sexta-feira, dezembro 06, 2013

Os bons morrem cedo? Mandela e eu...


Em meu blog já escrevi sobre outras personalidades que já morreram, e sempre achei que não servia de bom exemplo ficar exaltando pessoas cuja principal característica era seu mal comportamento, quase sempre atrelado a uso de drogas e escândalos... e os tais são exaltados com frases como: "os bons morrem cedo"  ou parte de uma canção (bem idiota) que dizia: "meus heróis morreram de overdose".
 
Cada um tem os heróis que merece, mas não, meus heróis não morrem cedo, muito menos de overdose, e ontem, infelizmente, faleceu um dos grandes homens do mundo moderno: Nelson Mandela.
 
Não estou aqui para fazer uma biografia dele, isso quem quiser pode comprar um livro, ou ler no google, mas quero deixar aqui parte de meus pensamentos a respeito desse homem e porque o considero um grande exemplo para nossos jovens, crianças e adultos, e porque não, nossos idosos também.
 
Primeiro: Ele era filho de analfabetos e conseguiu se formar advogado. Lição para quem se acha incapacitado, filho de "gente humilde", quando na verdade humildade não tem nada a ver com ser pobre, ou analfabeto. As oportunidades surgem para todos, mas se não nos esforçarmos, nada alcançaremos e viveremos a dar as mesmas desculpas sempre.
 
Segundo: Como se vê, Mandela era negro e não precisou de cotas para ser alguém. Não somos definidos pela nossa cor, mas por aquilo que fazemos. Quem passou 27 anos preso não tinha tempo a perder choramingando por ser negro, branco, japonês ou seja o que te considerarem pela sua cor de pele ou características físicas. Sim, ele lutou por toda a vida contra a segregação racial na Africa do Apartheid, onde a minoria branca dominava e abusava de todas as formas sobre a maioria negra.
Uma de suas grandes frases de efeito diz: "Ninguém nasce odiando outra pessoa por conta de sua cor de pele, origem ou religião. As pessoas aprendem a odiar, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais fácil ao coração do que o ódio."
* A isso quero somar um sentimento meu, de aversão ao racismo. Tenho nojo disso, e percebo o racismo nas pessoas (que dizem não ser preconceituosas) nos pequenos gestos, palavras, piadas; para nós, que dizemos ser parte de um povo israelita, nada é mais idiota do que ser preconceituoso, porque negros e judeus sempre sofreram perseguições por parte de pessoas de mente fraca, como os da "supremacia branca".
 
Terceiro: Nunca desistiu de sua luta, nem de suas convicções, e já na sua velhice veio a se tornar o presidente da Africa do Sul, e fez o que seria inimaginável: unir brancos e negros. (assista ao filme Invictus para aprender um pouco) Como ele mesmo disse, numa de suas célebres frases: "Tudo é considerado impossivel até acontecer". Se você quer algo, faça acontecer, mesmo que os outros digam que é impossivel... mesmo que tenha que lutar até a velhice para atingir seus objetivos. 
Acredito que Mandela, ao chegar aos 95 anos de vida, olhava para trás e via que atingiu mais do que sempre sonhou, mas como sonhador, esperava poder alcançar ainda mais por seu povo.
 
Ainda há uma infinidade de razões pelas quais podemos exaltar pessoas como Nelson Mandela, e por si só, um homem que chega aos 95 anos e tem o mundo todo lamentando sua morte (até mesmo os inimigos o admiravam) deve ter muitas lições de vida.
Sim, Mandela não era um homem perfeito, ele teve três casamentos, deve ter tido lá seus deslizes, mas sempre será lembrado por todas as coisas boas que ele fez; seu legado para a humanidade. 
 
Encerro com a imagem que ficará sempre na mente das pessoas que o admiravam, a de um homem que, apesar de ter a face sofrida, carregava sempre um belo sorriso no rosto. Talvez porque ele era uma pessoa humilde. E é fácil agradar pessoas humildes.
Por isso mesmo, sempre que vou à nossa kehilah, aprecio gastar o meu tempo com pessoas menos  "requisitadas". A elas, um simples sorriso, um cumprimento, talvez um abraço, já lhes faça sorrir, como Mandela.
 
Aproveitando que nosso congresso está chegando, experimente gastar seu tempo com pessoas "menos importantes". Dois minutos de conversa com pessoas simples de nosso povo e elas já levarão no rosto o mesmo sorriso desse homem, que hoje o mundo exalta, e que sim, sempre será lembrado, porque homens bons não morrem de overdose, mas em boa velhice.  Valeu Mandela! O mundo precisa de mais pessoas como você! Seja nossa inspiração!

sexta-feira, novembro 22, 2013

Chanukah: milagres e azeite


 

2 Rs 4:1-7 Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que ele temia ao SENHOR. É chegado o credor para levar os meus dois filhos para lhe serem escravos. Eliseu lhe perguntou: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. Ela respondeu: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite.  Então, disse ele: Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o teu azeite em todas aquelas vasilhas; põe à parte a que estiver cheia. Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; estes lhe chegavam as vasilhas, e ela as enchia. Cheias as vasilhas, disse ela a um dos filhos: Chega-me, aqui, mais uma vasilha. Mas ele respondeu: Não há mais vasilha nenhuma. E o azeite parou.  Então, foi ela e fez saber ao homem de Deus; ele disse: Vai, vende o azeite e paga a tua dívida; e, tu e teus filhos, vivei do resto.
 
Para falar de chanukah, uma festa que envolve duas coisas vitais na nossa fé, óleo e milagre, nada melhor do que meditarmos um pouco num texto que apresenta ambos os elementos. O profeta Eliseu encontra-se com uma viúva e bem, esse relato nos dá muitas lições boas. Então vamos a elas:
 
- Primeiro: é importante saber que a quantidade de azeite que teremos dependerá da quantidade de vasilhas que conseguirmos dispor. Não podemos ser cheios do Espírito Santo, cheios da unção divina, se não abrirmos espaço para que o azeite de D-us possa fluir através de nós e nos encher completamente. Por isso, Eliseu pediu vasilhas.
 
- Segundo: Ninguém é completo sozinho. A viúva foi orientada pelo profeta a pedir emprestado vasilhas a seus vizinhos. Uma pessoa que se julga a única importante, ou a mais importante, nunca terá humildade suficiente para pedir ajuda aos outros. E para ter uma porção maior do azeite divino, é preciso humildade para buscar ajuda nos “vizinhos”. Precisamos do nosso próximo, todos nós. Quem se julgar auto-suficiente, não terá botijas para enchê-las. Acredite, todos nós precisamos uns dos outros.
 
