segunda-feira, junho 10, 2013

Mikvê, era pra ser um caderno de lições, mas agora virou post...



Há pouco tempo foi inaugurado o mikvê em nossa Beit Sede, em Curitiba, o que certamente representa mais um avanço de nossa teshuvah. Também por conta disso, fui ler e reler alguns livros para que pudessemos publicar um caderno de lições sobre o assunto e sua grande importância para o modo de vida dentro da fé judaica. 

Já estava escrevendo quando a nossa Diretoria optou por não mais publicar o caderno de lições e substitui-lo por videos do programa Or Teshuvah, que obviamente também traz muitos ensinamentos importantes. Como aprender nunca é demais e como eu já havia escrito algumas lições, acho que é bom publicar aqui, já que não mais teremos as liçoes. Publicando aqui, e compartilhando nos facebooks, o aprendizado pode chegar a todos os membros também. 

As lições são um pouco do que aprendi com livros como:
- "A distância que nos une - Leis de Pureza Familiar
- O Segredo da Feminilidade Judaica
- Kitsur Taharat - Resumo das Leis de Pureza Familiar
- As Águas do Eden
- To Become One (em inglês)
e além desses, alguns outros comentários rabínicos que li, e que me ajudaram a compreender um pouco mais das mitsvot relativas ao mikvê e sua importância no âmbito familiar.

Aos membros e líderes da CINA, se julgarem importante, fiquem a vontade para copiarem, imprimirem e estudarem juntos em suas kehilot, em horários que acharem de melhor proveito para o crescimento espiritual da Kehilah. Como verão, o texto segue no antigo formato das lições.

 LIÇÃO 01 - O HOMEM NA CRIAÇÃO

VERSO TEMÁTICO: “Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.” (Salmo 8:5,6)

INTRODUÇÃO: 
Para que possamos compreender melhor as funções de um mikvê, nosso tema central deste trimestre, se faz necessário primordialmente saber que  tudo que existe, inclusive as águas de um mikvê foram criadas para o benefício do ser humano. 
Quando, na criação o Eterno criou o Eden, colocando cada coisa em seu lugar, rios, peixes, animais, árvores, tudo foi feito pensando no homem, cuidadosamente formado pelas mãos do Eterno, soprando nele o fôlego de vida. (Gn 2:7-10)
Como A Torah afirma que “eis que tudo era muito bom” a cada ato da criação divina, então devemos aceitar que o homem era perfeito e vivia em perfeita harmonia com o ambiente e o Criador e que não havia nele a inclinação para o mal e o pecado. Havia nele a possibilidade da vida eterna, numa relação de crescimento espiritual e intimidade com o Criador. 
Com o evento da serpente e a tentação, o homem, fazendo uso de seu livre arbítrio transformou sua relação com o Eterno e a perfeição do Jardim já não era mais como antes.

QUESTIONÁRIO
1. Que lições aprendemos com o pecado do homem?
A perfeição que havia no Eden sem o pecado havia sido perdida por conta da desobedência do homem. Como o mundo inteiro houvera sido criado em favor do homem, quando ele caiu, provocou juntamente também a queda do mundo todo, e o mal já não mais estaria concentrado “na serpente” mas acabara por contaminar toda a criação. “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.” (Rm 5:12)
A própria reação de Adam, que antes não se envergonhava por estar nu, tendo que fazer vestimentas com folhas de figueira para cobrir suas “vergonhas”  já demonstra que ele sentiu o peso do pecado. A seguir, de imediato a Torah diz: “E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.” (Gn 3:8)
Nosso sábios afirmam: “Um pecado sempre tem como consequência outro pecado. A recompensa duma boa obra está na própria boa obra realizada. A consequência dum pecado é sempre outro pecado.”
Se seguimos o relato do pecado de nossos pais, vemos que outros erros se seguem logo após. (Gn 3:1-13)
• envergonhar-se. O que peca, sente vergonha em sua consiência.
• esconder-se. Quem faz algo errado, logo procura ocultar o erro, e se esconde.
• fugir da culpa. Assim como Adam, o pecador sempre procura culpar alguém por seus próprios erros. Eva fez o mesmo, mas a serpente não tinha a quem culpar.

2. E quais as consequências recaíram sobre a Criação?
“À mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.” (Gn 3:16-19) Mas o maior castigo foi: “o Senhor D-us, pois, o lançou fora do jardim do Eden...e havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Eden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.” (Gn 3:23, 24)

3.  Por que foi necessário que o homem fosse retirado do Jardim do Eden? Que isso representa?
Como dito anteriormente, na criação tudo era perfeito e não havia espaço para sujeira ou coisas erradas, e ao perder o acesso ao Jardim do Eden, o homem se distancia de tudo que era puro e perfeito, seja no modo de vida, na sua relação com toda a criação ou na sua relação com o Eterno. Como disse o profeta Ezequiel: “para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas as suas transgressões.” (Ez 14:11) Numa outra versão do mesmo texto, é dito: “já não se sujarão através de seus pecados.” ou seja, o pecado sujaria, contaminaria o Eden e como o que é perfeito não se pode contaminar. 

4. De que maneira o homem poderia voltar a se aproximar do Eterno e do puro, estando ele manchado pelo pecado?
Para reestabelecer sua relação com o Eterno o homem precisava passar por um processo de limpeza e purificação, e então se reconectar com o Eden. 
“O Talmude diz que toda a água do mundo tem sua raiz no rio que brotou no Eden. Num certo sentido, este rio é a fonte espiritual de toda a água. Mesmo que uma pessoa não possa entrar no próprio Jardim do Eden, sempre que se associa com esses rios - ou com qualquer outra água - ele está restabelecendo sua ligação com o Eden... Isso também explica por que o micvê tem de estar vnculado à água natural.” (Äguas do Eden, pg 58)
Com isso, começamos a entender a importância de um mikvê no processo de nossa re-conexão com o Eterno.

EM BREVE POSTAREI A LIÇÃO DOIS: MIKVÊ E SUA IMPORTÂNCIA


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