Tg 4:9-11 “Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará. Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.”
Um dos itens mais conhecidos da festa de Pessach é a matsá, ou pão ázimo, o pão sem fermento e que traz consigo mais do que uma mera simbologia, mas grandes ensinamentos que devem ser praticados ao longo do ano, durante toda a vida e não apenas na festa. Isso explica o motivo pelo qual a meditação de hoje é baseada no texto de Tiago 4, que não fala especificamente da festa de Pessach, mas de nossas atitudes.
A matsá é conhecida também como o pão da miséria, e a Torá a ela se refere como “lechem oni”, o pão da aflição. Quando comemos matsá, não é apenas do fermento que nos libertamos, que sempre traz a analogia da lashon hará, da maledicência, mas também tem o sentido de nos libertarmos de sentimentos de grandeza, de orgulho próprio, de nos acharmos melhores do que os demais, e porque não dizer, também lembrarmos de que um dia éramos escravos, pobres, miseráveis, e hoje somos livres para servir ao Eterno, mas não livres para oprimir, maldizer e humilhar pessoas. E aí que entra o texto de Tiago. Ele diz: “Humilhem-se diante do Senhor, e ele os colocará numa posição de honra. Meus irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala mal do seu irmão ou o julga está falando mal da lei e julgando-a.”
O apóstolo nos incita a sentirmos nossas próprias misérias. Falar mal dos outros é fácil, difícil é sentir as próprias misérias; difícil é reconhecer nossos próprios erros.
Você já foi punido? Eu já! Já passei por período de castigo e dor, e sei que é difícil suportar a punição, mas há o texto que diz: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija?” (Hb 12:5-7)
Quando nos revoltamos contra o castigo, nos sentimos superiores, ou aproveitamos para apontar erros alheios, é sinal de que não somos capazes de “sentir nossa miséria” e se não o somos, porque comemos a matsá? Porque celebramos Pessach?
Pessach é a festa da libertação dos filhos de Israel da escravidão no Egito, mas é também a festa da humildade, quando comemos ervas amargas, pão da miséria, o charosset (que nos lembra os tijolos fabricados pelos escravos no Egito) e tudo isso pra que? Pra lembrarmos que fomos escravos, e que não podemos tratar as pessoas da forma como os israelitas eram tratados no antigo Egito. A Torah fala em Êx 23:9 para não oprimirmos ao estrangeiro, porque fomos estrangeiros no Egito... ou seja, não faça aos outros, aquilo que não quer que façam contigo (e você já sofreu isso, não faça os outros sofrerem).
Se hoje temos o delicioso pão francês ou caseiro sobre a mesa todos os dias, Pessach está aí para nos lembrar dos momentos difíceis, das lutas, e sim, claro, das vitórias que o Eterno nos concede. Mas lembremo-nos sempre da humildade.
E por falar em humildade, durante seu último Pessach, nosso Mestre Yeshua, em seu último Pessach, lavou os pés dos seus discípulos, num claro ensino sobre a humildade. (o lava-pés fica para uma próxima meditação)
Então gente, ao receber sua caixa de matsá ou ao produzir seu próprio pão da miséria, antes de comer, vamos nos lembrar e sentir nossas misérias, converter nossa alegria em pranto, e nos humilhar diante do Eterno... e chega de falar da vida alheia, porque isso não passa de orgulho pessoal e fermento demais, e é tempo de limparmos nossa casa (nossa vida) do fermento, antes que levede toda a massa.
***Ps.: Se você ainda não tem uma hagadah de Pessach, solicite a mim que eu envio o arquivo por e-mail ou facebook, para que você possa imprimir.
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