- Terceiro: D-us supre as nossas necessidades. Ele nos dá o azeite suficiente para pagar nossas contas e vivermos do “resto”.  
 
E talvez o mais importante nisso tudo: a viúva tinha um pouco de azeite. Não adianta esperarmos de nosso irmão, de D-us, do rosh, ou de quem quer que seja se não tivermos ao menos um pouco de azeite em nossas vidas. 
 
A festa de chanukah só é celebrada porque estava presente todos estes elementos.
 
Havia ali pessoas sedentas querendo restaurar o serviço do Templo. (como a viúva que precisava restaurar sua vida)
 
Ali também um buscou forças no outro, coragem para enfrentar a força de Antioco. (como a viúva precisou das botijas dos vizinhos)
 
Como no caso da viúva, eles foram dignos de receber de D-us tudo o que necessitavam, a força e a coragem.
 
Por fim, havia um restinho de óleo sagrado. Como a viúva tinha uma única botija de azeite, o Eterno preservou uma única botija de azeite, suficiente para um dia apenas acender as uzes da menorah. Aí veio o milagre da multiplicação do azeite... em chanukah, durou oito dias, até que fosse providenciado o novo azeite sagrado da menorah. No caso da viúva, o azeite foi o suficiente para ela e seus filhos.

Se você quer ver milagres acontecendo em sua vida, trate de ter ao menos um pouco de azeite dentro de si, conte com a ajuda dos vizinhos, abra espaço (dentro de si) para que o azeite possa fluir e a bênção do Eterno possa estar sobre ti. Chag Sameach Chanukah!

terça-feira, novembro 12, 2013

Por quê nos casamos?


No último domingo estive em Prundetópolis/PR onde oficializei a cerimônia de casamento de dois jovens de nossa kehilah: Maxwell e Luana. Foi ótimo! São dois bons jovens, cheios de bom testemunho e a Kehilah estava lotada (sim, se casaram na Beit, o que sempre acho melhor, mais prudente e bonito)
Por serem ainda jovens, ambos fazem a faculdade juntos, e estão cheios de planos e sonhos, e claro, apaixonados um pelo outro. Isso é legal. Mas aí me vem a pergunta: Por qual razão nos casamos?
Por incrível que pareça, muita gente não sabe porque se casa, e só se dão conta disso, anos mais tarde, quando buscam o divórcio e dizem: "Nem sei porque que eu casei com você!"
 
- Casamos, não porque amamos alguém, mas porque estamos dispostos a desenvolver esse nobre sentimento do amor ao longo dos anos.
Foi assim com o patriarca Isaque, que amou Rebeca DEPOIS de se casar com ela. Foi assim com o patriarca Jacó, que amou Léia e Raquel depois que se casou com elas. 
Na Bíblia, não há propriamente uma tradução com palavras corretas para diferenciar amor de paixão.
O fato é que quando nos casamos, o sentimento de paixão, de atração física, nos faz querer estar o tempo todo do lado da "pessoa amada". Por isso ficamos abraçados, acordamos pensando nela, passamos o dia pensando nessa pessoa, deitamos pensando em como agradá-la. Só que o tempo passa e é preciso AMAR. Esse sentimento de paixão vai diminuindo, já passamos a necessitar "do nosso espaço" senão nos sentimos "sufocados". É sim, preciso substituir a paixão pelo amor, que só vem com o tempo, com o conhecimento, quando deixamos de achar bonito um corpo, e passamos a achar belo os gestos de carinho, a atenção, o cuidado que a pessoa tem para conosco.
 
- Casamos, não porque aquela pessoa é linda exteriormente, mas porque vamos descobrir juntos toda a beleza interior de nosso cônjuge.
Dizem que o relacionamento físico se aprimora ao longo dos anos. Sim, porque com o passar do tempo não são o que nossos olhos sentem que nos satisfazem, mas sim aquilo que nosso coração se agrada, e com o passar do tempo, a intimidade, mais do que física, emocional, faz com que o nosso cônjuge e nós mesmos possamos nos descobrir, além dos olhos, e cada toque está mais carregado de carinho do que de meros movimentos corporais.
 
- Casamos, não porque todo mundo casa um dia, mas porque temos a esperança de que esse dia permaneça para sempre em nossa memória, como algo positivo.
Pessoas se preocupam muito com a festa, gastam muito dinheiro com festa, mas a verdade é que devemos investir no lar. A festa dura algumas horas, mas o lar dura por anos e anos. Porque vamos construir juntos e lá na frente, ao olhar para trás, diremos: "puxa, como foi bom termos nos casado. Olha, juntos construimos esse lar, nossos filhos cresceram, se casaram, nos deram netos, bisnetos, e ainda hoje eu olho pra você e penso; que bom que o Eterno me concedeu essa pessoa. Ela me completa.
 
Casamos por uma infinidade de motivos, mas principalmente porque em todos os dias de nossas vidas, vamos sentir uma imensa vontade de voltar para casa e encontrarmos ali, nosso porto seguro. O único lugar no mundo onde estaremos sempre abrigados das tempestades, e estaremos ao lado de alguém que realmente nos ama. Porque ninguém conhece um homem melhor do que sua esposa. Nem mesmo os pais! E ninguém conhece uma mulher melhor do que seu marido. Por isso Adão e Eva andavam nus e não se envergonhavam, porque um era para o outro de verdade, o único.
 
Porque um cônjuge não precisa de presentes, precisa de presença. E devemos estar unidos sempre, porque no frio, graças ao Eterno, nós, casados, temos alguém pra nos aquecer, mais do que o corpo, o coração.
 
Para ter um bom casamento depende única e exclusivamente de duas pessoas: marido e esposa. O que vale é depois de vinte, trinta, quarenta anos, olhar pra aquela foto do dia do casamento, já desgastada pelo tempo e perceber que a foto envelheceu, mas o amor se renova a cada dia e isso é muito bom! Que fotos envelheçam, mas que o carinho, respeito, admiração se renovem num amor verdadeiro sempre!
 
Que esse seja o objetivo diário para o amigo Maxwell e a sua esposa Luana. Que essa seja a recompensa para todos nós, em nosso casamento. Porque casar, vale a pena!

terça-feira, novembro 05, 2013

Eventos da Kol HaNashi

 
No último final de semana estive acompanhando minha esposa Eliana no evento da Kol HaNashi em Campinas. Já havia ido antes a Goiânia e Criciúma. Em outros eventos organizados por elas, estavam presentes a Marly e a Nechama, que fizeram em São Paulo, Jacareí e Caxias do Sul...
Não existe nada como uma mulher feliz e há um ditado americano que diz: "A happy wife, a happy life" e esses eventos tem feito um grande bem à CINA, ainda que muitos não percebam.
As reuniões das mulheres tratam mais do que mandamentos, tratam do prazer em servir ao Eterno. É mais do que fazer chalah, acender velas de shabat, mikvê; é união, alegria, sorriso e isso também é importante, pois uma mulher com boa auto-estima acaba sendo uma boa mãe, boa esposa e cumpre melhor seu papel na sociedade.
Hoje agradeço ao Eterno, porque apesar do cansaço da viagem, estamos felizes com toda a repercussão dos eventos.
Sei que em São Paulo foi bom, em Caxias também (apesar de não ter fotos) sei que trouxe resultados positivos. As fotos do evento em Campinas mostram um pouco daquilo que foi, um pouco mesmo, nem 1%, porque eu vi, ao fim do evento de quase 8 horas, as mulheres saindo da sala Alemanha, do Hotel Vinhedo Plaza, muitas mulheres saindo renovadas, felizes, chorando, mas de alegria. Algumas vinham falar comigo, me abraçavam, falavam de quanto foi maravilhoso, davam os parabéns à Eliana. Olha, sempre acreditei que o Eterno distribui os dons na Kehilah, da forma como Ele bem entende e cada um usa (ou não) os dons para aperfeiçoar a Congregação e ser feliz.
Sei reconhecer o mérito das pessoas, e como foi bonito ver a dedicação das meninas de Campinas, em preparar um evento especial. Tudo foi perfeito, organização, decoração, atender às mulheres sempre com um sorriso no rosto, e ao final, vencerem, apesar do cansaço. Fico grato também pelo apoio dos maridos, que levaram as esposas, que apoiaram, ficando sem elas no domingo em casa, mas não tem como deixar de agradecer aos meninos, que além de apoiarem as esposas, trabalharam pelo evento delas. Obrigado Leandro, Rafael, Nando, Eliel (que ficou sem dormir, editando videos a noite inteira), Nathan, Rosh Kefah, etc.. que de uma forma ou de outra, deram suporte para que as mulheres virtuosas de Campinas brilhassem tanto nesse domingo.
A Eliana fez a parte dela, mas o que seria dela se não fossem vocês todos e todas?
Um evento se faz com a pessoa que dará as palestras, com a equipe de apoio, com o suporte masculino e com as muitas participantes. Agradeço às chaverot do Tucuruvi, de São Carlos, Sumaré, Jardim Fernanda, Centro, enfim, a todas que participaram e deixaram de lado a timidez e se emocionaram e falaram e aprenderam juntas.
De minha parte, fico orgulhoso e feliz em ser apenas o motorista que levou a Eliana para lá. Ela, grávida de quase sete meses, manteve o pique o tempo todo e tinha sempre um sorriso no rosto e por isso eu digo: você é meu porto seguro, minha inspiração!
Aos meus filhos que ficam em casa, sem a presença dos pais, sem reclamar, e apenas demonstram a felicidade com nosso retorno. Não sei até quando vamos continuar investindo em eventos assim, mas que vale a pena, isso vale. Sei que o resultado é o mesmo, sejam em São Paulo, Criciuma, Caxias, Campinas, Goiânia, Fortaleza, Paraíba, em qualquer lugar lugar, porque uma mulher com o nível adequado de auto-estima é sempre "Bela aos olhos de D-us".
 
Por fim, não tem como deixar de agradecer novamente aos amigos de Campinas pela recepção, pela hospitalidade que sempre demonstram para comigo e minha familia, e dessa vez eu e a Eliana ficamos na casa do Zahav e da Zelia, amigos que temos e queremos cultivar por toda a vida. Mas ótimo o shabat na Kehilah, a alegria das meninas durante as danças, o chorão Yoel fazendo a liturgia no shacharit, a "janta" no domingo, pós evento e a viagem, tanto de ida, quando de volta na companhia da esposa Eliana. Só nós dois no carrinho que D-us nos deu, porque com certeza, você minha esposa, é sempre minha melhor companhia.
 
 

quinta-feira, setembro 26, 2013

A quem honrar?




Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto;
a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. (Rm 13:7)

 
Tudo aquilo que plantamos, é o que colheremos, no seu devido tempo. Sempre acreditei nisso e continuo a acreditar, afinal, há tempo para todas as coisas, para todo propósito.
 
Também sempre acreditei que somos todos partes de um mesmo povo, todos igualmente importantes, embora uns tenham funções de maior destaque, outros menos, outros aparentemente sem importância (aos nossos olhos). Quem define o que é ou quem é mais importante somos nós mesmos, porque D-us nos deu talentos diferenciados a um e outro, e cada um deve trabalhar dentro dos seus próprios talentos, não os enterrando, mas fazendo-os florescer para o bom andamento da Kehilah.
 
No dia 6 de outubro próximo o Rosh Ezrah ben Levy receberá o reconhecimento de "Honoris Causa" por uma faculdade brasileira. Esse título normalmente é oferecido a pessoas de grande prestígio ou pessoas que prestaram relevados serviços à sociedade em determinada área. No caso dele, é um reconhecimento pelo mérito de sua sabedoria em ciências da religião judaica.
Como sempre gosto de dizer que somos um povo, e ontem na nossa festa de Simchat Torah mencionei, ao citar esse reconhecimento, de que o Sefer Torah que temos em nossa congregação não é meu, nem da Beit PG, mas de todos nós, do povo da Congregação Israelita da Nova Aliança, da mesma forma compartilho as vitórias e derrotas, com os méritos de todos. Por isso, no próximo dia 6 de outubro, a CINA deve se orgulhar por um de seus líderes estar recebendo tal honraria.
Honrarmos alguém não significa endeusarmos, mas simplesmente (a meu ver) incentivarmos a que continue crescendo e compartilhando de seus dons com todos.
Dias atrás escrevi um post aqui honrando nosso chazan em Ponta Grossa, não para diminuir aos demais, mas para incentivá-lo, e ele sentir que o trabalho é reconhecido e tem seus méritos.
 
