quarta-feira, outubro 01, 2014

Reflexões para o dia. A Torah ainda não mudou





“Diante das cãs te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR.” (Lv 19:32)

Nos últimos dias tive o privilégio de visitar o Rio Grande do Sul, e passamos (eu, minha esposa e filha) o feriado de Rosh HaShanah em Canoas (nossa kehilah na Grande Porto Alegre) junto com o Rosh Avraham e amigos gaúchos. Foi nossa primeira vez por ali e valeu muito a pena. Pessoas amistosas, e que nos receberam com enorme carinho. 

Ali, tive a oportunidade de rever brevemente o zaken Antonio Volmir. Não pude ficar muito tempo com eles, pois tinha um compromisso em Bagé/RS nos dias seguintes. Minha esposa e filha ficaram com eles no final de semana, e ela teve a honra de ser recebida para um almoço na casa do zaken. Na viagem de volta pra casa, ela me contava animada sobre como foi bom aquele domingo. Tanto para ela quanto para eles!

Depois, na volta da viagem, passamos por Vacaria, para uma visita à família do Rosh Mordechai. Ali novamente tivemos ótimos momentos. 

Quem me acompanha sabe que de vez em quando comento que venho meditando pelo caminho e esperando que o Eterno me dê uma confirmação sobre o assunto que pretendo escrever, e hoje foi novamente um dia assim; no rádio, o locutor dizia: “hoje é o dia do idoso” e deemos honrar os mais velhos, por sua sabedoria, etc...
Hoje, de volta ao trabalho no escritório, desejava falar sobre isso, e a resposta veio ao ouvir a rádio pela manhã. Normalmente chamar alguém de idoso, ancião, tem sido visito como algo depreciativo, infelizmente. Como em quase tudo atualmente, nossa sociedade diminui o valor da experiência da pessoa mais velha, e procura apagar da memória tudo o que eles já fizeram. 

D-us me deu o privilégio de trabalhar com pessoas mais velhas durante todo o meu ministério. Lá se vão 14, 15 anos e nesse tempo, trabalhei, exerci liderança sobre pessoas de mais idade e procurei respeitar a todos. É evidente que tivemos alguns atritos, mas no geral, acho que soube reconhecer o esforço dos antigos. 
Nos últimos 6 anos estive em Ponta Grossa e lá, já haviam dois zakenin (Ailton Avinadav e o Ananias). Sempre os reconheci, sempre fiz questão de citá-los, que não existiria a atual congregação, o meu trabalho, se eles não tivessem vindo antes. O mesmo se passa em diversas de nossas comunidades, e fico feliz que em Porto Alegre o jovem líder Avraham também demonstrou esse reconhecimento pelo zaken Volmir. 

Temos diversos lideres jovens, e não me entendam mal, muitos são fantásticos, de muito conhecimento, mas o que seria da CINA se não houvessem esses líderes antigos? É relativamente fácil para um líder jovem assumir um grupo com 30, 40, 50 pessoas e trabalhar com elas, mas quem os conduziu até ali foi o líder mais velho; se não os reconhecermos hoje, o que será de nós, quando chegarmos à velhice?

Nos próximos dias visitarei Brasília, Goiânia, que são cidades onde temos líderes jovens, que batalham para formar um bom grupo; depois, irei visitar Vila Velha, onde está o Rosh Nakidmon, um ancião (cheio de vigor) que ainda hoje trabalha incansavelmente na construção do Mikvê de Vila Velha. Em Campinas, ainda temos o Rosh Aganor Iohanan, e ainda há certamente outros líderes mais antigos que merecem nosso respeito.

Nesse ano de 5775, se existe um pedido a ser feito, é que voltemos nossos olhos aos líderes antigos, que os reconheçamos, que vejamos seus méritos. Sei que alguns não possuem um bom nível de conhecimento do judaísmo, mas isso é recompensado por bons anos de serviços prestados e da sabedoria que só os anos de vida podem ensinar. Alguns talvez já não seriam capazes de fazer uma prédica tão enriquecedora, mas certamente esses “anciãos” são dignos de que nos levantemos diante de suas presenças.

Foram homens como esses citados, Mordechay ben Avraham, Sebastião Hahn (Pinechas), José Rodrigues, Antonio Volmir, Rosh Melachim, Rosh Yohanan, Rosh Nakidmon e outros que nos trouxeram por longos anos e cada é digno daquilo que os americanos chamam de “stand ovation” quando todos ficam de pé, para aplaudir. 

Por razões óbvias não citei o Rosh Yishai ben Yehudah, meu pai, uma vez que alguém poderá dizer que é bajulação ao próprio pai, mas apenas reflitam o que seria da CINA sem ele? Não preciso de respostas. 

Vejo no horário político muitos jovens candidatos cuja maior plataforma é dizer: “sou o candidato da renovação, chega dos velhos políticos...” Sério? É só isso que sabem dizer? 

Só sei que a palavra de D-us diz que a Torah é imutável, e ela diz que devemos HONRAR A PRESENÇA DO ANCIÃO.

Shanah Tovah a todos, e que tenhamos um 5775 cheio de alegrias e respeito a todos, porque reconhecer os anciãos de nosso povo é honrar os que pavimentaram os caminhos por onde hoje trilhamos e dar honra a eles é cumprir a Torah do Eterno. 

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