segunda-feira, agosto 01, 2016

Reflexão para o dia: "Sidur e Tefilin"



Na manhã de hoje, ao chegar à sinagoga, não encontrei meu sidur em minha sala, e talvez ele tenha ficado em casa, no carro, enfim... não importa muito. Difícil é se lembrar das preces sem o sidur na mão, mas aí quem quer sempre encontra a solução né?! 
Lembre-me que no celular eu tenho (para emergências) os aplicativos e dentre eles, o sidur “Tehilat HaShem” e então peguei o celular e fui fazer as preces. 
Rezar deve ser sempre parte de nossa vida cotidiana; tenho dito que na vida a gente precisa estabelecer nossos ritos. Assim como tem gente que não perde um capítulo da novela, ou um jogo de seu time de futebol favorito, ou qualquer outra coisa, devemos ter o zelo de não perder um dia sem ter uma conexão com o Criador, isso através da prece. Quem não ora, não tem tempo para D-us. 
E o que adianta rezar se não mudarmos nossas atitudes, nosso comportamento? Não adianta muita coisa. 
Hoje não quero publicar aqui uma “meditação” um “devocional” mas quero te instigar a duas coisas: 
- fazer seu próprio devocional.
- cumprir a Torah.

Sempre dizemos que devemos rezar o Shemah todos os dias, e de fato o devemos... pirkei avot diz: “Não deixes de dizer o shemah, seja cuidado com a leitura da prece e ao rezares, não o faça como algo rotineiro, mas como uma súplica ao Eterno...” (avot 2:18)

Hoje a maioria das pessoas tem um celular de boa qualidade, em que é possível baixar aplicativos, então procure ter no seu aparelho um sidur, biblia, e outros aplicativos que te ajudem a se conectar com o Criador, mas para emergências. Porque o ideal é ter o sidur, a Torah, e livros de estudo. Um aplicativo de celular não substitui outras coisas relevantes. 
Um exemplo disso é que no sidur e no celular, o Shemah diz: “Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.” (Dt 6:8,9) 
Porquê fazemos questão de ter mezuzá nas portas, mas não fazemos igualmente questão de ter um tefilin? 
O tefilin está escrito pelo menos quatro vezes na Torah, é uma mitsva muito relevante, porque nos obriga a nos “amarrarmos” com os mandamentos. 
Colocar tefilin é atar nas mãos e braços, ou seja, nossas obras serem amarradas aos mandamentos do Eterno. Colocar tefilin na cabeça é cumprir o texto que diz: “na mente lhes imprimirei as minhas leis”(Jr 31:33) Tefilin também é a nova aliança!

Tenha sidur, reze, mas tenha também tefilin e carregue sempre consigo seus ítens sagrados. Se não for possível andar com os livros, ande com o celular, mas celular conectado com o Eterno. 

*** Se você sabe de algum aplicativo judaico interessante para android e Iphone dê sua sugestão! Vamos tornar nossos celulares mais "judaicos" 

quinta-feira, abril 28, 2016

Sefirat HaOmer e a Bondade Humilde



A contagem do Omer para essa primeira semana aborda o chessed, a bondade. A bondade também pode ser humilde. Essa é a meditação de hoje “Hod Shebe Chessed”

Nosso mestre Yeshua disse: 
Mt 6:1-4 - Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.”

Podemos ser bons, ajudando pessoas, e isso traz sempre consigo o mérito, mas o melhor é fazer “caridade” sem a necessidade de expor nossos atos, seja em redes sociais ou de outra maneira. 

A fé judaica relata oito diferentes niveis de caridade, começando por aquele que dá de má vontade. Isso também é caridade? Sim, mas não tem grande valor perante o Eterno.
A partir daí, tem aquele que dá com um sorriso no rosto, mas de forma errada; depois aquele que dá ao pobre, mas só quando lhe é pedido. 
O quarto nível é aquele que dá ao pobre, diretamente em sua mão, antes que lhe seja pedido qualquer coisa. Acima deste há aquele que não sabe sequer para quem está dando, mas permite que os pobres saibam quem é o benfeitor.
Já o sexto nível, é aquele que doa ao pobre sabendo quem é a pessoa, mas não permite que o pobre saiba quem está doando. Um nível acima desse está a caridade daquele que não sabe para quem está doando (isso o impede depois de querer cobrar qualquer recompensa) e o receptor também não sabe quem o ajudou. Isso é chamado de cumprir uma mitsva apenas em prol do céu, que agrada ao Criador.
E o nivel mais elevado da caridade é ajudar alguém de forma que essa pessoa possa trabalhar e não mais depender da caridade alheia. 

A bondade com humildade é praticada sabendo que se hoje estamos em condições de ajudar a alguém, isso não faz de nós pessoas melhores que os demais, apenas faz de nós alguém que usa corretamente dos recursos que o Eterno lhe proporciona para beneficiar a humanidade. Nunca sabemos quando vamos necessitar de ajuda humanitária (D-us permita que não necessitemos de fato) mas enquanto pudermos ajudar, ajudemos pelo prazer de ser bom, humildemente. 

Isso ocorre também no perdoar. Perdoar alguém não faz de você melhor que os outros; o perdão não deve ser usado como uma forma de se exaltar, jamais. O perdão humilde é aquele em que a pessoa perdoa porque reconhece que ele próprio também e carece do perdão alheio. Por isso mesmo Yeshua fala do famoso “setenta vezes sete (no dia)” e ele conclui que nós devemos rezar dizendo: “perdoa-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” 

Isso é muito relevante: dizermos ao Criador a frase “perdoa como eu perdôo” é um risco enorme, especialmente para pessoas cheias de atos de caridade, mas com um coração endurecido. 

Pensemos nisso, nesse quinto dia da contagem do Omer, e coloquemos em prática a caridade com humildade.

quarta-feira, abril 27, 2016

Sefirat HaOmer e Bondade sincera



A contagem do Omer é algo interessante. A Torah nos ordena: 
Lv 23:15-16 Depois, para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; 

Quando celebramos  o Pessach, começamos a contar a partir do sábado os dias, até chegarmos no dia cinquenta, e celebramos aí a festa de Shavuot. É uma mitsva contar os dias e o fazemos sempre ao anoitecer: hoje é dia 1, hoje é dia 2 da contagem, dia 3 da contagem,... até o dia 50. 
Parece algo simples e meio que sem propósito, mas aí que está, tudo na vida tem um propósito; é a gente que não sabe encontrar a razão. 