Há vários anos atrás, em nossa primeira caravana a Israel, o Rosh Ezrah, cheio de alegria, assim como muitos outros, chorava em muitos dos lugares que visitamos, até que chegamos ao Museu da Diáspora, em Tel Aviv... e durante a visita, a guia do local dirigiu-se a ele dizendo algo assim: "Onde você aprendeu tudo isso menino?" E ele respondeu: "O que os rabinos vivos não me ensinaram, os rabinos mortos me ensinaram em seus livros." São esses anos de leitura que hoje conferem ao Rosh Ezrah o reconhecimento de Honoris Causa. Conhecimento que ele compartilha a cada shabat com a congregação de Curitiba e de todo o Brasil através das transmissões ao vivo pela tvisraelita.
 
É assim gente, não devemos trabalhar, estudar, para buscar mérito humano, e no seu devido tempo, esse reconhecimento acaba vindo. Se não vier da parte dos homens, vem da parte de Deus.
 
Eventualmente, eu e o Rosh Ezrah temos pensamentos divergentes, em questões de direção, pontos de vista, mas o reconhecimento deve sempre existir. Gosto de ler também, embora leia menos, e meus livros quase sempre são voltados a outros aspectos morais da nossa fé. Não por acaso trabalho como "Pastor de Ovelhas" e não como "Mestre".
 
A CINA precisa de pessoas dispostas a crescer espiritualmente para continuar seu trabalho. Pessoas dispostas a estudar, aprender, seja em quais áreas forem. Hoje, digo que Shaul HaShaliach escreveria: "Ele mesmo pôs uns para mestres, outros para pastores, outros para chazanin, outros para itinerantes, outros para auxiliares, e outros para cada uma das funções de nossa fé". Precisamos de pessoas dispostas a trabalhar, cada um na sua área, e pessoas não dispostas a buscar honrarias, embora ela venha, como hoje vem ao Rosh Ezrah.
 
E como citei, no verso inicial: "a quem honra, honra." Se uma faculdade que nada tem a ver com nossa fé reconhece isso num de nossos líderes, devemos prestigiar. Então quem quiser e puder estar na Kehilah Sede, na data marcada para prestigiar, estará tambem demonstrando o reconhecimento à nossa liderança. Se não puder prestigiar ao vivo, assista pela internet pois provavelmente será transmitido pela tv israelita.
 
Que venham mais líderes, mais roshim, e que sejam dignos de duplicada honra aqueles que governam bem e se afadigam na palavra e na doutrina, ou seja, ensinando e pastoreando o povo, conduzindo-os no caminho certo.
 
*** As fotos que usei neste post são de uma viagem que fizemos a New York, em maio de 2011 e retratam momentos de descontração, porque também líderes tem direito a relaxarem de vez em quando.
 

domingo, setembro 22, 2013

Estátuas de sal


Ontem durante o arvit na nossa kehilah em Ponta Grossa fizemos uma breve meditação sobre Gn 19 e a triste história de Ló.
A história começa repetindo basicamente o que ocorrera no capítulo anterior com Avraham. Ló recebeu anjos e assim como nosso Patriarca, ele correu para os hospedar e ofereceu o melor que podia a eles. A diferença está na atitude seguinte, pois Avraham queria que os seus ushpizin ficassem por mais tempo e Ló, queria logo os dispensar. Ora, dispensar anjos? Aí sou obrigado a me lembrar do texto de Hebreus 13:2 que diz que alguns, sem o saber, hospedaram anjos.
 
Aí os anjos falam a Ló para ele fugir da cidade, sair imediatamente de Sodoma e Gomorra, e a quem Ló se dirige primeiro? Aos pretendentes de suas duas filhas. Juro que não consigo entender, o anjo de Deus lhe dá um aviso importante e quem são as primeiras pessoas que você vai falar? Os genros acharam que Ló brincava com eles e não quiseram ir. Tem gente que é exatamente assim... Dá mais valor a terceiros do que às próprias filhas? Ainda não tenho uma filha, mas imagino que as pessoas mais importantes da minha vida são a minha esposa e meus filhos. Imagino não, tenho certeza.
 
Aí o anjo os apressa, pega pela mão e força-os a sair e diz: "corram, sigam para o monte, e não olhem para trás." Recomendações simples demais, é fácil de se cumprir. E porque não fazemos? Primeiro eles enrolam, como alguém que fica em casa, se atrasando, arrumando a mala, pois não pode esquecer o casaquinho das crianças, o chinelo, o lanchinho durante a viagem, etc... se enrolam. Tem coisas que são urgentes, e por isso eu digo... faça o que é urgente, o resto é só o resto.
 
A mulher de Ló olha pra trás, e novamente desobedece, e transforma-se numa estátua de sal. Na vida, as vezes temos que fazer assim. Seguir em frente, não olhar para trás. Existem coisas que são destinadas a ficar para trás, no passado. Caso contrário seremos tão somente pessoas presas em estátuas de sal. Estamos iniciando o ano de 5774 de nosso calendário, é possivel deixar pra trás o passado e olhar pra frente? Acho que sim! A gente precisa na vida olhar pra frente, se fosse para olharmos para trás, D-us não colocaria olhos na frente de nosso rosto, mas nas costas.
 
Aí o anjo fala pra Ló fugir e o rapaz ainda tem a petulância de falar para o anjo que não queria de tal forma, se for pra fugir tinha que ser do jeito dele, para a cidadezinha que ele quisesse, e foi para Zohar (o anjo consentiu, mas não porque Ló estivesse certo, e sim pra não prejudicar a pequena cidade). Fico abismado como as pessoas não admitem estar errados, e mesmo que admitam, tudo tem que ser do jeito delas. Ah! Ló, seja um pouco menos prepotente, humildade não faz mal a ninguém. Ele ainda se achava no direito de escolher... a gente não precisa disso! Reconhecer-se errado (e Ló errou, indo pra Sodoma) pode ser bom de vez em quando.
 
No fim de todo o texto, em Gn 19:29, está escrito que D-us teve misericórdia de Avraham, lembrando-se dele, e livrou a Ló daquele lugar. Ló não foi liberto porque era justo, mas sim pela misericórdia que D-us tinha para com Avraham.
 
