“Ouvindo Abrão que seu sobrinho estava preso, fez sair trezentos e dezoito homens dos mais capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã. E, repartidos contra eles de noite, ele e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco. Trouxe de novo todos os bens, e também a Ló, seu sobrinho, os bens dele, e ainda as mulheres, e o povo.” (Gn 14:14-16)
Em meu último post falei sobre a necessidade de sermos parte do povo, e sobre os três garotos sequestrados em Israel, e infelizmente, encontrados mortos. No mesmo dia eu havia recebido de meu amigo Vanderlei, do Mato Grosso, uma sugestão de tema para a reflexão (se você quiser sugerir um tema, pode mandar mensagem pra mim que eu coloco nas reflexões) acerca da acessibilidade e da preocupação com os deficientes. Achei interessante e de certa forma os temas estão entrelaçados.
Depois de alguns dias muito tristes, de luto mesmo por conta do desfecho do sequestro em Hebrom, retomo hoje minhas postagens. Todos nós somos parte de um povo, e dentro disso, uns são mais favorecidos pelas circunstâncias do que outros; possuem melhores condições financeiras, tem mais status social, tem saúde plena, etc... e essas coisas nos possibilitam ajudarmos aos menos favorecidos. Mostrar nossa preocupação com os menos favorecidos é também uma característica do povo de Israel e além disso é uma mitsvah, um mandamento.
Sabemos que pela Torah, somos obrigados a ajudar, pois é dito:
• Se teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então, sustentá-lo-ás. (Lv 25:35)
• Não rebuscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. (Lv 19:10)
• Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã.Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; (Lv 19: 13,14)
Enfim, poderiamos citar Davi, que “adotou o aleijado Mefibosete”, um jovem descendente de Jonatas, e como não lembrar da parábola do bom samaritano, narrada por Yeshua?
Tudo isso deve servir para nos mostrar que devemos “amar ao próximo,” ajudá-lo nas suas dificuldades, e não fechar os olhos diante do problema alheio. Isso se revela em coisas simples, que são também leis em nosso país. Por exemplo, nossa Kehilah Sede em Curitiba, tem uma rampa de acesso aos portadores de necessidades especiais que andam de cadeira de rodas. Tempos atrás, nosso programa de tv tinha na Tsipora (esposa do Rosh Ezrah) uma intérprete em libras (linguagem de sinais, para surdos e mudos), outras kehilot têm um bom sistema de assistência social, através do terceiro dizimo (também um mandamento da Torah). Mas individualmente, o que fazemos?
Hoje, ao chegar no escritório, acabei lendo uma matéria postada no facebook de uma amiga, chamada Alessandra, sobre os perigos do wi-fi, do uso indiscriminado do celular, etc... e é interessante como as coisas se encaixam perfeitamente. Hoje, é cada vez mais, “cada um por si” e quanto mais tecnologia temos, mais nos isolamos das pessoas. Nos ônibus, trens, escolas e escritorios fica cada um com seu fone de ouvido, ouvindo música no celular ou jogando e esquecendo-se do mundo “lá fora”. Cada vez menos se vê gentileza nas ruas, jovens que se levantam e cedem lugar ao idoso, alguém que ajude um cego a atravessar a rua, que cuide do pobre...
Ganhamos dinheiro para o nosso sustento e conforto, é claro. Queremos dar a nossos filhos uma vida melhor do que a que tivemos, uma infância com bastante brinquedos, escola particular e possibilidades de um futuro melhor e não nos damos conta de que estamos criando pessoas e gerações egocêntricas e isoladas.
Quer um futuro melhor para seus filhos? Então não ensine, demonstre com atitudes. Mostre a eles sua preocupação com os outros, não estacione em vagas para idosos ou portadores de necessidades especiais, estenda sua mão ao necessitado, dê sua vez na fila para um idoso, mas dê com prazer, e não reclamando que “velho devia ficar na praça jogando damas, ou em casa vendo tv. Enfim, dê a preferência.
Na brit chadashah diz: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” (Fp 2:3)
O mundo será melhor quando deixarmos de lado nosso smartphone, notebook, tablet e compartilharmos histórias, sorrisos e lágrimas com nossos irmãos, sejam eles ricos ou pobres, jovens ou idosos, sãos ou com alguma debilidade física.
Você, jovem, sabia que uma das maiores causas de depressão entre os idosos está no fato de ser ignorado pelas pessoas jovens? Saibamos e reconheçamos que tudo que somos e temos é fruto do trabalho de gerações passadas? Sem os idosos não somos nada, não temos história; portanto, sente-se um pouco para ouvir essas interessantes histórias.
E se você quer de verdade cumprir Torah, preocupe-se com os menos favorecidos de nossa sociedade. Entenda suas necessidades, e estenda a sua mão. Juntos, podemos fazer mais uns pelos outros.
*** Quero agradecer ao amigo Vanderlei, que acompanha meu blog e me incentiva a continuar, e sugeriu esse tema (espero que tenha apreciado)
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