segunda-feira, abril 15, 2013
Nem tudo são flores! Às vezes, lágrimas insistem em descer pelos olhos...
Nessa segunda-feira, nosso último dia em Jerusalém amanheceu com muito sol e calor. Não dormi direito, atormentado por um sonho, ou melhor, pesadelo bem desagradável. Despertei com as risadas de meus companheiros de quarto, que acordaram com disposição.
Hoje levante disposto a ir logo cedo ao Kotel, sozinho, pra um reencontro com o Eterno. Pra tentar ouvir Sua voz, aquietar meu coração, pois uma série de coisas me atormentam. Apesar da felicidade por estar em Jerusalém, e de saber que muitas das preces que coloquei no muro, diante dEle, já foram ou serão atendidas, eu precisava de um tempo sozinho.
Não é fácil a saudade da família, da esposa, dos filhos, de quem eu sei que realmente me ama, e de alguns amigos que são como irmãos. Por outro lado, não é fácil sentir-se abandonado, sem apoio e ser ignorado, apesar de todo o esforço.
Pouco antes de chegar no Muro, dou de cara com um rosto conhecido, um senhor que já fora membro da CINA, Mordechai, que vivia no Rio de Janeiro. Não falei com ele, estava ocupado acompanhando o grupo.
Cheguei ao Kotel, disposto mais a ouvir do que a falar. Logo de cara, presenciei um bar mitsva e mulheres que se aglomeravam do lado feminino para acompanhar a cerimônia do filho, sobrinho, irmão, amigo e logo elas jogavam suas balinhas na direção do jovem que acabara de ler a Torah pela primeira vez no Kotel.
Depois, fui na parte interna, pois o calor do sol me castigava lá fora. Lá, poucas pessoas rezavam e eu pude escolher um bom lugar junto ao muro. Rezei, pranteei, e é engraçado como em certos momentos faltam as palavras, e tudo que se pode dizer é: “Senhor, Tu sabes o que se passa no meu coração, me ajuda!”
Ao sair, sou abordado por um senhor, magro, simples, peots grandes, Moshe Cohen, que me chama e diz:
- Ei, Tsadik, sinto que precisa de uma brachá, está com semblante triste. Ani Cohen, (eu sou um cohen) posso fazer uma brachá sobre voce?
Sei como é no Kotel, muitos fazem a brachá e depois pedem tsedakah, e entao respondi: “Não posso, não tenho dinheiro para tsedakah”. E logo veio a resposta:
- Eu não quero sua tsedakah, quero te abençoar tsadik!
Então deixei, ele fez a brachá, perguntou o nome de meus filhos, e pronunciou as palavras sobre minha cabeça. Ao me despedir dele, agradeci e já caminhava quando ele grita:
- Ei, Moshe, ergue a cabeça e sorria, não fique triste!
Minha vontade era de dizer: “lamento, mas hoje não consigo sorrir” mas, meio sem graça, sorri, e logo em seguida, soou a sirene para um minuto de silêncio e, parado, lamentei a morte dos valorosos soldados anônimos israelitas que lutaram por um povo livre.
Voltei para o hotel, e procurei algum salmo que expressasse o que sinto em meu coração hoje; Tomo as palavras do poeta e salmista e quero compartilhar aqui com amigos:
“Ao SENHOR ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao SENHOR. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação. Quando dentro de mim me esmorece o espírito, conheces a minha vereda. No caminho em que ando, me ocultam armadilha.
Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse.
A ti clamo, SENHOR, e digo: tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes. Atende o meu clamor, pois me vejo muito fraco. Livra-me dos meus perseguidores, porque são mais fortes do que eu. Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao teu nome; os justos me rodearão, quando me fizeres esse bem...
...dentro de mim esmorece o meu espírito, e o coração se vê turbado. Lembro-me dos dias de outrora, penso em todos os teus feitos e considero nas obras das tuas mãos. A ti levanto as mãos; a minha alma anseia por ti, como terra sedenta.
Dá-te pressa, SENHOR, em responder-me; o espírito me desfalece; não me escondas a tua face, para que eu não me torne como os que baixam à cova. Faze-me ouvir, pela manhã, da tua graça, pois em ti confio; mostra-me o caminho por onde devo andar, porque a ti elevo a minha alma.” (Sl 142 e 143)
Concluo com as palavras de uma canção que amo e sempre dedico à minha amada esposa: “depois de tanto caminhar, depois de quase desistir, os mesmos pés cansados voltam pra você...”
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