Nesse ano de 5774, tenhamos a capacidade de olhar para frente, seguir em frente, e aceitar que não somos tão bons quanto parecemos, e que carecemos da misericórdia de D-us. Devemos nos apegar a Ele, porque como eu digo, há coisas importantes na vida, D-us, familia, kehilah, mas o resto é só o resto. E quando digo resto é só o resto mesmo, trabalho, dinheiro, carros, inveja, sentimentos ruins, brigas, ciumes, holofotes, ....  tudo é vaidade. Que tenhamos um ano voltados para a frente, rumo ao que é bom, com olhos voltados para o futuro, para fazermos do Olam HaZeh uma antesala, um preparatório para o Olam Habah. Um abraço!

segunda-feira, setembro 09, 2013

Yachne, nosso chazan, motivo de boas lágrimas!

 
“Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo, deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos. Tudo quanto sucede é vaidade. Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas.  Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer;” (Ec 8:8 a 9:1)
 
Dias atrás estávamos no shacharit em nossa congregação e minha esposa olhou em minha direção e meus olhos lacrimejavam, e então ela disse: NÃO VAI CHORAR! Eu sorri e respondi: É DE ALEGRIA. Na maioria das vezes lágrimas são sinônimos de tristeza e dor, mas nesse caso era de alegria. E eu explico:
 
Sempre acreditei que devemos ser positivos, que devemos olhar para as coisas boas, e tentar deixar de lado as tristezas. A vida de um rosh é cheio desses momentos, tanto alegres quanto tristes; muitas pessoas nos causam decepção, nos fazem chorar, mas há aquelas que nos dão grandes alegrias. E prefiro ressaltar as qualidades das pessoas e há muitas boas pessoas em nosso meio, ao nosso redor. Dou graças a D-us por muitas delas.
Há más pessoas também, claro, mas essas é melhor não citar, para não causar mais mal.
 
Há cinco anos trabalho na Kehilah de Ponta Grossa, e sempre tivemos um revezamento de dirigentes de serviços religiosos. Cada dia um fazia o shacharit, outro o arvit, outro a havdalah, até que a oportunidade foi dada para um jovem, o Yachne (Danilo). Pronto! Era tudo que ele precisava... (as vezes, tudo que alguém precisa é de um incentivo!)
 
De tudo que nos tem acontecido, desde que iniciamos as reformas na Beit PG, a chegada da Torah, enfim, uma das melhores coisas foi ver a evolução desse jovem. Sinto-me gratificado por poder ter sido o líder que deu a oportunidade a ele. O resto, foi só incentivar o crescimento e ele fez sozinho.
 
Já li vários livros judaicos e em alguns deles é dito que o chazan (pessoa que conduz as preces) tem que inspirar pessoas a cantar e rezar ao Eterno. Ele é o responsável por trazê-las para um momento de comunhão com o Eterno. Para falar a verdade, viajo para muitos lugares, vejo muitos serviços religiosos, inclusive nas idas a Israel, Estados Unidos, etc...  e não existe um lugar onde eu me sinta tão inspirado pelo chazan quanto em nossa congregação.
 
Sinto-me um privilegiado a cada shabat. A Shechinah Divina paira sobre a nossa kehilah e sinto um prazer em cantar... Sento-me sempre na primeira fileira, não olho para trás, não vejo ninguém, é um momento intimo entre o Eterno e eu, em que sinto que minhas preces são levadas, minha adoração, meu melhor aparece diante do Eterno, e as vezes, lágrimas descem, mas não de tristeza, da mais completa alegria e satisfação no Eterno.
 
Quando iniciamos o Ma Tovu... e dizemos: "Seja, ó Eterno, esta hora de minha prece, hora favorável perante Ti; ó Deus, ouve-me com a multidão da Tua misericórdia e responde-me segundo a verdade da Tua salvação" sinto-me tomado, creio que Ele ouve minha prece, e responde-me, me dando uma porção do Seu Espírito. E sei que essa sensação boa veio graças ao trabalho excelente do meu chazan.
 
Se minha explanação da parashah é boa, se é excelente em algumas vezes, é porque me senti inspirado e a inspiração veio de D-us, mas não porque sou capaz, e sim porque Ele ouviu minha prece, que foi levada a Ele na voz inspiradora do chazan.
 
Quero publicamente, nesse início de 5774, expressar minha gratidão ao Eterno por ter me dado a oportunidade de trabalhar com esse menino, que me inspira a continuar trabalhando.
 
Há muita gente capaz em nosso meio, e espero que se espelhem em seu bom exemplo, de alguém que exteriormente só exibe a beleza de um interior dedicado a HaShem. Que eventualmente é mal visto na sociedade, que chama a atenção pela aparência, mas que não se importa se é motivo de zombaria diante dos demais jovens nas ruas.
 
Deixo aqui minhas palavras de admiração, porque que bom seria se tivéssemos mais Danilos (eu sei que temos outros jovens valorosos como ele). Jovens que se preocupam em fazer o correto, que carregam em seus celulares canções de louvor a HaShem, preces, e não apenas e tão somente cantores seculares. Jovens que se dedicam a estudar Torah, Talmude, Shulchan Aruch e não se preocupam em aprender a ultima musica da moda. Jovens que bebem do Espírito e não se embebedam com o vinho alvoroçador. Jovens que se sentam com seu rosh para aprender da Torah... e por muitas vezes, acabam ensinando. Jovens que ouvem conselho, e não se sentem superiores.
 
Longe, longe, muito longe de mim achar que sou bom, perfeito, mas sei que tenho o mérito de ter de alguma forma ajudado a fazer florescer este talento na CINA. Tenho o privilégio de ter ao meu lado outros jovens de tão grandes valores espirituais, como o David e o Maxwell (de Prudentopolis).
 
Agradeço a HaShem porque em meio a algumas lágrimas de tristeza e desapontamento, Ele me propicia derramar lágrimas de um Rosh orgulhoso por ter jovens tão valorosos florescendo dentro de minha Kehilah.
 
