segunda-feira, fevereiro 04, 2013
Bar Mistvah do Abel
Dias atrás em minha kehilah eu falava sobre o "de repente". De vez em quando as pessoas se pegam falando isso. Ah, eu estava lá, fazendo tal coisa e de repente... fulano estava bem de saúde e de repente... e por aí vai. Com relação aos filhos é assim também: meu filhinho era pequeninho e "de repente deu uma esticada". Na verdade sabemos que não é bem assim; em qualquer situação as coisas vão acontecendo e só são percebidas por aqueles que estão atentos.
Nesses últimos treze anos do meu casamento com a Eliana temos experimentado o quão bom é termos filhos, dois filhos tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Ambos nascidos no dia 16 de shevat, sob a regência da parashah de Yitro, que fala dos bons conselhos do sogro Jetro a Moshê, da escolha de novos líderes, e claro, dos dez mandamentos.
Há quase um ano havia um talit todo branco guardado em nossa casa, esperando o tão almejado dia em que sairia do guarda-roupas para, como um manto, cobrir um menino, que sairia de suas peripécias infantis para a vida de um filho do mandamento (Bar Mitsvah).
Eu, como pai, vi emocionado uma cerimônia de bar mitzvah em plena Grande Sinagoga de Jerusalem, e eu mesmo já havia celebrado o debut de vários jovens na vida de responsabilidades diante do Eterno, e aguardava o meu dia, em que meu primogenito faria sua primeira leitura pública da Torah, colocaria seu primeiro tallit, faria as brachot sob olhares atentos de muitos amigos. E chegou!
No ultimo shabat, saímos todos ansiosos de casa, na expectativa. No decorrer do shacharit a ansiedade aumentava, até que finalmente abrimos nosso Aron HaKodesh, e a Torah é retirada. Pronto! Lá se foi nosso primogenito passear com ela, fazendo o cortejo do sagrado entre as pessoas, que logo, dançavam juntos, compartilhando da alegria do menino, rapaz, homem.
Lida as bênçãos, o jovem Abel surpreende fazendo a leitura cantada dos versos da parashah de Yitro. Depois, se despede de sua infância, como um goleiro, agarrando as balinhas lançadas em sua direção.
Um interval pra nos refazermos e retomamos, com ele fazendo a explanação da parashah, abordando a relação de amizade entre Yitro e Moshê e questionando aos presentes: que tipo de relação estamos construindo com as pessoas?
Ele, menino timido, se transformava lá na frente num jovem desafiador, ousado, com muitas palavras e aparentemente sem nenhum nervosismo; parecia que ele já estava habituado a isso. Boas tiradas, fazendo as pessoas rirem, e assim ele vai construindo suas relações, recheadas de amizades verdadeiras, como Jetro e Moisés, como Rute e Noemi.
Daqui a seis anos tem mais, com o bar mitzvah do Ariel, mesma parashah, mesma emoção, mesmos pais babando de orgulho, e quiçá, mesmos grandes amigos, que hoje tomam parte na nossa familia feliz!
Agradeço ao Eterno pelos filhos maravilhosos, fonte inesgotável de alegria em casa. Mesmo na difícil fase da adolescência, o Abel se mostra sempre responsável, íntegro, tocando seu instrumento na Kehilah; já não mais aquele menino que um dia tocou violino no congresso, mas agora um jovem pianista.
O Ariel, também aniversariante, nos faz a cada dia reviver a alegria de ter uma verdadeira criança em casa. Criança que já cresce, de vez em quando dando broncas nos pais, dizendo: "qual é pai, qual é mãe? vocês podem fazer isso?" e outras pérolas que vivenciamos nesse paraíso que chamamos de LAR.
** Tem muitas outras fotos no nosso facebook, mas essas são as favoritas.
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