Nas várias linhas do judaísmo, a cada semana se atribui algo a ser aperfeiçoado em nosso caráter. Já falei a respeito antes, mas vale sempre lembrar:
• Semana 1 - Chessed - bondade, benevolência
• Semana 2 - Guevurá - justiça, disciplina, moderação, reverência
• Semana 3 - Tiferet - beleza e harmonia; compaixão
• Semana 4 - Netzach - resistência; firmeza; ambição
• Semana 5 - Hod - humildade, esplendor
• Semana 6 - Yesod - vínculo, princípio
• Semana 7 - Malchut - nobreza, soberania, liderança.

Como estamos no dia 4 da contagem, é preciso buscar aperfeiçoar nossos atos de bondade. Mas o que é ser bom?
Pergunta simples, mas difícil, cada um tem sua própria resposta. Como somos discípulos de Yeshua, é sempre prudente analisar aquilo que Ele, nosso Mashiach, nos ensinou, então vejamos:
O texto de Lucas 18:18-23 traz o relato do jovem rico que queria herdar a vida eterna. E ele chama a Yeshua de bom mestre. E a resposta que ouviu: “Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.”
Aí  o jovem rico diz, de certo orgulhoso e feliz: “eu já faço isso faz tempo.”  E, de novo Yeshua lhe fala: “Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.” 
Então o jovem ficou triste, porque ele era rico.

O que tudo isso tem a ver com ser bom, com a contagem do omer, com chessed, com herdar o reino? 
Tem a ver amigos, que não basta a gente falar que cumpre os mandamentos, tem que ter algo a mais, se realmente queremos herdar o reino. Alguns dizem que com dinheiro tudo fica fácil... e vemos nesse texto que não é tão simples assim. A vida não gira em torno do dinheiro, mas de nossas atitudes e de nosso coração. 

O conselho para o Chessed de hoje está relacionado com tolerância no amar, na bondade. 
É fácil ser bom, ajudar, estender a mão e amar as pessoas que nos amam, que se dedicam a nós. Difícil é ser bom, amar, quando essas pessoas já não nos podem trazer grandes benefícios. De novo, nosso Mashiach diz: 
Mt 5:46-48 Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?  E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
Devemos nos perguntar se nosso amor, nossa bondade é verdadeira. Sou bom mesmo com aqueles que não me são úteis? Sou generoso mesmo com aqueles que me querem mal? 

O profeta Miquéias, falando em nome do Eterno nos diz: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” (Mq 6:8)

É ótimo ajudarmos as pessoas que amamos, mas ajudar quem não pode trazer benefícios é excelente. 

Agora deixa eu dar um testemunho simples: 
Semana passada, a gente estava aqui na maior correria na sinagoga, preparando para o Seder de Pessach, e aí alguém me manda uma mensagem de celular mais ou menos assim: “Rosh, estou chegando na rodoviária de Curitiba, com duas crianças, e algumas malas e me perdi do chaver que viria conosco, pois ele se atrasou e acabou perdendo o ônibus. Alguém pode me buscar na rodoviária?” 
Alguém pode pensar: “Puxa, a pessoa viaja com duas crianças, bolsas, e não sabe pegar um taxi?” Ou “sempre tem os folgados que avisam só quando estão chegando na rodoviária e aí a gente que se vire pra ajudar.” Enfim, cada um pode pensar como quiser... mas o que profeta Miquéias disse é que devemos amar ser bons; portanto, não podemos perder a oportunidade de ajudar alguém, porque amamos fazer isso. Quanto mais difícil a situação, melhor!
Lá fui eu, peguei a kombi e fui buscar a chaverah com seus filhos. Viemos para a CINA conversando bastante e eles participaram do Pessach conosco. (Ah, o chaver que perdeu o ônibus também veio, chegou atrasado, mas conseguiu vir) Aí, passaram o shabat conosco, e foram embora na manhã do domingo. 


Quando chego para trabalhar na manhã da segunda, tinha um recadinho num guardanapo. Recadinho de agradecimento (não a mim, mas a toda a nossa kehilah)... e é por coisas assim que devemos amar ser bons. Pequenos gestos de bondade diários fazem nossos dias melhores. 
E se a pessoa não agradecer? Bom, não fazemos em busca de agradecimentos, fazemos porque o que o Eterno quer de nós? Que pratiquemos a justiça, amemos a beneficência e sejamos humildes...
Boa contagem do omer a todos...
(*** hoje de noite, iniciaremos o dia 5 da contagem do omer)

terça-feira, novembro 24, 2015

Israel - Mr Bombastic! O Homem que parou o Kotel!



Não costumo fazer postagens sobre tudo o que acontece em nossas viagens a Israel, primeiro porque não dá tempo e segundo, gosto que as pessoas possam imaginar através das fotos, tudo de bom que é esse lugar santo. Mas hoje não dá! Tenho que compartilhar algo inédito que vivi  aqui.

Bem, eu e meus amigos, Hillel, Nilder e Dilma, hoje visitamos vários lugares, como sempre, e na parte da tarde, fomos ao Kotel rezar e fazer fotos. Até aí, tudo normal.
Eis que logo na entrada, como todo turista, meus amigos querem fotos com soldados do exército de Israel. Então, lá foram eles. Os incentivei a irem sozinho e tentarem a sorte. Chegaram a um grupo e pediram, e logo foram atendidos. Fotos feitas, vamos rezar, certo? Errado! Errado! Errado!

Bem, de fato fomos rezar, mas eis que meu amigo Nilder esqueceu sua bolsa ao lado de onde estava a jovem militar que saiu gentilmente nas fotos com eles. Saímos, rezamos, dançaram com os breslov, e fomos embora do Kotel... passamos pelo Cardo, fizemos e aí, a dona Dilma pergunta ao marido: Cadê sua bolsa? 
Em desespero voltamos correndo, eu, o Nilder e o Hillel. Mais de uma hora depois será que acharíamos a bolsa? Tinha que achar, pois dentro dela estavam os passaportes do casal, e mais um monte de coisas, HD externo, cabos, carregadores, etc... era urgente recuperá-la. 
Meio ofegantes chegamos, mas a novidade surgiu. O Kotel, plena cinco da tarde, estava fechado! Todo mundo do lado de fora, lá dentro ninguém, só policiais! Eu achei que era alguma atividade, um evento militar. Ou quem sabe algum presidente! Mas o fato é que estava totalmente fechado, todos os acessos. 