 

Bat Mitsvah Jessica! Mais uma oportunidade de alegria e reflexão



No último final de semana tivemos a leitura da parashah de Haazinu, com o cântico de Moshê diante do povo de Israel. Estamos concluindo o estudo da Torah e logo vem a festa de Yom Kipur e depois Sucot. Algo muito significativo para nosso povo, mas que somamos mais um significado no último shabat que passamos na Kehilah de Ponta Grossa.
A ocasião especial do "Shabat Shuvah" marcou também o "Bat Mitsvah" da jovem Jessica. Apesar de já haver celebrado bat mitsvah noutras ocasiões, ela foi a primeira menina da Kehilah de PG que fez a opção por ter a cerimônia. No fim das contas foi pra ela de verdade um "Shabat Shuvah" um tempo de restaurar uma aliança com o Eterno.
 
A Bíblia diz: "De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a Tua Palavra."(Sl 119:9) O Bat Mitsvah não significa que a menina permanecerá nos caminhos do Eterno para sempre, mas representa um passo, uma decisão de se tornar "filha do mandamento". Isso é algo raro, considerando os caminhos que muitos jovens tem tomado em suas vidas, abandonando ao Eterno.
 
Ver um menino colocar seu talit pela primeira vez, ser chamado a ler a Torah, é algo especial, mas uma menina torna-se mais especial ainda. Torna-se um momento único na vida, já que é a primeira e única vez que ela será chamada para ler a Torah, primeira e única vez que a menina se cobrirá com o talit.
E foi especial, como com a Ana Klein, a Jéssica, ainda menina, de salto alto, voz meiga de criança, mãos trêmulas segurando o iad e fazendo a leitura. Não por acaso ao fim, quando ela recebia a chuva de balas, docinhos, ela se despedia de sua infância e agora passava a ser a jovem Jéssica, que passa a ser religiosamente responsável por seus atos.
 
Que seja para ela a decisão final e acertada de usar o Shabat Shuvah e tornar-se para o Eterno, e assim ela preserve seu caminho, observando os mandamentos do Eterno. Mazal tov pra ela, e que mais jovens se decidam pela teshuvah e por se tornarem filhos do mandamento.
 
Só pra constar, caso alguém não saiba, a cerimônia do Bat Mitsvah ocorre quando a menina atinge seus 12 anos. Para o menino, quando ele completa seus 13 anos, tem o seu Bar Mitsvah. Para ambos, esse passo representa o momento de transição, quando deixam de lado os carrinhos e as bonecas da infância e passam para a vida "adulta" e se tornam responsáveis por seus atos.



segunda-feira, agosto 12, 2013

Elul, Selichot, Tachanun e Teshuvah


Sempre fui muito a favor de respeitar o tempo necessário nas mais diversas situações, por exemplo, no processo de conversão, nunca apressei ninguém a que passasse pela tevilah, nem tampouco a tomar decisões precipitadas para depois me culpar, ou culpar a outros por estarem se apressando. Sempre apreciei as palavras de Eclesiastes, que dizem: Há tempo para todas as coisas, tempo para todo propósito debaixo dos céus (Ec 3)

Na Teshuvah não é diferente. Aprendemos devagar e sem atropelos, pois acredito que isso vai firmando nossos passos, e quem acelera demais nesses passos acaba perdendo lições importantes e que lá no futuro irão fazer falta.

Estamos no mês de Elul, mês de reflexão, de arrependimento, de teshuvah, de toque de shofar diário, etc...e no último shabat falei brevemente sobre as rezas, sobre as selichot, o tachanun, vidui, que são orações que tomam significado grande durante esses dias, onde confessamos nossos pecados e buscamos uma comunhão maior com o Eterno.

Não posso exigir que todos saibam e rezem "como perfeitos judeus" mas posso dizer: "abra seu sidur na página 78 e 79 e medite nessas preces" Em Elul é costume que diariamente as recitemos e mencionemos os Treze Atributos Divinos. Então, depois tocamos o shofar.
Aí alguém pode dizer: "mas no sidur está escrito que quem reza sozinho não deve declamar os Treze Atributos." E agora?

Bom, mas também o Tachanun não se resume ao escrito na página 78, e aí? A verdade é para quem não conhece muita coisa, as primeiras preces do Tachanun já são súplicas suficientes na busca pelo arrependimento e reflexão nesse período pré-Yom Kipur.

Não se preocupe como fato de não fazer todas as rezas por completo. O que vale agora não é a quantidade de orações, mas sim, a qualidade delas, a devocão e o impacto que isso causa em nosso interior.

A seguir, quero apenas colocar algumas das belas frases do Tachanun, mas que só possuem valor se vierem carregadas de cavanah, de devoção e de arrependimento:

"Sabemos, ó Eterno que pecamos e que nada mais existe que nos defenda senão o Teu Grande Nome, que nos protege na hora da angústia. Sabemos que carecemos de boas ações; faze conosco justiça por amor do Teu Nome! Assim como um pai tem compaixão de seus filhos, tenha compaixão de nós, ó Eterno!"

"Protege, Eterno, o Teu povo, e salva-nos da Tua cólera; afasta de nós a ferida da epidemia e dos duros decretos, pois Tu és o Guardião de Israel. De Ti, Eterno, provém a justiça; de nós, o rubor da vergonha. Do que podemos queixar-nos? O que temos a falar? O que temos a dizer? Como nos justificarmos? Procuraremos nossos caminhos e averiguaremos, e voltaremos a Ti, pois Tua mão direita está sempre estendida para receber os que retornam."

"Não existe como Tu, Eterno, nosso Deus, cheio de graça e misericórdia. Não existe como Tu, Deus tolerante e abundante em benignidade e verdade. Salva-nos e tem piedade de nós! Salva-nos dos percalços e da raiva! Lembra-Te de Teus servos Abraão, Isaac e Jacob; não olhes para a nossa teimosia, nossa maldade e nossos pecados..."

Se o escrito acima se tornarem para nós mais do que belas palavras, mas um sincero arrependimento, então esse Elul já terá valido a pena, esse shofar será para nós um despertar para uma vida nova, e que 5774 seja um ano cheio de graça, misericórdia e paz para nós e nossos filhos.

Faça soar o seu shofar, pois o Rei está no Campo!!

quinta-feira, agosto 08, 2013

Elul - O Rei está no Campo, aproveite!


