tempo mesmo. 

Tenho nesse ano retomado o hábito de ler, e esse já foi meu terceiro livro. Espero chegar aos 15, 20 pelo menos em 2014.

Peguei esse, chamado "Meu Israel" de Sabrina Abreu. 
O livro traz a visão dessa jornalista que foi fazer um trabalho lá em Israel para a gravação de um dvd, que nunca saiu, e o ponto de vista de alguém que lá viveu por onze meses, e depois retornou pra passar mais uns dias, quando escreveu o livro.

Ao ler, fui me deparando com uma série de coisas que eu mesmo já havia vivido lá em Israel, e lugares que eu havia visitado. A Sabrina traz nesse livro a visão que ela teve de muitos lugares e de pessoas que conheceu, trazendo uma visão ao mesmo tempo comum (para mim) e diferente, diferente daquilo que grupos de turistas possuem ao visitar Israel. 

A certo ponto do livro ela fala da experiência de estar num lugar e ver os vários grupos de turistas que passam, ouvem explicações do guia e seguem, visitando o máximo de lugares possível, porém, sem desfrutar de nenhum deles. E ela diz que é impossivel conhecer um país em um ano, que dirá 30 dias (ou 10, 12 que a maioria dos turistas fazem) e é verdade. Ja estive lá por várias vezes e a cada ano, experimento situações novas, lugares e histórias novas. 

No livro, ela fala de vários lugares; desde Tel Aviv (que ela chama de bolha) até Safed (a cidade da cabala, dos mistérios, sem deixar de lado Massada, o lugar que nos lembra de que Israel não voltará a cair e claro, Jerusalém. 

Interessante a comparação das quatro principais cidades religiosas e os elementos da natureza: Safed, Tiberiades, Hebron e Jerusalem... com Safed, relacionada ao ar das montanhas, Hebron, a cidade da terra, onde estão sepultados os patriarcas de Israel, Tiberiades, as águas do Mar da Galiléia (Lago Kineret) e Jerusalem, claro, o fogo. Explicações mais claras, leia o livro.

Foi muito bom ler esse livro, tanto que li suas 174 páginas em dois ou três dias (nas horas vagas) e reviver a história sob o ponto de vista dela e de algumas outras pessoas que ela apresenta no fim do livro, no chamado "Ein Sof" (não há fim, em hebraico) mostrando que ir a Israel é uma viagem que nunca terá fim, seja no desejo de morar lá, ou nas lembranças lá vividas. 

Como disse, já estive várias vezes em Israel, e mesmo para quem não viaja com interesses de fazer aliah (descendentes de judeus podem "subir" a Israel, para morar lá, com ajuda do governo) vale a pena. Nenhuma das minhas viagens teve tal intenção, AINDA, apesar de ja ter sido convidado por um amigo meu de Jerusalém. 

Vale a pena, mesmo que você nunca vá a Israel, ler esse livro é viajar com alguém que lá esteve e se apaixonou pelas cidades, pelo país e pelo povo. E se você desejar ir, já sabe: 
A CINA eventualmente organiza caravanas para lá, onde voce poderá experimentar um pouco disso tudo. Mesmo que você não vá conosco, nunca deixe de alimentar o sonho de um dia esdtar na Terra Santa, pois sonhar é bom pra todo mundo... e que seu sonho se realize plenamente.

Livro: Meu Israel; Viagem ao país onde o céu e a terra se encontram
Autora: Sabrina Abreu
Editora Leitura
páginas 174

quarta-feira, janeiro 15, 2014

Aprendizado e Gratidão


Depois de toda a correria do fim do ano, com congresso, nascimento de filha, etc... escolhi hoje, dia que antecede ao Tu BeShevat, o ano novo das árvores em Israel, para falar desse novo ano, novos desafios, aprendizado, mas não existe ano novo se não lembrarmos do que se passou. Em Tu BeShevat é costume plantar uma árvore, e isso tem um significado grande, pois a árvore em geral leva muitos anos para crescer, florescer e frutificar, e assim o é em nossa vida.
 
Tomo as palavras do livro do sábio Jó, que dizia: "Mas eu te oferecerei sacrifício, com a voz de agradecimento; do Senhor vem a salvação" (Jó 2:9)
 
Em maio de 2008, no final de semana que antecedeu minha primeira ida a Israel, estive em Ponta Grossa, no meu aniversário, onde passei o shabat, e após a havdalah, fomos celebrar com brincadeiras, futebol, bolo e amigos. No dia seguinte, embarquei para Israel. Ao retornar, por algum motivo fui designado para ser o novo líder da congregação naquela cidade. Lembro-me como se fosse hoje que foi-me dito: "dê uma assistência, vá lá a cada 15 ou 21 dias até estabilizar a situação (que era difícil)" E eu não concordei, e que, se fosse para eu assumer aquela congregação iria estar lá direto, todo shabat, pra fazer um trabalho decente. E foi o que aconteceu, daquele dia em diante, toda semana eu viajava com minha familia, e voltava nas cansativas madrugadas de domingo para casa. Meu pequeno Ariel ainda usava fraldas e mamadeira, mas nunca nos importamos com o desgaste, queriamos eu e minha familia dar o melhor de nós naquela congregação.
 