Pedi a policiais para me deixarem entrar, que meu amigo tinha esquecido a bolsa dele, com os documentos lá dentro. Até que um policial me mostra uma foto no celular. A bolsa é essa? Respondo que não sei, é meio parecida. 
Outra policial fala comigo: “Senhor, como é a bolsa?” Eu digo, preta, meio social, tamanho assim e etc... e aí escutamos uma explosão forte! Buuuummmmm! Todos trememos, escuta-se o silêncio entre a multidão que queria entrar no Kotel. E aí a policial olha pra mim e diz: “Sinto muito mas acho que sua bolsa explodiu!”

Em minutos, já me pedem pra acompanhar outro militar, e o Kotel ainda fechado, somos o centro das atenções. Ao entrar, eis que encontro a tal bolsa do Nilder, literalmente despedaçada! Um cheiro forte de explosivo, pólvora pura! Coração a mil! 
Ansioso já começo a pensar em procurar o consulado brasileiro, pedir novos passaportes de emergência, pedir desculpas aos militares (sim, mobilizamos um aparato enorme do exército de Israel) 
O policial fala comigo, e pede que eu abra a bolsa e tente confirmar se era mesmo do meu companheiro de viagem. Em meio à fumaça, achamos o passaporte da Dilma (esposa do Nilder) e confirmo. Depois, pedaços do HD, cabos arrebentados... enfim, tudo arrebentado. Achamos o passaporte dele também, graças ao Eterno. 
Passado o susto, peço desculpas ao policial por ter causado tamanho transtorno (você imagina o que é fechar o Kotel em plena tarde?) e espero a bronca dele e ele me dizer qual seria o prejuizo, quanto teríamos que pagar. 

Nisso, o Kotel ainda fechado, e uma multidão nos olhando pelas portas de acesso. Nilder feliz pelo passaporte, mas já preocupado. E o policial vem com um papel conversar comigo.  Incrivelmente calmo, ele me explica os procedimentos:
- Senhor, pedimos desculpas por ter explodido a bolsa, sei que tiveram um prejuizo financeiro; essa folha aqui, anotamos  as perdas de voces. Agora vocês levam isso em tal endereço aqui em Jerusalém e o governo de Israel vai ressarcir voces pelo prejuízo. 
Absolutamente estupefato, olho e digo ao policial: “vocês é que devem nos perdoar, lamentamos profundamente o prejuizo de Israel, e foi uma falha completamente involuntária, quando apenas queríamos fazer fotos ao lado dos militares.” Ouço como resposta: “tudo bem, o senhor entendeu o procedimento pra receber de volta o ressarcimento?” Sim! Então ele me diz: “mais uma vez, nos desculpe!” 

Outro policial diz: “De onde vocês são?” Do Brasil! E ele: “No Brasil qualquer criança poderia ter pego a bolsa de voces com tranquilidade, mas aqui, temos que explodir” 

Saimos, ainda enquanto nosso coração disparado tentava voltar ao ritmo normal, ao mesmo tempo em que os portões eram reabertos e o Kotel voltava ao seu ritmo de orações, pulsando o coração do Eterno e de um povo que busca Sua Santidade. 

Foi uma experiência única! Certamente somos os primeiros a dizer: “Paramos o Kotel” mas, graças à misericórdia do Eterno, era apenas uma bolsa! E Ele protegeu os passaportes!

Aproveito para dizer a todos que, apesar dos ataques terroristas AM ISRAEL CHAI! O Povo de Israel vive! E vive feliz!
Sigamos rezando para que o Eterno, Bendito Seja Ele, possa trazer a paz sobre nós e sobre todo o povo de Israel!

quinta-feira, novembro 12, 2015

Reflexão de hoje: Arrependimento: a essência da Teshuvah verdadeira



Lc 15:18 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti.

A vida é feita de escolhas. Todos os dias nos confrontamos com caminhos diversos a serem seguidos. Qual o caminho certo? E se eu escolher seguir o caminho errado, o que vai acontecer? Será que se eu errar, terei chance e poderei voltar?
Sei que não é fácil, muitas vezes há o caminho que nos parece mais certo, mas aí, depois percebemos que tomamos o rumo errado e então há duas opções. Seguir nesse caminho e ver onde ele vai dar (e aí, nesse caso, nos distanciaremos cada vez mais do caminho correto) ou pegar o primeiro retorno e retomar a caminhada no trilho certo. 

Um dos textos mais fascinantes ensinados pelo Mashiach Yeshua foi o relatado na conhecida parábolo do filho pródigo. 
Ele pegou sua parte na herança, abandonou a casa de seu pai e foi “experimentar” seus próprios caminhos. Conheceu novas pessoas, se iludiu com conversas, até que perdeu tudo e se deu conta de que já não tinha mais o que fazer, escolhera o caminho errado. 
Humildemente ele se dá conta de que pecou, reconhece seu erro e pensa em voltar à casa do pai, mas aí já acreditando que não seria recebido como filho, pensava que seria razoável se tivesse uma chance de ser apenas um dos trabalhadores.
Qual não foi a surpresa ao ser recebido com grande carinho pelo pai, que o acolhe e depois dá uma grande festa, e isso causou ciúmes no outro irmão, que fora fiel por toda a vida. 

Ontem, no fim do expediente, recebemos na sinagoga um filho pedindo para voltar, e pudemos conversar por um tempo. Quanto é bom isso, saber que alguém se arrepende e humildemente pede para voltar à casa do pai, aceitando ser apenas um servo, aceitando punição, não impondo condições. Por outro lado, como seria bom se todos pudéssemos nos colocar na posição do pai, que acolhe seu filho de volta. 

Eclesiastes diz que há tempo para todas as coisas, e há tempo para se aventurar e tempo para se arrepender. Como na estória do filho pródigo, o pai não foi atrás do filho (ainda que isso lhe partia o coração), mas antes permitiu que ele saísse e   pudesse viver o seu sonho. O pai apenas torcia para o filho um dia voltar. E voltou!

