Há pouco tempo foi inaugurado o
mikvê em nossa Beit Sede, em Curitiba, o que certamente representa mais um
avanço de nossa teshuvah. Também por conta disso, fui ler e reler alguns livros
para que pudessemos publicar um caderno de lições sobre o assunto e sua grande
importância para o modo de vida dentro da fé judaica.
Já estava escrevendo quando a
nossa Diretoria optou por não mais publicar o caderno de lições e substitui-lo
por videos do programa Or Teshuvah, que obviamente também traz muitos
ensinamentos importantes. Como aprender nunca é demais e como eu já havia
escrito algumas lições, acho que é bom publicar aqui, já que não mais teremos
as liçoes. Publicando aqui, e compartilhando nos facebooks, o aprendizado pode
chegar a todos os membros também.
As lições são um pouco do que
aprendi com livros como:
- "A distância que nos une -
Leis de Pureza Familiar
- O Segredo da Feminilidade
Judaica
- Kitsur Taharat - Resumo das
Leis de Pureza Familiar
- As Águas do Eden
- To Become One (em inglês)
e além desses, alguns outros
comentários rabínicos que li, e que me ajudaram a compreender um pouco mais das
mitsvot relativas ao mikvê e sua importância no âmbito familiar.
Aos membros e líderes da CINA, se
julgarem importante, fiquem a vontade para copiarem, imprimirem e estudarem
juntos em suas kehilot, em horários que acharem de melhor proveito para o
crescimento espiritual da Kehilah. Como verão, o texto segue no antigo formato
das lições.
LIÇÃO 01 - O HOMEM NA
CRIAÇÃO
VERSO TEMÁTICO: “Contudo,
pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste. Fazes
com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de
seus pés.” (Salmo 8:5,6)
INTRODUÇÃO:
Para que possamos compreender
melhor as funções de um mikvê, nosso tema central deste trimestre, se faz
necessário primordialmente saber que tudo que existe, inclusive as águas
de um mikvê foram criadas para o benefício do ser humano.
Quando, na criação o Eterno criou
o Eden, colocando cada coisa em seu lugar, rios, peixes, animais, árvores, tudo
foi feito pensando no homem, cuidadosamente formado pelas mãos do Eterno,
soprando nele o fôlego de vida. (Gn 2:7-10)
Como A Torah afirma que “eis que
tudo era muito bom” a cada ato da criação divina, então devemos aceitar que o
homem era perfeito e vivia em perfeita harmonia com o ambiente e o Criador e
que não havia nele a inclinação para o mal e o pecado. Havia nele a
possibilidade da vida eterna, numa relação de crescimento espiritual e
intimidade com o Criador.
Com o evento da serpente e a
tentação, o homem, fazendo uso de seu livre arbítrio transformou sua relação
com o Eterno e a perfeição do Jardim já não era mais como antes.
QUESTIONÁRIO
1. Que lições aprendemos com o
pecado do homem?
A perfeição que havia no Eden sem
o pecado havia sido perdida por conta da desobedência do homem. Como o mundo
inteiro houvera sido criado em favor do homem, quando ele caiu, provocou
juntamente também a queda do mundo todo, e o mal já não mais estaria
concentrado “na serpente” mas acabara por contaminar toda a criação. “Pelo que,
como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também
a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.” (Rm 5:12)
A própria reação de Adam, que
antes não se envergonhava por estar nu, tendo que fazer vestimentas com folhas
de figueira para cobrir suas “vergonhas” já demonstra que ele sentiu o peso
do pecado. A seguir, de imediato a Torah diz: “E ouviram a voz do SENHOR Deus,
que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da
presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.” (Gn 3:8)
Nosso sábios afirmam: “Um pecado
sempre tem como consequência outro pecado. A recompensa duma boa obra está na
própria boa obra realizada. A consequência dum pecado é sempre outro pecado.”
Se seguimos o relato do pecado de
nossos pais, vemos que outros erros se seguem logo após. (Gn 3:1-13)
• envergonhar-se. O que peca,
sente vergonha em sua consiência.
• esconder-se. Quem faz algo
errado, logo procura ocultar o erro, e se esconde.
• fugir da culpa. Assim como
Adam, o pecador sempre procura culpar alguém por seus próprios erros. Eva fez o
mesmo, mas a serpente não tinha a quem culpar.
2. E quais as consequências
recaíram sobre a Criação?
“À mulher disse: Multiplicarei
sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos;
o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto
que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não
comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento
durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu
comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à
terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.” (Gn 3:16-19)
Mas o maior castigo foi: “o Senhor D-us, pois, o lançou fora do jardim do
Eden...e havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do
Eden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da
árvore da vida.” (Gn 3:23, 24)
3. Por que foi necessário
que o homem fosse retirado do Jardim do Eden? Que isso representa?
Como
dito anteriormente, na criação tudo era perfeito e não havia espaço para
sujeira ou coisas erradas, e ao perder o acesso ao Jardim do Eden, o homem se
distancia de tudo que era puro e perfeito, seja no modo de vida, na sua relação
com toda a criação ou na sua relação com o Eterno. Como disse o profeta
Ezequiel: “para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se
contamine com todas as suas transgressões.” (Ez 14:11) Numa outra versão do
mesmo texto, é dito: “já não se sujarão através de seus pecados.” ou seja, o
pecado sujaria, contaminaria o Eden e como o que é perfeito não se pode
contaminar.
4. De que maneira o homem poderia
voltar a se aproximar do Eterno e do puro, estando ele manchado pelo pecado?
Para reestabelecer sua relação
com o Eterno o homem precisava passar por um processo de limpeza e purificação,
e então se reconectar com o Eden.
“O Talmude diz que toda a água do
mundo tem sua raiz no rio que brotou no Eden. Num certo sentido, este rio é a
fonte espiritual de toda a água. Mesmo que uma pessoa não possa entrar no
próprio Jardim do Eden, sempre que se associa com esses rios - ou com qualquer
outra água - ele está restabelecendo sua ligação com o Eden... Isso também
explica por que o micvê tem de estar vnculado à água natural.” (Äguas do Eden,
pg 58)
Com isso, começamos a entender a
importância de um mikvê no processo de nossa re-conexão com o Eterno.
EM BREVE POSTAREI A LIÇÃO DOIS: MIKVÊ E SUA IMPORTÂNCIA
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