“Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio. Volta-te para nós, SENHOR; até quando? E aplaca-te para com os teus servos. Sacia-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos e nos alegremos todos os nossos dias.” (Sl 90:12-14)
Já usei esses versos várias vezes em minhas meditações frequentes, porque por mais que o tempo passe, teimamos em distrair nossa mente, tirando o foco daquilo que é realmente importante. E os últimos dias nos mostram isso. Explico:
Hoje, terça-feira, 12/08/2014 é dia 16 de Av de 5774 de acordo com o calendário judaico. E daí? Daí que ontem foi Tu BeAv, um dia dedicado à alegria e ao amor, no calendário de Israel. E quem se preocupou com isso? Não é dia dos namorados, mas dia de celebração ao amor para o com próximo.
Hoje também faz uma semana em que vivemos o Tishá BeAv, o dia em que o Templo foi destruído, as duas vezes, e uma série de maus acontecimentos marcam essa data. O judaísmo afirma que o Templo foi destruído por causa do ódio gratuito e que Mashiach só virá quando formos capazes de deixar de lado esse sentimento e o substituirmos pelo sentimento de amor ao próximo. Pelo visto, esse dia está bem longe de chegar.
Se contarmos a partir de hoje, teremos também duas semanas até o início do mês de Elul, o último de nosso calendário. Muitas prédicas já foram feitas acerca desse mês, que é um período de reflexão, onde “O Rei está no Campo”, e é tempo de nos arrependermos e buscarmos o perdão, buscarmos nos consertar nos quarenta dias que antecedem o Yom Kipur. Se não fizermos isso, teremos perdido a chance de um encontro verdadeiro com o REI; Nesse período é dito que o REI deixa seu palácio e vem passear entre nós, e temos a oportunidade perfeita de nos aproximarmos dele.
Em Elul, diariamente é tempo de fazermos as selichot (preces de arrependimento que antecedem Rosh HaShanah) e o ideal é comçarmos esse período de reflexão o quanto antes.
Se queremos ter um coração sábio e sermos cheios de Ruach HaKodesh, depende de nós; depende de nós deixarmos de lado sentimentos como ódio, rancor, desejos de vingança, e buscarmos uma perseguição ao próximo. Perseguição? Sim! Perseguição no sentido de irmos atrás das pessoas e procurarmos nos consertar, reavivar os relacionamentos, deixar de lado as picuinhas.
Há dezenas, centenas, milhares de pessoas pelo mundo afora sedentas da verdade, ansiosas por ouvir as boas novas que a Torah nos apresenta a cada dia, e já não mais podemos perder tempo com discussões banais.
Sim, todos erram, mas se ficarmos gastando nosso tempo procurando culpados para crucificarmos, deixaremos de investir horas preciosas no resgate de pessoas que anseiam por uma palavra de conforto e de verdade.
O jejum do dia 9 de Av só faz sentido se lamentarmos de verdade a destruição do Templo de Jerusalém. E esse lamento só é verdadeiro se procurarmos eliminar do meio de nós a causa de sua destruição: o ódio gratuito.
O dia 15 de Av, dia de alegria e amor, só fará sentido se demonstrarmos alegria ao vermos pessoas. Não é tempo de caça às bruxas, aliás, nunca foi. É tempo de mãos estendidas, de nos abraçarmos e olharmos para a frente.
O mês de Elul (Acróstico de Ani Ledodi Vedodi Li, Eu ou do meu amado e meu amado é meu) só vai fazer a diferença em nossas vidas quando nos dedicarmos às selichot, orarmos verdadeiramente arrependidos diante do Eterno, buscarmos nos consertar, pedir perdão, e nos levantarmos para celebrarmos juntos alegremente a chegada de um novo ano em Rosh HaShanah.
E voltamos ao jejum, agora no Yom Kipur, o dia mais sagrado de nosso calendário; ele só terá efeito se concentrarmos nossas forças e nossas mentes naquilo que é bom.
Desejo que os nossos próximos dias e semanas nos tragam essa reflexão positiva. E que eles nos conduzam ao arrependimento e ao amor para com o próximo, porque assim, estaremos trazendo Mashiach à Terra. O mundo precisa de paz! E se quisermos alcançar um coração sábio, é preciso buscar por isso. No fim, ficamos com as palavras de Shaul HaShaliach: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4:8)
**Ps.: Está um dia lindo lá fora hoje, aproveite-o bem!
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