Ontem ouvi a famosa frase: “errar todo mundo erra, errar é humano”. Não me iludo, nem todo mundo que erra se arrepende; é preciso ter humildade no coração e passar pela “humilhação”  de reconhecer o erro perante as pessoas. Aí que a coisa fica difícil. Quantos são humildes o suficiente? 
Muitos erram, sabem que erraram, mas não encontram espaço para o arrependimento. 
O arrependimento é a essência da Teshuvah! Reconhecermos nossa condição pecaminosa é um passo importantíssimo. Como disse Yohanan: “Produzi, pois, frutos de arrependimento!” 

Fico feliz com um filho que se arrepende e volta. Tanto quanto fico triste com um filho que opta por “experimentar a vida, coisas novas”. Como pai, só me resta rezar pra que o Eterno guarde esse filho e que ele encontre espaço para o arrependimento quando se der conta do erro cometido. 

Isso é a condição humana, meus amigos. Já há séculos, o profeta dizia: 
Jr 8:5-9 Por que, pois, este povo de Jerusalém se desvia, apostatando continuamente? Persiste no engano e não quer voltar. Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto, ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um corre a sua carreira como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha. Até a cegonha no céu conhece as suas estações; a rola, a andorinha e o grou observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do SENHOR. Como, pois, dizeis: Somos sábios, e a lei do SENHOR está conosco? Pois, com efeito, a falsa pena dos escribas a converteu em mentira. Os sábios serão envergonhados, aterrorizados e presos; eis que rejeitaram a palavra do SENHOR; que sabedoria é essa que eles têm?

Cada um corre sua carreira como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha. Dizem: somos sábios, e a lei do Eterno está conosco. Com efeito, a FALSA PENA dos escribas a converteu em mentira. Que sabedoria é essa que eles tem? 

Isso não é uma critica a esse ou aquele, nem tampouco é uma auto-proclamação de minha sabedoria e justiça. Só um tolo age assim. Então, para que serve essa meditação?
Primeiro, é um devocional meu, uma meditação minha, e meu pedido ao Eterno é que me dê e a todos nós, capacidade para escolher bem os caminhos da vida; se errar, que Ele me permita ter humildade para reconhecer e buscar o retorno; mas se eu estiver no caminho certo e outra pessoa, reconhecendo seu erro, quiser retornar para esse caminho, que o Eterno me conceda o espírito do pai, que abraça o filho que retorna, e nunca, jamais, um espírito de vingança e de abandonar o que busca por ajuda. 

Teshuvah, um caminho para o arrependimento, esse era um tema de um caderno de lições antigo da CINA. 

Se você, ao ler esse texto, perceber que estava num caminho errado, ore ao Eterno, e que ele lhe dê forças de encontrar o primeiro retorno em sua estrada e voltar para casa. E saiba que, de minha parte, todos os arrependidos encontrarão sempre o apoio para retornar para a casa do pai. Não fiquem desejando comer as bolotas que os porcos comiam, ninguém precisa disso. 
Espero sinceramente que eu, convicto de que estou trilhando o caminho correto em Yeshua, se nalgum momento perceber que estou errado, possa encontrar em meu coração o arrependimento, e quem sabe, possa voltar aos braços do Pai. 
Teshuvah! Arrependimento! Perdão! Um abraço a todos! Shabat shalom! 

sexta-feira, outubro 16, 2015

Reflexão para o dia: Od Yavo Shalom Aleinu, amigos pela paz...



Sl 122:6-9 Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam.  Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti!  Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o teu bem.

Diz o talmude em Pirkei Avot: “sejam como os discipulos de Arão; orai pela paz, procurai pela paz” 

Durante mais essa peregrinação, assim como em todas as outras, o Eterno nos propicia momentos especiais e únicos. Felizes coincidências que nos conduzem a momentos raros de espiritualidade em que é como se Ele próprio nos estivesse falando ao ouvido e ao coração.

Ontem vivi um desses momentos. A certa hora do dia, tive que largar o grupo aos cuidados do guia e eu retornaria ao hotel para um compromisso. Ao chegar no quarto, o camareiro arrumava a cama e, com certo receio, ele pediu desculpas e ía saindo, quando eu  insisti que ele ficasse e não se importasse com minha presença. 

Tentei puxar conversa (normalmente os turistas não vêem os camareiros, que são ignorados na maioria das vezes) e ele ainda arredio, foi se abrindo. 

Era um árabe, chamado Ahmed, e trabalhava no hotel desde 1987, sendo já um senhor de mais de cinquenta anos. Mais da metade da vida dele passou trabalhando ali e por cerca de dez anos cumpria expediente em dois trabalhos para sustentar a familia. A conversa seguiu tranquilamente até que eu pedi que ele me desse sua opiniao a respeito do atual conflito vivido em Jerusalém. Eu queria saber apenas a opinião e entender o ponto de vista de um árabe de Jerusalém, mas ao fim da conversa, os olhos estavam marejantes, se é que me entendem.

Ele, de novo arredio, me dizia: “eu não gostaria de falar sobre esse assunto, é algo dificil” mas fui insistente e segui o papo até que ele se sentiu mais a vontade e começou a falar, dizendo: “minha vida está dificil nos últimos dias, situação complicada. Minha família está sofrendo... normalmente eu gasto meia hora entre a minha casa e o trabalho, mas agora tenho levado mais de duas horas, porque todo caminho está trancado pela polícia, e então eu tenho que contornar a cidade até achar um lugar por onde eu possa entrar no meu bairro. 

Falei: “o senhor sabe que eu sou judeu né?” e ele disse: “sim, eu vi a tua kipah” e eu falei que é complexo, pois Israel precisa se proteger, defender suas famílias e suas crianças. E ele entendeu, mas continuamos... e ele dizia: “essa é uma situação em que todos perdem, todos sofrem”

A conversa segue e ele fala dos filhos, que saem pra trabalhar e estudar, chegam entre uma e duas da madrugada muitas vezes, e nesses dias, ele, como pai, não dorme enquanto crianças não voltam pra casa. Você consegue imaginar a ansiedade e o estresse a que esse senhor é submetido diariamente nas últimas semanas? São horas de angústia sem fim. 

