1 Samuel 18:7, 8 - As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares. Então, Saul se indignou muito, pois estas palavras lhe desagradaram em extremo; e disse: Dez milhares deram elas a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão o reino?
Na noite passada tivemos o privilégio de assistir ao vivo a apresentação da Orquestra Sinfônica de Jerusalém; tudo muito bonito e organizado. Algo que vale a pena de se ver!
Antes de iniciar a apresentação da orquestra, um senhor fazia uma breve introdução do espetáculo e disse algo muito interessante: “Uma orquestra sinfônica requer de cada um o senso de unidade, de humildade e de respeito aos demais; sem isso, ela não funcionaria. Só assim para se entender músicos com décadas de estudo e que esperam boa parte do espetáculo para fazerem soar uma única nota de seu instrumento.”
Fiquei o espetáculo todo pensando nessas palavras e que daria uma boa mensagem.
O espetáculo seguiu, durante uma hora e meia e somente depois de mais de uma hora é que vimos uma senhora, fazendo soar as notas de seu minúsculo triângulo. Perfeito! E só na última música, ouvi a mesma senhora tocar o famoso prato orquestral.
Agora sim, tudo fazia completo sentido. O toque do prato foi no auge da música “Yerushalaim Shel Zahav” e só.
No âmbito musical, existia o solista, tocou algumas canções magistralmente junto à orquestra e ao fim, foi aplaudido, junto com todos os demais, mas o que ficou marcado na mente das pessoas não foi o solo, mas o conjunto.
Nós todos devemos fazer com que nossa comunidade seja como uma orquestra. Há instrumentos de sopro, cordas, percussão, etc... mas no fim, o que vale é a música. Ninguém deve se sentir maior, o mais importante, o único, mas pelo contrário, todos devemos dar espaço para que unidos, façamos nossa canção ecoar em todo o mundo.
O Rei Saul ficou incomodado porque as pessoas cantavam letras exaltando a Davi. Mas Davi não era um solista, ele gostava de estar no meio de seu povo, dançando junto, cantando, e mesmo nas vitórias, ele as compartilhava, não queria a exclusividade do brilho pessoal.
O que seria do artista se não fosse o público? O que seria do solista se não fosse a orquestra que o acompanha? O que seria do pastor se não fosse o rebanho? O que seria do pregador se não fosse os atentos ouvintes, prontos a mudarem de vida através da palavra de um homem? E o pregador bom não é aquele que fala de si mesmo, mas fala da salvação, do Mashiach, porque como diz certo texto: “É necessário que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30)
Nossa pregação é mais bonita quando somos um; nossos rostos brilham mais quando vemos em nós refletido o brilho do próximo.
Não, não quero ser um solista, não quero a fama pessoal, pois de que me adiantaria isso se eu não fosse capaz de ajudar o próximo, de dar espaço a ele, de estender a mão?
Certa vez uma mãe chegou a Yeshua e disse: “Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu Reino.” (Mt 20:21)
De onde vem tanta vontade de ser o mais proeminente? Querer lugar de destaque... e também foi dito no Talmude: “Aquele que quer muita celebridade, perde a que já possui.”
Eu não vim a este mundo para ser o primeiro, o número um, o maioral. Vim para ser um colaborador no Reino. Se eu tenho o privilégio de falar, de ser um pregador, não é porque eu sou o bom, mas é porque o Eterno, em Sua misericórdia, me concedeu tal dom. Mas se por outro lado, eu quero fazer todas as prédicas pra exibir o meu vasto conhecimento, isso se tornará cansativo e logo as pessoas perderão o seu entusiasmo comigo.
É preciso sermos humildes, e não importa quantos anos de estudo tenhamos em nossos instrumentos, o que vale é que, ainda que eu toque apenas uma nota, aquela musica em geral, fique marcada na vida de cada pessoa que a ouvir.
Porque na orquestra, o prato pode ter feito apenas uma nota, mas foi a nota que tornou minha noite especial. Aquela nota única foi a responsável por trazer a pessoa de Jerusalém a Curitiba, mas por outra lado foi aquela nota que tornou Yerushalaim Shel Zahav tão perfeitamente executada.
Sejamos o prato da orquestra ou o solista, apenas saibamos que todos somos parte de um algo maior, seja ela a Música ou o Reino de Mashiach. Que Ele cresça e nós diminuamos.
Humildade sempre!