A princípio, ficávamos as noites na casa da Sueli e filhos, onde fomos bem acolhidos todas as vezes, e com o passar do tempo, fomos conhecendo e visitando outros lares, outras famílias e vez ou outra dormíamos na casa deles. A amizade e o respeito foi se fortalecendo, e nos sentíamos em casa. Assim foi passando o primeiro ano, Segundo, terceiro, até que chegamos a cinco anos de viagens, e a minha esposa novamente foi abençoada com a gravidez, agora de uma menina.
 
Mesmo à distância, procurei estar junto de todos, fazer com que se sentissem importantes, usamos nosso terceiro dizimo para ajudar as famílias, ajudamos uma mulher grávida a pagar seu tratamento (que saiu caro) apesar de infelizmente, logo após nascer o bebê, eles abandonarem a congregação. Não importa, o que vale é que fizemos nossa parte! Depois ajudei o amigo Shimon a vir trabalhar em Curitiba, fui o casamenteiro com a jovem Dara, ajudei a arrumar um lar para morarem e quando estávamos no casamento deles, em campinas, uma nova criança nascia em Ponta Grossa, a Ana Helena; depois do casório, fui a PG pra ser a primeira visita à conhecer a nova criança.  
 
Claro que nem tudo foi maravilhoso durante esses quase seis anos como líder de Ponta Grossa, mas valeu a pena cada minuto. Aprendi a não me exaltar a cada elogio e também a não ficar deprimido diante de uma crítica. Essa é uma boa lição para todos: "não somos tão bons quanto os elogios nos fazem acreditar, nem tão maus quanto as críticas que pretendem nos derrubar." Somos todos imperfeitos, e nas nossas imperfeições é que o Eterno nos permite ainda assim sermos úteis. Mas porque falar de problemas e críticas, se podemos falar de coisas boas?
 
Nesses cinco anos e meio, juntos mudamos muita coisa, tanto exteriormente quanto interiormente, tanto no material quanto espiritualmente na vida das pessoas e na congregação. Juntos reconstruimos um "tabernáculo caído", juntos batalhamos e fizemos do lugar onde buscamos ao Eterno algo muito melhor. Em pouco tempo construimos salas, banheiros, casa, muro, parquinho, Aaron HaKodesh, adquirimos nosso sefer Torah em Israel, aprimoramos a liturgia, vi nascer um belo chazan, celebramos muitas festas e vimos que era possível ser melhor. Por fim, organizamos um quarto para o líder que assumisse a congregação após minha saída.
 
Estive em Israel algumas vezes durante esse periodo, e tive a oportunidade de viajar com minha esposa Eliana e mais dois membros de nossa congregação: Ari e Izabel. Depois, ainda estive com um jovem Maxwell, de Prudentopolis lá também. Alias, esse é um trabalho que se somou à congregação de Ponta Grossa. Por tabela, assumimos o trabalho em cidades vizinhas como Prudentópolis, Socavão e Telêmaco Borba.
 
Sem mágoas, sem rancor, sem ódio, quero agradecer por cumprir aquilo que sempre disse, desde o começo em PG. A Congregação não é minha, não é de uma pessoa, é de todos nós. Sei que ainda daqui a muitos anos, quando eu for visitar esta congregação, ainda verei sinais de que um dia eu passei por lá.
 
Agradeço pelos amigos que fiz, pelas boas noites, pelas risadas, pelos bons e maus momentos que compartilhamos neste tempo. Em Provérbios diz: "O homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigos mais chegado do que um irmão."(Pv 18:24)  Dentre esses, não dá pra ficar citando nomes de um por um, mas não tem como negar que a familia do Cleverson se tornou muito especial a mim e meus filhos. O jovem Gabriel e o Abel eram (ou são) como irmãos, assim como o Ariel, que foi "adotado" pela Mara e o Derik. Não posso esquecer do jovem Davi, que eu tive a oportunidade de casar também com a sua eshet chayil Alitsa (que veio de Caxias do Sul). Fora estes há muitos outros, cada um especial à sua maneira, como o Sharon com sua esposa Heiky, o João Pinheiro, o zaken Ananias, enfim, todos. Com todos pude aprender algo, e espero que tenham aprendido comigo.
 
Inimigos? Não fiz, embora tenha sido incompreendido algumas vezes, mas afinal de contas, já dizia o velho ditado: "nem Jesus agradou a todo mundo".

Não tem como deixar de agradecer à minha familia: meus filhos, desde pequenos nos acompanhando nas viagens, e procurando ser úteis (hoje o Abel toca piano, porque viu a necessidade de ajudar na liturgia) e à minha esposa Eliana, sempre forte e incansável no trabalho pela Congregação. Nunca vi uma pessoa igual a ela, com talentos múltiplos e generosidade sem fim, meu único e verdadeiro porto seguro.
 
Agradeço à CINA pela oportunidade de desenvolver este trabalho com sucesso até aqui. Hoje, ausento-me para cuidar de minha família e me aprimorar mais em certos aspectos do judaísmo que ainda sou deficiente, mas quem sabe um dia volte a PG? Se for para voltar, voltarei, se não for para voltar, ainda assim ficarei imensamente grato por tudo que vivi, pelos amigos e pela oportunidade de ter servido ao Eterno naquela localidade. Que venham novos desafios... novas oportunidades, e que, grande ou pequeno, sejamos sempre servos do Eterno.  Todah Rabah!