O cidadão, que trabalha há praticamente trinta anos no mesmo hotel já provou ser um homem de bem, mas tem que chegar cedo no trabalho e gasta duas horas, num percurso de trinta minutos. Passa por constantes revistas policiais (Não digo que o exército de Israel está errado, afinal, temos que defender os judeus de nossa terra) e ao iniciar o expediente já está tenso. 
Depois, ao longo do dia, ele liga a cada duas horas pra casa, pra saber se todos estão bem. Tem um amigo taxista a quem ele recorre para buscar os filhos na escola, filhos que já não mais querem estudar, porque não conseguem se concentrar e aprender. 
Fim do expediente, mais duas horas com revista policial, ruas bloqueadas, sirenes de ambulâncias constantemente nas vias públicas até que chega tarde em casa, e depois a agonia de esperar os filhos voltarem para casa. No dia seguinte, tudo se repete... 

Por outro lado, temos os judeus, que enquanto caminham para suas preces no kotel, ou vão ao trabalho, subitamente veem um carro propositadamente subir na calçada, no ponto de ônibus, no semáforo, em qualquer lugar e atropelar seus irmãos e amigos. Depois de atropelados, ainda tem o fato do motorista sair e esfaquear e assassinar tantas pessoas quanto possivel, pelo simples fato de serem judeus, até que esse terrorista seja morto rapidamente por algum militar israelense. 
A morte dos inocentes causa espanto e tristeza entre judeus, mas a morte do terrorista é celebrada como um mártir, um herói, entre palestinos, ao mesmo tempo em que novos jovens se revoltam contra Israel e o ciclo se repete indefinidamente. 

A situação é tristemente complexa. Inocentes sofrem e morrem a cada dia. A tensão aumenta, o lugar vira um barril de pólvora. Eu vejo um policial a cada cinquenta metros, com sua metralhadora sempre engatilhada. No alto das casas da cidade velha vemos sempre um atirador de elite claramente a espera de onde será o próximo ataque. 
Num dia, passeando de carro com um amigo aqui, vimos o que acabara de ser um ataque, que culminou com a morte de um jovem terrorista de apenas dezenove anos. Impotentes, lamentamos, mas fomos igualmente tomados pela tensão do momento, próximos à Porta de Damasco, o local mais perigoso hoje aqui.

Ao mesmo tempo, retomamos o tour com o grupo, que aparentemente de forma tranquila, segue seu roteiro. A música escolhida pelo grupo e cantada diversas vezes diz: “Od yavo shalom aleinu, od yavo shalom aleinu veal culam. Sallam, aleinu veal col haolam.” Que a paz venha sobre nós e sobre todos!
Eu e meu amigo, maestro Joab Muniz sonhamos com um projeto, e acreditamos num mundo melhor. Trabalhamos, criamos sonhos e esperamos realizar, se for pela vontade e misericórdia do Eterno Deus de Israel. 

Por ora, só nos resta rezar pela paz e pela prosperidade da cidade que amamos.Que haja paz e prosperidade nos palácios dessa cidade maravilhosa, e que nunca nos esqueçamos que aqui é a Casa de Deus e devemos buscar o bem de Jerusalém sempre. 

Seja onde for que você estiver, faça verdadeiro dentro de si estas coisas, orar e amar a Jerusalém. Saiba que aqui existem pessoas de bem, judeus, árabes também, e gente de todos os lugares, porque está escrito: “Minha Casa será chamada casa de oração para todos os povos.” 

Mas saiba que, independente de período, seja frio ou calor, tempos de paz ou guerra, Jerusalém é e sempre será um lugar inesquecivel. Que seja sempre “ir shalem” (Cidade de paz) e a cada dia faz  mais sentido para mim a frase: “Se eu me esquecer de ti, óh Jerusalém!”  Lugar onde meu coração pulsa em sincronia com o coração do Eterno, lugar onde nossa alma encontra repouso e paz, independente das aflições que possam sobrevir a nós a cada dia! 
Ore pela paz de Jerusalém. Sejam prósperos aqueles que te amam, sempre!

Shabat shalom!

quarta-feira, setembro 02, 2015

Reflexões para o dia: Os pratos da Orquestra




1 Samuel 18:7, 8 - As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares.  Então, Saul se indignou muito, pois estas palavras lhe desagradaram em extremo; e disse: Dez milhares deram elas a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão o reino?

Na noite passada tivemos o privilégio de assistir ao vivo a apresentação da Orquestra Sinfônica de Jerusalém; tudo muito bonito e organizado. Algo que vale a pena de se ver!
Antes de iniciar a apresentação da orquestra, um senhor fazia uma breve introdução do espetáculo e disse algo muito interessante: “Uma orquestra sinfônica requer de cada um o senso de unidade, de humildade e de respeito aos demais; sem isso, ela não funcionaria. Só assim para se entender músicos com décadas de estudo e que esperam boa parte do espetáculo para fazerem soar uma única nota de seu instrumento.” 
Fiquei o espetáculo todo pensando nessas palavras e que daria uma boa mensagem.

O espetáculo seguiu, durante uma hora e meia e somente depois de mais de uma hora é que vimos uma senhora, fazendo soar as notas de seu minúsculo triângulo. Perfeito! E só na última música, ouvi a mesma senhora tocar o famoso prato orquestral. 
Agora sim, tudo fazia completo sentido. O toque do prato foi no auge da música “Yerushalaim Shel Zahav” e só.

No âmbito musical, existia o solista, tocou algumas canções magistralmente junto à orquestra e ao fim, foi aplaudido, junto com todos os demais, mas o que ficou marcado na mente das pessoas não foi o solo, mas o conjunto. 

Nós todos devemos fazer com que nossa comunidade seja como uma orquestra. Há instrumentos de sopro, cordas, percussão, etc... mas no fim, o que vale é a música. Ninguém deve se sentir maior, o mais importante, o único, mas pelo contrário, todos devemos dar espaço para que unidos, façamos nossa canção ecoar em todo o mundo. 

O Rei Saul ficou incomodado porque as pessoas cantavam letras exaltando a Davi. Mas Davi não era um solista, ele gostava de estar no meio de seu povo, dançando junto, cantando, e mesmo nas vitórias, ele as compartilhava, não queria a exclusividade do brilho pessoal. 

O que seria do artista se não fosse o público? O que seria do solista se não fosse a orquestra que o acompanha? O que seria do pastor se não fosse o rebanho? O que seria do pregador se não fosse os atentos ouvintes, prontos a mudarem de vida através da palavra de um homem? E o pregador bom não é aquele que fala de si mesmo, mas fala da salvação, do Mashiach, porque como diz certo texto: “É necessário que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30) 

Nossa pregação é mais bonita quando somos um; nossos rostos brilham mais quando vemos em nós refletido o brilho do próximo. 

Não, não quero ser um solista, não quero a fama pessoal, pois de que me adiantaria isso se eu não fosse capaz de ajudar o próximo, de dar espaço a ele, de estender a mão?

Certa vez uma mãe chegou a Yeshua e disse: “Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu Reino.”  (Mt 20:21)
De onde vem tanta vontade de ser o mais proeminente? Querer lugar de destaque... e também foi dito no Talmude: “Aquele que quer muita celebridade, perde a que já possui.” 

Eu não vim a este mundo para ser o primeiro, o número um, o maioral. Vim para ser um colaborador no Reino. Se eu tenho o privilégio de falar, de ser um pregador, não é porque eu sou o bom, mas é porque o Eterno, em Sua misericórdia, me concedeu tal dom. Mas se por outro lado, eu quero fazer todas as prédicas pra exibir o meu vasto conhecimento, isso se tornará cansativo e logo as pessoas perderão o seu entusiasmo comigo. 

É preciso sermos humildes, e não importa quantos anos de estudo tenhamos em nossos instrumentos, o que vale é que, ainda que eu toque apenas uma nota, aquela musica em geral, fique marcada na vida de cada pessoa que a ouvir. 

Porque na orquestra, o prato pode ter  feito apenas uma nota, mas foi a nota que tornou minha noite especial. Aquela nota única foi a responsável por trazer a pessoa de Jerusalém a Curitiba, mas por outra lado foi aquela nota que tornou Yerushalaim Shel Zahav tão perfeitamente executada. 

Sejamos o prato da orquestra ou o solista, apenas saibamos que todos somos parte de um algo maior, seja ela a Música ou o Reino de Mashiach. Que Ele cresça e nós diminuamos.

Humildade sempre!

terça-feira, agosto 25, 2015

Reflexões para o dia: Elul; e até quando esperarás?


Dt 30:19-20 - Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando o SENHOR, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade...
 
 
Hoje estamos no décimo dia do mês de Elul, ou seja, um terço do último mês do nosso calendário já se passou e faltam três semanas para Rosh HaShanah (para quem não sabe, é o ano novo judaico) e faltam 30 dias para Yom Kipur (o dia do perdão, a data mais sagrada de nosso calendário). E a meditação de hoje não é sobre o dia, ou o mês que vivemos, mas sobre como vivemos.

Ontem, no início do expediente, fui surpreendido ao ver a notícia da morte repentina de um conhecido, um senhor que acompanhava as transmissões da tv israelita, e que havia falado comigo no shabat, dois dias antes. Ele vivia distante, lá no Ceará, mas nos acompanhava sempre. Não, não era membro de nossa comunidade, apenas um simpatizante pela internet.

Ontem também recebi um convite para curtir uma página de facebook. Fui ver do que se tratava e era de uma jovem, casada com um recente dissidente da CINA. Há pouco tempo atrás, essa mesma jovem usava trajes decentes, guardando certa tsiniut (discrição) mas agora posta orgulhosa fotos usando trajes no mínimo incoerentes com alguém que se diz religiosa.

É interessante observar como as pessoas vivem suas vidas despreocupadas. O Talmude diz: "Se eu não for por mim, quem será? E se não for agora, quando será?" numa clara referência de que temos que nos preocupar com nossas atitudes hoje, agora, sempre, diariamente.

Será que aquele senhor, simpatizante, sabia que iria morrer logo após o último shabat? Creio que não! Ele estava feliz, se aproximando mais a cada dia do Eterno, e de repente, um ataque cardíaco e a vida cessou. Restaram as lágrimas de parentes e amigos.

Por outro lado, pessoas se afastam de D-us, e tomam o caminho de viver suas aventuras, suas vidas sem o temor do Eterno. Tudo que lhes resta é correr atrás de dinheiro, porque D-us já faz parte de um passado distante. Não se trata de julgar alguém meramente por seus trajes, mas uma pessoa que em poucos meses abandona o caminho, um modo de vida e rapidamente faz questão de mostrar que "agora mudou, está melhor, mais feliz" mostra com isso também que servir ao Eterno era causa de sua infelicidade.

Elul nos faz refletir, somos realmente felizes servindo ao Eterno? ou obedecemos os mandamentos, seguimos nossos líderes apenas por medo de punição? Porque basta nos afastarmos da comunidade para mudarmos completamente nosso modo de agir. Isso mostra que aquela pessoa que frequentava a sinagoga, ou mentia para os outros, ou mentia para si mesma.

Seja como for, meus amigos, o fato é que a vida é curta demais para vivermos de fingimento; um dia estamos aqui, no outro, estamos numa sepultura.
Já não mais no shabat anunciarei o nome daquele internauta que nos acompanhava, mas nunca foi capaz de tomar a atitude de se converter, ou não teve tempo para isso.

Nós, que estamos vivos, devemos tomar isso como um sinal de alerta. Não há tempo a se perder. Se seu interesse é pelo sagrado, pela presença de D-us, faça-o agora... ninguém poderá fazê-lo por você. Por outro lado, se estar numa sinagoga é um peso em tua vida, você deve refletir se é isso mesmo que você quer.

De qualquer forma, é aí que entra o texto de Deuteronômio. O Eterno nos está propondo, a vida ou morto, a bênção e a maldição. Somos nós é quem escolhemos nosso destino. Mas se você quer uma dica, escolha a vida, para que possas viver, tu e a tua descendência, amando ao Eterno, dando ouvidos à Sua voz, seguindo a Torah, apegando-se a D-us... pois é disso que depente tua vida.
Todo o resto, bens materiais, fama, exibicionismo, superficialidade... pense nisso.

Ainda estamos em Elul, ainda é tempo de reflexão e de arrependimento. Que o toque do shofar diário nos desperte para o reencontro com D-us. Se você deu um passo errado, escolheu o caminho errado, se sente que está mais distante de D-us, arrependa-te e volte, pois como disse o salmista: "um coração contrito não o rejeitará o Eterno".

Desejo a todos uma semana de boas notícias! Shalom!

terça-feira, agosto 18, 2015

Reflexões para o dia: Elul; um gesto que salva a sua vida.CARIDADE



Lv 25:35,36,38 - Se teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então, sustentá-lo-ás. Como estrangeiro e peregrino ele viverá contigo. Não receberás dele juros nem ganho; teme, porém, ao teu Deus, para que teu irmão viva contigo... Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos dar a terra de Canaã e para ser o vosso Deus.

