quarta-feira, abril 27, 2016

Sefirat HaOmer e Bondade sincera



A contagem do Omer é algo interessante. A Torah nos ordena: 
Lv 23:15-16 Depois, para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; 

Quando celebramos  o Pessach, começamos a contar a partir do sábado os dias, até chegarmos no dia cinquenta, e celebramos aí a festa de Shavuot. É uma mitsva contar os dias e o fazemos sempre ao anoitecer: hoje é dia 1, hoje é dia 2 da contagem, dia 3 da contagem,... até o dia 50. 
Parece algo simples e meio que sem propósito, mas aí que está, tudo na vida tem um propósito; é a gente que não sabe encontrar a razão. 

Nas várias linhas do judaísmo, a cada semana se atribui algo a ser aperfeiçoado em nosso caráter. Já falei a respeito antes, mas vale sempre lembrar:
• Semana 1 - Chessed - bondade, benevolência
• Semana 2 - Guevurá - justiça, disciplina, moderação, reverência
• Semana 3 - Tiferet - beleza e harmonia; compaixão
• Semana 4 - Netzach - resistência; firmeza; ambição
• Semana 5 - Hod - humildade, esplendor
• Semana 6 - Yesod - vínculo, princípio
• Semana 7 - Malchut - nobreza, soberania, liderança.

Como estamos no dia 4 da contagem, é preciso buscar aperfeiçoar nossos atos de bondade. Mas o que é ser bom?
Pergunta simples, mas difícil, cada um tem sua própria resposta. Como somos discípulos de Yeshua, é sempre prudente analisar aquilo que Ele, nosso Mashiach, nos ensinou, então vejamos:
O texto de Lucas 18:18-23 traz o relato do jovem rico que queria herdar a vida eterna. E ele chama a Yeshua de bom mestre. E a resposta que ouviu: “Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.”
Aí  o jovem rico diz, de certo orgulhoso e feliz: “eu já faço isso faz tempo.”  E, de novo Yeshua lhe fala: “Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.” 
Então o jovem ficou triste, porque ele era rico.

O que tudo isso tem a ver com ser bom, com a contagem do omer, com chessed, com herdar o reino? 
Tem a ver amigos, que não basta a gente falar que cumpre os mandamentos, tem que ter algo a mais, se realmente queremos herdar o reino. Alguns dizem que com dinheiro tudo fica fácil... e vemos nesse texto que não é tão simples assim. A vida não gira em torno do dinheiro, mas de nossas atitudes e de nosso coração. 

O conselho para o Chessed de hoje está relacionado com tolerância no amar, na bondade. 
É fácil ser bom, ajudar, estender a mão e amar as pessoas que nos amam, que se dedicam a nós. Difícil é ser bom, amar, quando essas pessoas já não nos podem trazer grandes benefícios. De novo, nosso Mashiach diz: 
Mt 5:46-48 Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?  E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
Devemos nos perguntar se nosso amor, nossa bondade é verdadeira. Sou bom mesmo com aqueles que não me são úteis? Sou generoso mesmo com aqueles que me querem mal? 

O profeta Miquéias, falando em nome do Eterno nos diz: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” (Mq 6:8)

É ótimo ajudarmos as pessoas que amamos, mas ajudar quem não pode trazer benefícios é excelente. 

Agora deixa eu dar um testemunho simples: 
Semana passada, a gente estava aqui na maior correria na sinagoga, preparando para o Seder de Pessach, e aí alguém me manda uma mensagem de celular mais ou menos assim: “Rosh, estou chegando na rodoviária de Curitiba, com duas crianças, e algumas malas e me perdi do chaver que viria conosco, pois ele se atrasou e acabou perdendo o ônibus. Alguém pode me buscar na rodoviária?” 
Alguém pode pensar: “Puxa, a pessoa viaja com duas crianças, bolsas, e não sabe pegar um taxi?” Ou “sempre tem os folgados que avisam só quando estão chegando na rodoviária e aí a gente que se vire pra ajudar.” Enfim, cada um pode pensar como quiser... mas o que profeta Miquéias disse é que devemos amar ser bons; portanto, não podemos perder a oportunidade de ajudar alguém, porque amamos fazer isso. Quanto mais difícil a situação, melhor!
Lá fui eu, peguei a kombi e fui buscar a chaverah com seus filhos. Viemos para a CINA conversando bastante e eles participaram do Pessach conosco. (Ah, o chaver que perdeu o ônibus também veio, chegou atrasado, mas conseguiu vir) Aí, passaram o shabat conosco, e foram embora na manhã do domingo. 


Quando chego para trabalhar na manhã da segunda, tinha um recadinho num guardanapo. Recadinho de agradecimento (não a mim, mas a toda a nossa kehilah)... e é por coisas assim que devemos amar ser bons. Pequenos gestos de bondade diários fazem nossos dias melhores. 
E se a pessoa não agradecer? Bom, não fazemos em busca de agradecimentos, fazemos porque o que o Eterno quer de nós? Que pratiquemos a justiça, amemos a beneficência e sejamos humildes...
Boa contagem do omer a todos...
(*** hoje de noite, iniciaremos o dia 5 da contagem do omer)

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