Como já sabemos, Elul, o último mês do calendário judaico nos evoca a um período de reflexão sobre nossos erros, arrependimento e a busca pelo perdão. Esse período é ilustrado com uma conhecida parábola judaica:
 
“Uma vez por ano, um rei muito poderoso deixa seu palácio, seus guardas, seu luxo e vai até o campo para encontrar seus súditos. Enquanto o Rei estiver no campo, as pessoas podem perguntar o que quiserem a ele. Elas não necessitam esperar em longas filas, passar por seguranças, ou agendar uma entrevista. Podem falar com ele sem hesitação. No entanto, uma vez que o rei tenha retornado a seu palácio, os súditos terão de passar por todos os tipos de protocolos para, quem sabe, encontrá-lo. Obviamente, os moradores do reino, que forem espertos, devem aproveitar a oportunidade ao máximo quando o rei está no campo.”
 
Essa era oportunidade de buscar a misericórdia do Rei, receber seu perdão, enfim, estar diante dEle. Infelizmente nem todos sabem aproveitar essa chance. Procurei uma situação semelhante nos escritos bíblicos e adivinha: encontrei algo perfeito e que se encaixa com nossa vida atual.
 
Nossos sábios dizem que Elul é o período em que o REI (Eterno) está no campo. Esse período, o último mês do calendário, vem na sequência de dois outros meses, chamados de Tammuz e Av, período onde ocorreram dois grandes pecados na história de nosso povo: “o bezerro de ouro” e o “episódio dos espias”. Em ambos, o povo, mesmo aparentemente sem querer, estaria “se afastando” do Eterno, do Rei.
 
Lendo na Torah, temos: Gn 3:8 - E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.
 
Se observarmos atentamente a situação perceberemos que Adam e sua esposa haviam pecado, comendo do fruto que não lhes era permitido, e ao perceberem que O REI PASSEAVA PELO CAMPO, se esconderam.
Ao se esconderem, procuraram ocultar seu erro diante do Rei, e isso lhes trouxe o castigo. Corrobora negativamente o fato de ninguém assumir seus próprios erros, mas Adam culpou a Eva, que culpou a serpente, que já não tinha a quem culpar.
 
Se queremos o perdão, devemos aproveitar a oportunidade que o Rei nos dá, e buscar por isso. Não culpar nada nem ninguém ajuda a percebermos a dimensão de nossos pecados. Quando colocamos a culpa nos outros, isso “ameniza” o sentimento de culpa.
 
Não por acaso, nestes mesmos meses, em 17 de Tammuz e 9 de Av, temos o período em que os Romanos invadiram Jerusalém até a destruição do Templo. Consequências do distanciamento do povo israelita de Seu D-us.
 
Já que temos esse período, vamos aproveitar, porque o Rei está no campo. Apresente-mos diante dEle, e estejamos dispostos a pedir perdão.
Nesse período especificamente, recitamos todos os dias as Selichot, o Vidui e o tachanun, que basicamente, são preces de arrependimento e confissão de pecados.
 
Como já disse no post anterior, também é de praxe que toquemos o shofar diariamente, para nos despertar ao arrependimento. Há no pecado uma grande dificuldade; como reconhecer que erramos? se observarmos os exemplos bíblicos, de homens muito mais sábios que nós, perceberemos que não é tarefa das mais fáceis. Vejamos por exemplo:
 
JÓ - Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado. (Jó 13:23)
 
DAVID - Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão. (Sl 19:12,13)
 
A soberba a que David se refere vem do fato do homem não reconhecer-se como pecador. Na maioria das vezes, quando acusamos o pecado de alguém, não somos capazes de observar em nós também. David, rei de Israel, precisou que o profeta Natã lhe contasse uma parábola, para que ele fosse capaz de reconhecer o grave pecado que cometera. (2 Sm 11:1-7) Da mesma forma, o rei Saul precisou que o profeta Samuel lhe mostrasse seu erro.
 
SAUL - Então, disse Saul a Samuel: Pequei, pois transgredi o mandamento do SENHOR e as tuas palavras; (1 Sm 15:24) Eles e muitos outros cometeram seus erros, e quem somos nós para julgarmos quem pecou mais gravemente?
 
A diferença está na atitude, que fez de David um homem segundo o coração do Eterno (At 13:22)
 
Sl 32:5 - Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Vejamos e aprendamos com a oração do rei David:
 
Sl 51:1-13 - Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado.Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos é mal, para que sejas justificado quando falares e puro quando julgares. Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe. Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria.Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. Esconde a tua face dos meus pecados e apaga todas as minhas iniqüidades.Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário. Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão.
 
Quem sabe se tivermos o espírito de David, rei, homem, pecador, de coração sincero, e formos capazes de aproveitar que O REI ESTÁ NO CAMPO, o Eterno faça de nós como fez de David; um homem capaz de ensinar aos transgressores os Teus caminhos, e fazer com que os Pecadores a Ti se convertam.

quarta-feira, agosto 07, 2013

Elul: Reflexão, Arrependimento e Perdão

 
 
Como já sabemos, Elul, o último mês do calendário judaico nos evoca a um período de reflexão sobre nossos erros, arrependimento e a busca pelo perdão. Nos 40 dias que há entre o início de Elul e o dia de Yom Kipur devemos nos aplicar à essa reflexão. Mas quem nos absolve? quem nos condena? Que tipo de sentimentos devem estar dentro de cada um de nós?
 
Ec 7:20 - Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque.
 
Na Brit Chadashah lemos: Rm 3:23,24 - Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há no Mashiach Yeshua.
 
É evidente que todos somos pecadores, que sempre vemos o pecado alheio como mais grave que o nosso próprio, e juntos, todos carecemos do perdão Divino. Perdão este que só vem através do derramamento de sangue, conforme Lv 17:11 (porque é o sangue que fará expiação pela alma) e Hb 9:22 (sem derramamento de sangue não há remissão de pecados).
 
Por isso Shaul HaShaliach, em sua carta aos Romanos, nos diz que somos justificados pela redenção que há no Mashiach. Uma vez entendendo este aspecto do perdão, vamos analisar dois personagens: Kefah e Yehudah (Pedro e Judas).
 