Elul é o mês em que nos aproveitamos da proximidade do ano novo, da presença do Eterno entre nós (leia o comentário, falando sobre o Rei estar no Campo) e devemos nos aprimorar em cada gesto, cada atitude nossa. 

No último domingo, um quadro do programa “Domingão do Faustão” chamado “Arquivo Confidencial” causou polêmica e discussão pela internet e resolvi ver do que se tratava. Ali, foi apresentado (de surpresa) um video em que um jovem ator fazia um gesto de caridade. O ator Caio Castro ficou visivelmente constrangido e insatisfeito ao ter exposto um momento em que ele dançou uma valsa com uma jovem de 15 anos, que sofria de câncer. 
É interessante que esse fato tenha ocorrido bem no começo do mês de Elul. Deve ser porque eu devia escrever sobre isso mesmo. Aí me fez refletir sobre quando fazemos coisas boas às pessoas, que tipo de recompensa buscamos. 

O sábio tsadik Yeshua ben David, disse: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mt 6:1-4)

Com justa razão o jovem ator ficou insatisfeito, pois um gesto de caridade feito em particular, foi exposto diante de milhões de pessoas. (Pouco antes, o mesmo apresentador havia chamado o jovem de irresponsável, imaturo e coisas semelhantes)
O que fazemos de bem para as pessoas deve gerar em nós um prazer íntimo e pessoal, e essa é a melhor e única recompensa que deveriamos buscar; a satisfação de haver feito algo bom por alguém. 

Não devemos fazer o bem, buscando reconhecimento alheio, e nesse caso, toda a generosidade terá perdido seu encanto, e tornar-se-á, sem valor. Como disse Yeshua, o hipócritas é que fazem assim, e na verdade, eles já receberam sua recompensa.

Em Elul, a tsedakah, a generosidade, a preocupação em fazer o bem deve aflorar ainda mais dentro de cada um de nós,  e nossos sábios dizem que a tsedakah tem o poder de nos livrar da morte.

Há um midrash acerca da filha do Rabi Akiva, dizendo que havia um relato de um astrólogo revelara ao famoso Rabi Akiva de que sua filha iria ser micada por uma cobra, quando ela se casasse e morreria na noite de núpcias.
O dia do casamento chegou, e tudo ocorreu bem, mas antes de dormir, a filha do Rabi Akiva teria pego um comprido grampo de cabelos e espetou no mural que havia atrás de sua cama. Na manhã seguinte, quando ela acordou, puxou o grampo e viu que havia uma cobra morta, perfurada por seu grampo de cabelos. 
Rabi Akiva então perguntou à sua filha: “Qual foi a boa ação que você fez para merecer este milagre?” E ela respondeu que na festa do casamento, enquanto todos se divertiam e se alegravam, ninguém notou um pobre faminto pedindo ajuda na porta. Ela mesma se levantou e deu de sua própria porção ao pobre homem.” 
Rabi Akiva exclamou: “Você fez uma grande mitsvah e pelo mérito dela foi salva.”

Caridade é diferente de tsedakah, pois um gesto de generosidade pode ser feito tanto aos pobres quanto aos ricos, desde que não vise o favorecimento pessoal através de reconhecimentos. 

Generosidade deve ser a palavra a permear nossos caminhos nestes dias. Uma mão estendida ao pobre, ao aflito, ao entristecido, ao fraco, pode representar a diferença entre a vida e a morte; entre um decreto positivo ou uma condenação diante do Eterno. 

Que tenhamos uma vida cheia de bons atos, e que sejamos selados e inscritos para um bom julgamento e um ano bom em 5776. 

Transforme suas atitudes em brachot neste mês e inspire-se para um novo ano. Porque isso é Tikun Olam! Isso é trazer o Malchut HaShamayim para perto de nós. ATITUDE!

quarta-feira, junho 24, 2015

Reflexões para o Dia - Olhos postos para cima




Sl 121:1,2 -  “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra.”

Em minha recente viagem a Israel, onde estivemos com o grupo de mulheres, durante uma das visitas ao Kotel (Muro das Lamentações) depois de minhas preces, resolvi me assentar numa das cadeiras junto ao muro para observar o vai e vem de turistas e religiosos que buscam seu encontro com D-us naquele lugar especial. 
De repente ouvi uma voz de aflição, porém forte e confiante, cantando bem lentamente: “shir lamaalot... essa eynai...” e procurei ver quem era; bem próximo a mim estava um rapaz, sozinho com seu livro de salmos cantando, e a cada frase, entremeada com longas pausas em que ele tocava o muro e olhava... eu me sentia tocado pela voz e pelas palavras do salmo.

Quantas e quantas vezes cantamos as músicas em hebraico (ou mesmo em português) e nem sequer prestamos atenção à letra? Esse salmo mesmo, já vi ser cantado centenas de vezes, em diferentes versões, mas com as mesmas palavras e de repente, um completo estranho, cantando as mesmas palavras no Kotel, me fez ver toda a beleza e sentimento que podemos ter expressando nossa confiança no Eterno. 

Não são simples palavras bonitas que farão alguém confiar ou não em D-us, mas muitas vezes vemos as pessoas cabisbaixas, sem rumo e sem confiança, sendo tomadas pelos problemas (que todos temos, mas insistimos em acreditar que os nossos problemas são maiores do que os dos outros). 

O salmo 121 começo dizendo: “Elevo os olhos aos montes.” A primeira constatação óbvia é de que não se pode olhar para o alto de uma montanha estando com a cabeça baixa. É preciso olhar pra cima. 
Ainda que você tenha dúvidas na sua cabeça, porque na sequência, o salmo diz: “De onde me virá o socorro?” O primeiro passo é olhar pra cima, ainda que você não tenha plena certeza de que receberá alguma resposta às suas preces. 

Na vida, temos sempre duas opções, dois caminhos: o da luta, da vitória, da confiança, e o da entrega, da derrota, da fraqueza. Quem fica sempre com cabeça baixa, vai perdendo as forças dia-a-dia, e no fim, colocará a culpa em D-us (que vê o seu sofrimento e não faz nada) ou em outros, mas nunca em si mesmo. É sempre tempo de erguer os olhos aos montes...

