Pv 19:11 - A discrição do homem o torna longânimo, e sua glória é perdoar as injúrias.
Há alguns dias estava eu conversando com um amigo e ele me dizia sobre algumas situações da vida e a dificuldade de lidar com traidores, falsos amigos, e pessoas que nos prejudicam deliberadamente. E na conversa ele me perguntou como eu conseguia me manter calmo quando ele mesmo tinha vontade de voar no pescoço de algumas pessoas. Hoje compartilho aqui a resposta e algumas coisas para melhorar nosso próprio caráter (que ainda tenho muito a crescer).
O texto de provérbios fala onde reside a glória de um homem. A glória está em perdoar as ofensas. Não se trata de deixar os outros te fazerem de bobo, mas de ter a maturidade para entender que pessoas são falhas, algumas possuem falhas graves de caráter, mas no fundo no fundo todos somos falhos e devedores perante o Eterno. A única glória que precisamos reside na grandeza da humildade que está presente naquele que perdoa.
Mas alguém dirá: vai dizer que você perdoa tal e tal pessoa? Claro! Perdoar não significa que eu vá ficar “amiguinho” desse ou daquele; significa que não carrego o peso de ficar pensando mal de fulano. O Eterno é quem os julgará, não sou eu.
Nos últimos dias, estive revendo alguns casos de pessoas que foram injustiçadas.
Talvez você não se lembre da história da “Escola de Base” onde os proprietários foram acusados, execrados e condenados pela mídia, por terem supostamente abusado de alunos, crianças de quatro anos de idade. Resultado: eram inocentes! Hoje processam vários orgãos de imprensa, mas quem irá “restaurar a honra da familia?”
Faz um ano, uma mulher foi linchada no Guarujá/SP, por uma população revoltada, por ela supostamente raptar crianças para rituais de magia negra. Ela foi morta, todos voltaram pra casa com a sensação de “fizemos justiça” e depois se comprovou que ela era INOCENTE. Nunca, jamais se livrarão do trauma o esposo e as duas filhas, mas quem assumirá a culpa? Os que lincharam a mulher, dormem em paz?
Assim há vários outros casos de pessoas inocentes que são massacradas pela sociedade, baseadas em informações de internet, coisa que ninguém assume, mas “todo mundo vê que é verdade”.
Isso aconteceu na Torah, quando Coré, Datã, Abirão se levantaram contra Moisés, e pelo menos quinze mil pessoas foram influenciadas. Foi Deus quem os castigou.
Miriã falou contra seu irmão Moisés, e ela ficou leprosa, e Moisés rogou ao Eterno por ela. Aí começamos a ver a glória do homem Moisés. Aliás, esse foi o início de uma série de levantes contra Moisés; primeiro Miriã, depois o episódio dos espias, depois Coré, depois o povo reclama por Coré e sua turma terem sido mortos (apesar de ter sido o Eterno quem os matou, o povo acusou Moisés de ter assassinado o “povo do Eterno)
Quando os israelitas fizeram o bezerro de ouro, e abandonaram Moshê e o Deus de Israel, esse homem foi perante o Eterno “tentar fazer propiciação” pelo povo. Moshê disse: “Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste.” (Êx 32:32)
Moisés tinha a grandeza, a glória, de perdoar os erros alheios, pois ele entendia que o povo “é de dura cerviz.”
Se o exemplo de Moshê não nos serve, fiquemos com uma frase que eu amo meditar, as palavras de Yeshua, na chamada “oração modelo”: “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;” (Mt 6:12)
Isso torna tudo condicional na nossa prece. “Perdoa como eu perdoo” é pesado de se dizer numa oração; será que podemos dizê-lo? Moshê podia.
Não importa o que as pessoas façam, por mais chato e terrível que possa ser o que alguém faz contra nós, devemos saber que o perdão não é bom para quem é perdoado, é bom para quem perdoa...
Poder olhar para alguém que nos fez um mal, e ter paz no coração é uma sensação das mais agradáveis.
Repito que isso não tem nada a ver com ser ingênuo, bobinho, e as pessoas se aproveitarem de você. Tem a ver com ter paz no coração. Carregar rancor, ódio, é coisa de gente frágil espiritualmente.
Pirkei avot diz: “Quando duas pessoas contenderem, e entrarem diante de ti (juiz) considera a ambas como culpadas, mas quando elas sairem, considera a ambas como inocentes, pois já foram julgadas”
Yeshua também disse que devemos perdoar setenta vezes sete por dia, ou seja, infinitas vezes. Perdoar é bom...
Pv 25:21,22 diz “Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o SENHOR te retribuirá.”
Dias atrás falei que a gente nunca deve se arrepender de fazer o bem para as pessoas, ainda que elas nos retribuam com o mal. Fazer o bem nunca é errado. E cada um só pode dar aquilo que possui; uns só podem dar o mal, fazer o quê?
Amontoe brasas sobre a cabeça de seus inimigos; seja bom, perdoe. Porque o resto, pertence ao Eterno, e no mínimo, você terá a glória de perdoar os pecados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário