Sempre fui muito a favor de respeitar o tempo necessário nas mais diversas situações, por exemplo, no processo de conversão, nunca apressei ninguém a que passasse pela tevilah, nem tampouco a tomar decisões precipitadas para depois me culpar, ou culpar a outros por estarem se apressando. Sempre apreciei as palavras de Eclesiastes, que dizem: Há tempo para todas as coisas, tempo para todo propósito debaixo dos céus (Ec 3)
Na Teshuvah não é diferente. Aprendemos devagar e sem atropelos, pois acredito que isso vai firmando nossos passos, e quem acelera demais nesses passos acaba perdendo lições importantes e que lá no futuro irão fazer falta.
Estamos no mês de Elul, mês de reflexão, de arrependimento, de teshuvah, de toque de shofar diário, etc...e no último shabat falei brevemente sobre as rezas, sobre as selichot, o tachanun, vidui, que são orações que tomam significado grande durante esses dias, onde confessamos nossos pecados e buscamos uma comunhão maior com o Eterno.
Não posso exigir que todos saibam e rezem "como perfeitos judeus" mas posso dizer: "abra seu sidur na página 78 e 79 e medite nessas preces" Em Elul é costume que diariamente as recitemos e mencionemos os Treze Atributos Divinos. Então, depois tocamos o shofar.
Aí alguém pode dizer: "mas no sidur está escrito que quem reza sozinho não deve declamar os Treze Atributos." E agora?
Bom, mas também o Tachanun não se resume ao escrito na página 78, e aí? A verdade é para quem não conhece muita coisa, as primeiras preces do Tachanun já são súplicas suficientes na busca pelo arrependimento e reflexão nesse período pré-Yom Kipur.
Não se preocupe como fato de não fazer todas as rezas por completo. O que vale agora não é a quantidade de orações, mas sim, a qualidade delas, a devocão e o impacto que isso causa em nosso interior.
A seguir, quero apenas colocar algumas das belas frases do Tachanun, mas que só possuem valor se vierem carregadas de cavanah, de devoção e de arrependimento:
"Sabemos, ó Eterno que pecamos e que nada mais existe que nos defenda senão o Teu Grande Nome, que nos protege na hora da angústia. Sabemos que carecemos de boas ações; faze conosco justiça por amor do Teu Nome! Assim como um pai tem compaixão de seus filhos, tenha compaixão de nós, ó Eterno!"
"Protege, Eterno, o Teu povo, e salva-nos da Tua cólera; afasta de nós a ferida da epidemia e dos duros decretos, pois Tu és o Guardião de Israel. De Ti, Eterno, provém a justiça; de nós, o rubor da vergonha. Do que podemos queixar-nos? O que temos a falar? O que temos a dizer? Como nos justificarmos? Procuraremos nossos caminhos e averiguaremos, e voltaremos a Ti, pois Tua mão direita está sempre estendida para receber os que retornam."
"Não existe como Tu, Eterno, nosso Deus, cheio de graça e misericórdia. Não existe como Tu, Deus tolerante e abundante em benignidade e verdade. Salva-nos e tem piedade de nós! Salva-nos dos percalços e da raiva! Lembra-Te de Teus servos Abraão, Isaac e Jacob; não olhes para a nossa teimosia, nossa maldade e nossos pecados..."
Se o escrito acima se tornarem para nós mais do que belas palavras, mas um sincero arrependimento, então esse Elul já terá valido a pena, esse shofar será para nós um despertar para uma vida nova, e que 5774 seja um ano cheio de graça, misericórdia e paz para nós e nossos filhos.
Faça soar o seu shofar, pois o Rei está no Campo!!