Uma vez olhando pra cima, no topo das montanhas, encontraremos a confiança e encontraremos ao Eterno. Aí poderemos dizer: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.”
Não precisamos encontrar saídas mirabolantes para nossos dilemas da vida, precisamos de respostas simples e a mais simples tem apenas quatro letras: “iod, hey, vav, hey” pelo tetragrama, ou simplesmente DEUS, em português. Ele é nosso socorro bem presente nos momentos de angústia. (Sl 46:1)
Mas claro, o verso também ressalta que nosso socorro não vem de um deus qualquer, de ídolos de madeira, mas do único D-us criador do céu, da terra e de tudo que há neles. É esse D-us que não deixará vacilar o teu pé, pois Ele que nos guarda, não dormirá, nem pestanejará, ou seja, nem piscará com o menor sinal de sono, de relaxamento. Ele cuida de nós a cada instante. 

O salmo diz que o sol não te molestará de dia e nem a lua de noite, e por aí, o que mais se vê é pessoas reclamando do sol (do calor) e muitos dizem: “que lua hoje!” um sol para cada um, etc... incomodados com o calor do sol. 
Quem crê no Eterno, quem tem os olhos voltados para cima, não está preocupado com o calor ou o frio, com o sol ou a lua, não se incomoda com essas coisas, mas trabalha buscando seus objetivos. 

E o salmo conclui com: “O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.” Quem confia no Eterno, quem tem nEle o seu socorro, estará sempre seguro e tranquilo. Não importa onde eu entre, ou o momento que eu saia, estou protegido, pois Ele guarda minha entrada e saída.

O salmo 20:7 diz: “Uns confiam em carros, e outros, em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR, nosso Deus.”

Essa foi uma grande injeção de ânimo em minha vida, uma lição que revi através da prece de um homem no Kotel. Erga teus olhos na direção dos montes e encontre também as respostas para suas aflições do dia-a-dia. 

Quem sabe em breve tenhamos a oportunidade de estarmos juntos, no Kotel, rezando e encontrando alívio de nossas angústias lá em Jerusalém, na Casa do Eterno. 

sexta-feira, junho 19, 2015

Reflexão: Israel só para mulheres!


Pv 31:30- “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada.”

Depois de onze dias em viagem só com um pequeno grupo de mulheres pela Terra Santa de Israel, ao retornar, sempre é tempo de reflexão sobre o que deu certo e o que deu errado.

Em primeiro lugar devo dizer que ir a Israel é uma mitsva, um mandamento, e cumprir a peregrinação é também realizar um sonho para muita gente. Sonho que sempre valerá a pena!

O que deu errado? Nada, absolutamente nada. A viagem foi perfeita, os dias de calor, com as noites com o frio tradicional noturno de Jerusalém, a ida ao festival de luzes, os passeios, etc... enfim, tudo deu certo. 

De todas as viagens, posso constatar algo importante: não há empecilhos para quem realmente quer ir. Nesse grupo tive a oportunidade de trabalhar com os dois extremos. Levei a senhora Denis Carraro, de 76 anos, e a pequena Aidel Angélica, de um ano e meio. Ambas suportaram todos os passeios, as caminhadas, o calor, o frio, e sempre tinham um sorriso no rosto. Cansaço? Claro, todos sentimos, mas elas mostraram que é possivel.

Ter trabalhado só com mulheres nesse grupo foi um privilégio, pois atender às necessidades de cada uma não é tarefa das mais fáceis. 
Lá tivemos a Manoela, psicóloga, fazendo doutorado e morando em Cambrigde, na Inglaterra. Sedenta por conhecimento, queria muitas informações, mas sempre absorvendo o máximo de cada passeio, pôde experimentar desde andar sobre o camelo até assentar-se na cadeira de um deputado no parlamento de Israel, o Knesset.
A Mirian, que quase não foi, devido a alguns problemas, foi uma senhora companheira e falante, também professora sempre fala né? Outra que suportou bem os passeios e compartilhou seu conhecimento com as demais, durante a visita ao templo bahai, em Haifa. 
A Claudete, também de Joinville, super companhia e ajudante nas horas de carregar a pequena Aidel no colo; se dizia toda atrapalhada, mas foi bem a viagem toda, apesar de termos que lidar com papelada, carrega passaporte pra lá e pra cá, papel de permissão de entrada em Israel, passagens... até eu me confundo tem hora. Só não quis subir no camelo, mas de resto, fez tudo.
Claro, ainda tivemos a Eliana, minha esposa, que ajudava a todas com as fotos, ajudava a compartilhar com os parentes que ficaram no Brasil, falava com todo mundo, e claro, se emocionava e chorava junto com elas nos momentos da peregrinação. 

Jerusalém é sempre mágica, especial, e pudemos desfrutar de vários lugares, como os Túneis do Muro, o Monte das Oliveiras, o Knesset, o Museu do holocausto, que foi um lugar especialíssimo, onde passamos nossa manhã e metade da tarde da sexta-feira. 
Tivemos ainda a palestra com o Ariel Klimer, em Tiberiades, no Hotel Museu Dona Gracia. Foram duas horas de conversa e emoção, sempre com lágrimas nos olhos, como é próprio das mulheres. O ensino foi muito produtivo em todos lugares, mas ali, as lágrimas rolaram soltas para todas elas. 

O texto de provérbios 31:30 fala da mulher que será louvada: aquela que teme ao Senhor... Isso não deve ser apenas de palavras, mas de coração, de devoção, de entendimento. Foi isso que essas valorosas mulheres buscaram nessa peregrinação especial pela Terra Santa, e acredito que pudemos proporcionar a elas momentos inesquecíveis. 

Vem aí, no ano que vem, a segunda caravana só para mulheres, e esperamos que possa ser também recheada de momentos especiais vividos por aquelas que tem o coração tocado pelo amor e temor ao Eterno. 

Valeu muito a pena, sempre valerá a pena ir a Israel. E como diz o salmista: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR. Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém!...Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti! Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o teu bem.”(Sl 122)

*** Se você quiser participar da proxima viagem exclusiva só para mulheres, entre em contato e comece desde já a vivenciar esses momentos de santidade, desde a preparação até o encontro pessoal com Deus, lá, em Jerusalém.

Leshana Rabá beYerushalayim! No Ano que vem em Jerusalém!