Pedro, bom discípulo, meio impetuoso, mas sempre firme e fiel, num momento de dificuldade do Mashiach, lhe disse: “Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei.” Yeshua o alertou e disse: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negará.” E Pedro ainda respondeu: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, não te negarei.” (Mt 26:33-35)
 
Sim, ele estava convicto, era um bom servo, exemplo, mas tinha um defeito: Pedro era “confiante demais de que nunca erraria” e esse é o defeito de muitos de nós: excesso de auto-confiança.
Basta observarmos quantas vezes dizemos (ou ouvimos alguém dizer): “Eu posso ter todos os defeitos, mas tal coisa eu NUNCA FARIA” normalmente no momento em que alguém comete o tal erro.
A verdade é que não sabemos, não somos infalíveis, e que, como seres humanos, pecamos. Shaul HaShaliach disse: Rm 7:14,15 - “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
 
A verdade é que, mesmo tendo sido avisado, Pedro NEGOU a Yeshua, por três vezes seguidas, e na terceira vez, o galo imediatamente cantou. (Mt 26:69-74) Foi como um toque do shofar em Elul, o despertou do erro, do seu pecado. C
omo pode ser? Eu neguei Yeshua três vezes, não acredito! Como vou conviver com essa culpa? De certo dezenas de coisas passaram pela cabeça de um agora atormentado Pedro. E o que ele fez?
Mt 26:75 - E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
 
Num outro texto, em João, já após a ressurreição de Yeshua, os dois se reencontram, e o Mestre faz então, por três vezes a mesma pergunta: “Tu me amas?” E Pedro respondeu: “Tu sabes que eu te amo” E Yeshua conclui: “Então apascenta minhas ovelhas”
Isso representa que pelas mesmas três vezes que Pedro houvera negado o Mestre, veio-lhe o arrependimento sincero, e Yeshua fez com que vissem que sim, apesar de tê-lo negado, Pedro O amava, e foi digno de ser escolhido para “apascentar as ovelhas”
Mais do que meramente uma estorinha, isso mostra que um pecador, arrependido de seus erros, pode ser útil a tal ponto de cuidar do rebanho do Mestre.
 
Agora vamos entender Judas, o que ele fez? Ele havia vendido o Mestre, o traído com um beijo, (Mt 26:14,15,48,49,50) e viu Yeshua ser levado pelos guardas para a prisão. Mesmo antes da morte de Yeshua, Judas se deu conta do tamanho do erro que cometera, e o texto diz:
Mt 27: 3,4 - Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo.
 
Os ancião falaram certo a Judas: “Isso é contigo. O que você vai fazer com seu erro, agora não é problema nosso, é teu.”
Aquilo que fazemos com nossos erros é problema nosso. E nisso há dois caminhos: buscar o perdão Divino, através do arrependimento sincero, da confissão e de abandonar o erro, ou fugir, mas para onde?
 
O único lugar encontrado por Judas para fugir de seus erros foi a forca, onde encontrou a morte.
Mt 27: 5 - E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.
Infelizmente, ele não encontrou lugar (em si mesmo) para arrependimento e essa é a diferença básica entre as atitudes de Pedro e Judas. Pois qual o pecado foi maior? Ambos traíram o Mestre, Pedro ainda foi avisado antes, quer dizer, poderia se previnir, se cuidar, evitar o pecado, mas não conseguiu.
 
Elul é nossa oportunidade de buscar o sincero arrependimento, o perdão dos pecados, e saber que sim, ele é possível:
1 Jo 2:1,2 - Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Yeshua HaMashiach, haTsadik; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
 
Que esse período de reflexão possa conduzir a todos nós na direção de um sincero arrependimento, e como Pedro, possamos ouvir o galo cantar (ou o som do shofar a ecoar) e encontrarmos espaço para um perdão de nossos pecados. Quem sabe, mesmo que sejamos todos injustos, o Eterno em Sua infinita misericórdia nos conceda o perdão, através do derramamento do sangue do Cordeiro perfeito. Que assim seja!

segunda-feira, julho 22, 2013

Casamento na Kehilah Sede em Curitiba


Gn 2:18 - Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
 
Claro que esse texto já é manjado, mas é algo que pra mim é marcante. Por mais que alguns digam que é bom ser solteiro, acredite, não em mim, mas em Deus; foi Ele e não eu quem disse que não é bom para o homem estar só. O homem necessita de uma companheira.
No último domingo estivemos em mais uma celebração de casamento, e já foram muitos esse ano. Só eu já fui convidado para uns cinco ou seis... e isso me deixa alegre, pois como tenho dito ultimamente, cada vez que participo de uma brit milah, de uma tevilah, casamento, sinto como que se o mundo estivesse renovando os votos de uma união com o Eterno. Sinto que ainda há esperança para a humanidade.

Quando um menino passa pela Brit Milah, é a esperança de pais que ainda querem manter a Torah, e perpetuar o povo judeu sobre a Terra.

Quando um menino (ou menina) passam pelo Bar/Bat Mitsvah é a renovação, de um jovem que chega à adolescência, mas apesar de todas as tentações que o mundo lhes oferece, quer seguir um pacto com o Eterno.

Ao passar pela tevilah, a pessoa me faz renovar as esperanças, que ainda há pessoas que firmam seu pacto com o Eterno e abraçam a Torah.

E o casamento é quando num mundo onde hoje isso parece coisa do passado, alguém renova e volta a ouvir o conselho do Eterno. Isso renova nossas esperanças por um mundo melhor.

Foi ótimo ver a Kehilah Sede da CINA abrir suas portas, toda embelezada, para receber o novo casal, Elazar e Carol, que agora rumam para uma nova vida em Vacaria/RS.

O que me deixa feliz foi ver que, em nossa principal congregação, foi realizada uma bela cerimônia para um casal humilde, simples, e sem grandes recursos financeiros. Não que isso seja uma surpresa, mas acho muito bonito quando nos reunimos e celebramos e nos alegramos com pessoas com aparentemente menor "status". E acho muito bonito o fato de ser na Kehilah, quando hoje a maioria gasta muito dinheiro numa festa, e o casamento é quase sempre num grande salão, restaurante, churrascaria, etc...

Foi uma festa simples, bonita e a emoção do pai da noiva, sendo transmitida ao vivo, pela internet, foi muito legal. Eu estava ali, junto ao pessoal da edição e vimos as lágrimas rolando pelo rosto do Yoel, pai da noiva.

Casamento é isso, simplicidade. Não é uma festa cara, cheia de luxos, quando na verdade o casal não dispoe de tantos recursos. Pessoas simples, festa simples, mas que ficará marcada.

Deixo meus sinceros desejos de mazal tov ao novo casal, e espero que mantenham a simplicidade na união, a simplicidade de um completando ao outro. E desejo que os jovens futuros casais optem por também casar dentro da Congregação... onde a bênção do Eterno está sempre presente (fora o fato de ser muito mais barato).

Parabéns a todos da Beit Sede por terem se unido em proporcionar uma bonita cerimônia ao casal.