Como já sabemos, Elul, o último mês do calendário judaico nos evoca a um período de reflexão sobre nossos erros, arrependimento e a busca pelo perdão. Nos 40 dias que há entre o início de Elul e o dia de Yom Kipur devemos nos aplicar à essa reflexão. Mas quem nos absolve? quem nos condena? Que tipo de sentimentos devem estar dentro de cada um de nós?
Ec 7:20 - Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque.
Na Brit Chadashah lemos:
Rm 3:23,24 - Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há no Mashiach Yeshua.
É evidente que todos somos pecadores, que sempre vemos o pecado alheio como mais grave que o nosso próprio, e juntos, todos carecemos do perdão Divino. Perdão este que só vem através do derramamento de sangue, conforme Lv 17:11 (porque é o sangue que fará expiação pela alma) e Hb 9:22 (sem derramamento de sangue não há remissão de pecados).
Por isso Shaul HaShaliach, em sua carta aos Romanos, nos diz que somos justificados pela redenção que há no Mashiach.
Uma vez entendendo este aspecto do perdão, vamos analisar dois personagens: Kefah e Yehudah (Pedro e Judas).
Pedro, bom discípulo, meio impetuoso, mas sempre firme e fiel, num momento de dificuldade do Mashiach, lhe disse: “Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei.” Yeshua o alertou e disse: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negará.” E Pedro ainda respondeu: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, não te negarei.” (Mt 26:33-35)
Sim, ele estava convicto, era um bom servo, exemplo, mas tinha um defeito: Pedro era “confiante demais de que nunca erraria” e esse é o defeito de muitos de nós: excesso de auto-confiança.
Basta observarmos quantas vezes dizemos (ou ouvimos alguém dizer): “Eu posso ter todos os defeitos, mas tal coisa eu NUNCA FARIA” normalmente no momento em que alguém comete o tal erro.
A verdade é que não sabemos, não somos infalíveis, e que, como seres humanos, pecamos. Shaul HaShaliach disse:
Rm 7:14,15 - “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
A verdade é que, mesmo tendo sido avisado, Pedro NEGOU a Yeshua, por três vezes seguidas, e na terceira vez, o galo imediatamente cantou. (Mt 26:69-74) Foi como um toque do shofar em Elul, o despertou do erro, do seu pecado.
C
omo pode ser? Eu neguei Yeshua três vezes, não acredito! Como vou conviver com essa culpa? De certo dezenas de coisas passaram pela cabeça de um agora atormentado Pedro. E o que ele fez?
Mt 26:75 - E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
Num outro texto, em João, já após a ressurreição de Yeshua, os dois se reencontram, e o Mestre faz então, por três vezes a mesma pergunta: “Tu me amas?” E Pedro respondeu: “Tu sabes que eu te amo” E Yeshua conclui: “Então apascenta minhas ovelhas”
Isso representa que pelas mesmas três vezes que Pedro houvera negado o Mestre, veio-lhe o arrependimento sincero, e Yeshua fez com que vissem que sim, apesar de tê-lo negado, Pedro O amava, e foi digno de ser escolhido para “apascentar as ovelhas”
Mais do que meramente uma estorinha, isso mostra que um pecador, arrependido de seus erros, pode ser útil a tal ponto de cuidar do rebanho do Mestre.
Agora vamos entender Judas, o que ele fez?
Ele havia vendido o Mestre, o traído com um beijo, (Mt 26:14,15,48,49,50) e viu Yeshua ser levado pelos guardas para a prisão. Mesmo antes da morte de Yeshua, Judas se deu conta do tamanho do erro que cometera, e o texto diz:
Mt 27: 3,4 - Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo.
Os ancião falaram certo a Judas: “Isso é contigo. O que você vai fazer com seu erro, agora não é problema nosso, é teu.”
Aquilo que fazemos com nossos erros é problema nosso. E nisso há dois caminhos: buscar o perdão Divino, através do arrependimento sincero, da confissão e de abandonar o erro, ou fugir, mas para onde?
O único lugar encontrado por Judas para fugir de seus erros foi a forca, onde encontrou a morte.
Mt 27: 5 - E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.
Infelizmente, ele não encontrou lugar (em si mesmo) para arrependimento e essa é a diferença básica entre as atitudes de Pedro e Judas. Pois qual o pecado foi maior? Ambos traíram o Mestre, Pedro ainda foi avisado antes, quer dizer, poderia se previnir, se cuidar, evitar o pecado, mas não conseguiu.
Elul é nossa oportunidade de buscar o sincero arrependimento, o perdão dos pecados, e saber que sim, ele é possível:
1 Jo 2:1,2 - Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Yeshua HaMashiach, haTsadik; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
Que esse período de reflexão possa conduzir a todos nós na direção de um sincero arrependimento, e como Pedro, possamos ouvir o galo cantar (ou o som do shofar a ecoar) e encontrarmos espaço para um perdão de nossos pecados. Quem sabe, mesmo que sejamos todos injustos, o Eterno em Sua infinita misericórdia nos conceda o perdão, através do derramamento do sangue do Cordeiro perfeito. Que assim seja!
Um comentário:
Muito obrigado Rosh pelas postagens, como sempre muito bom.
Shalom.
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